Honra em sangue.

Miyano não reagiu com aquele comum engano. Além de estar acostumado com aquilo, não tinha ânimo nem disposição para corrigir um detalhe tão insignificante, e também, era comum que os garotos não tivessem um semblante tão masculino quando mais jovens, por isso Miyano sabia que quando estivesse na idade certa, se tornaria mais másculo, bem mais másculo. Ao menos era o que a criança esperava.

Miyano queria ser um cara grande e forte, igual os super-heróis dos quadrinhos, mas força física passava bem longe de ser seu ponto positivo. "Pelo menos alto, então", costumava se consolar, mas Miyano era poucos centímetros mais baixo que a gêmea, além dos pais também não serem altos, por isso a criança provavelmente não cresceria tanto. Mas preferia pensar que sim.

Mas, na visão de Miyano, se parecer com uma garota significava que ele parecia a Maya, o que também significava que ele era muito fofo, logo não soava tão ofensivo para ele.

Ouvindo o discurso do felino, pela primeira vez a criança pareceu disposta a trocar palavras.

- Uhm, e como posso aprender esse idioma?

*Aquele era um plano, assim ela podia simular não ouvir e de quebra não falar, e sendo eles um povo arcaico e completamente imbecil, mesmo sinais em libras que eram padrão em muitas partes da galaxia muito provavelmente não existiam ali e a maior prova disso eram as placas e sinalizações, se nem mesmo os cegos ali tem vez, imagine alguém mudo e surdo*

-Lamento te informar, mas já aconteceu, agora temos que sair do buraco, então se vai dar um jeito naquele imbecil, me consiga o rifle dele, vai ser de ótima ajuda. *Se afastou então dela e sinalizou com as mãos como se estivesse pedindo desculpa por não saber da "deficiência" dela, chegou até mesmo a levantar os palmos mostrando estar desarmado e apenas olhou para uma das torres, havia sido por pouco, aquele lugar era mesmo maldito e não via a hora de sair dele*

— Nakir rouba por encomenda. — Responde orgulhoso enquanto empina o nariz diante da pergunta de Heylel. — Você me pede, eu roubo e você me paga. É divertido! E meu tempo aqui dentrro só está melhorrando ainda mais minhas habilidades. Sabe, a maior parrte aqui trrabalha prra ganhar dinheiro, mas Nakir não gosta da construção, nem da prrodução de alimentos e nem da educação.

Tudo que ele cita é visível ao redor. A prisão funciona como uma sociedade aonde todos trabalham e nenhum prisioneiro parece estar sendo obrigado a trabalhar.

Ellorra, Miyano e Heylel Farrenrreit. — Ele parece ter dificuldade em pronunciar o nome do último pelo sotaque dos Iormashianos. — Não estamos em uma prrisão comum. Aqui, cada ano de trabalho diário reprresenta um ano a menos na sua pena. O que estamos fazendo aqui é construir a primeira grande cidade Okro a base de serviço alienígena, uma vez que os nativos contribuem tanto para as cidades dos estrangeiros. Kakhaluto é uma futura metrópole, e precisamos ajudar a erguê-la para sairmos daqui.

Ele parece ignorar a cena com a Okro enquanto dirige-se aos outros dois conforme ela acontece. Acabara de alertar sobre os perigos de se envolver com uma nativa, então sabe que pelo menos tentou avisar o ciborgue. Trabalharia para ao menos ajudar a criança.

— E o pequenininho aqui parrece muito aplicado. Existem escolas por aqui onde se aprrende a trabalhar ou a falar o idioma local.

O Okro que chama por Nelai é alto e musculoso, contanto com cicatrizes ao longo de seu corpo moldado pela batalha. É visível que é um guerreiro, e que se orgulha disso por fazer questão de deixar a mostra as marcas de suas lutas.

Completamente sozinho na torre de observação, ele lança uma pequena escada para que a Kaarteoniana suba. Sua feição parece preocupada e não maliciosa, e ainda que ela não o compreenda, ele insiste em incentivos para que ela suba. Ainda que pareça um soldado, seu medo dos alienígenas lá embaixo é evidente.

Depois que lança a escada, apressa-se para ligar um comunicador atrás de si e avisar sobre a presença de uma "irmã" dentro do território onde só deveriam haver aliens. Nesse momento, conforme mexe no dispositivo, ele vira-se de costas enquanto aguarda que Nelai se aproxime.

— O meu nome é Quatorze. — Ele responde conforme apanha um dispositivo e digita uma mensagem para deixar claro aos outros rebeldes em Tuntau que alguém chegou para auxiliá-los. — E agradeço que tenha se disponibilizado. Eu os ajudaria, mas a Gutaro já conhece o rosto dos nativos rebeldes e proíbem que nos aproximemos de Kakhaluto. Talvez não a conheçam.

No mesmo dispositivo - uma espécie de mini computador portátil em formato circular, ele abre um painel holográfico com uma espécie da maquete da prisão aonde foram enviados Heylel e Miyano.

— Kakhaluto é a maior prisão de Tuntau. Isso porque ela é para ser um vilarejo a ser construído com o trabalho escravo dos prisioneiros alienígenas. O pior de tudo é que ela está localizada numa ilhota cercada por águas ácidas naturais causadas por nossa atmosfera. — Ele explica conforme mostra o modelo da prisão. Ela de fato parece um grande vilarejo. — Você, como rebelde, deve entender o malefício que eles fizeram ao nosso povo - mas as ações da Gutaro apenas incentivam mais ódio em relação aos Okros; tudo o que queremos é o respeito e a igualdade. Têm alguma ideia de como resgatar essas pessoas?

- Acho que suas habilidades já eram boas Sr. Nakir, imagine quando sair daqui?


*Elora nunca havia tido muitos amigos antes e por esse motivo ela parecia gostar de poder ter uma conversa de certo modo normal, descobrindo as coisas da outra pessoa e ouvindo o que Nakir tinha vivido antes, o que tinha feito e as habilidades que possuía.
A atenção dela era desviada quando ocorria aquele estranho esbarrão, já que a mestiça não esperava que os Okros não fossem tão amigáveis, acabando por lançar um olhar desconfiado já que era muito boa em observar quando pessoas estavam sussurrando ou algo do tipo, tendo o costume de ser seguida por sussurros entre outros comportamentos das pessoas.
No entanto, preferia dar privacidade a Heylel e a Okra, embora ela desconfiasse de quem podia ser e o por que estariam agindo assim.
Se voltava para Nakir e Miyano, tornando a se envolver na conversa com eles.*

- Eles ensinam a língua nativa daqui? Isso parece interessante Sr. Nakir, mas só ensinam pras crianças?

Talvez Miyano pudesse aproveitar o tempo que teriam que passar ali para conseguir uma maior confiança dos Okros ao demonstrar cooperatividade e interesse em sua cultura e costumes, não exatamente por benevolência, e sim por oportunidade. Seria mais fácil se esconder se não levantasse desconfiança ou hostilidade, especialmente por que era uma criança, logo o comum era desconsiderá-lo como um alvo hostil ou perigoso.

Além disso, aprenderia sua língua, o que tornaria mais fácil obter informações daqueles ali presentes, e mesmo suas perguntas mais afiadas poderiam ser consideradas apenas como a curiosidade inconveniente de uma criança.

- Estudar pode ser considerado como cooperar com a metrópole? Eu não sou muito bom com todo o resto... - Tudo o que Miyano permitiu-se transparecer foi uma curiosidade benevolente, comum às crianças. - Mas se eu aprender, eu posso servir de tradutor para os recém-chegados!

— Bom, não vou questionar sobre o porquê disso, mas não te associarem à Ordem já é o bastante, acredito eu. — Ele comenta observando-a brevemente, para mais uma vez voltar seus olhos à planta. — Não somos muitos, infelizmente. De qualquer forma, você pode me contatar quando precisar. Só não poderei a ajudar pessoalmente, é claro.

Quatorze permanece pensativo por alguns instantes, ponderando sobre a última questão levantada pela aliada. Por fim, ele dá de ombros. Isso não realmente importa muito para ele, claramente.

— Isso fica à seu critério. A prioridade é resgatar nossos aliados, mas se quiser libertar outras pessoas, cabe a você. Isso talvez lhe dê mais trabalho, mas se conseguir finalizar a missão sem problemas, tudo bem. — Ele assegura, um pouco incerto se aquilo é realmente o ideal, mas não a atrapalhará se for seu desejo.

*Após o pedido feito para a amiga, a deixaria ir já que não podia impedir que ela fosse, afinal, ela estava como uma nativa e uma das mais chamativas, ele então não teria muita chance se continuasse a importunando, tinha que se apegar a chance de que ninguém veio tirar satisfações ou tentou atirar nele. Voltou-se então para seu grupinho ali particular onde Nakir respondia a mais algumas questões importantes*

-E você tem algum tipo de "cartão fidelidade" trabalhando apenas para uma cliente-la especifica caso ela pague bem? *Queria saber sobre, afinal, sua mestra Morgka e Nelai eram mercenárias que apenas faziam serviços pela Reconquista embora no caso de ambas foi um acordo feito por sentimento e não necessariamente por dinheiro, a mestra dado a relação esquecida com seu padrinho, Z'entrax, e ele com seu caso mal resolvido com aquela que agora seguia em sua missão secundária*

-Então esses idiotas não são tão bárbaros assim, só querem seu espaço como qualquer outro na galaxia, eu até ajudaria nesse trabalho de graça, tenho uma amiga Okro, só que não tenho tempo disponível e não foi feito um pedido formal. *Agora era só esperar seu rifle chegar, era a chance de forçar uma saida dali, só que antes precisava saber o como sair, assim seria mais simples seguir para lá sem necessariamente fazer um plano totalmente as cegas. Ouvindo Ellora e Miyano, Heylel permanecia de braços cruzados, estava bem humorado, era nitido em sua face, mas sequer sorria, como sempre*

-Vejo que as duas estão bem empolgadas com a ideia de viver aqui não é mesmo? Bem, pode ser mesmo uma boa, trabalhar e fazer parte de uma sociedade faz parte de qualquer meio civilizado, o único porém é que não temos tempo para isso, a proposito, e sua conjugue, Nakir? O que houve com ela já que você foi presso? *Por saber dos trabalhos feitos pelo lado mais emocional, o albino achou que seria correto ganhar uma certa amizade com aquele Iormashiano por mais que suas perguntas pudessem irrita-lo ou faze-lo evasivo, com o tempo isso iria melhorando tal como houve com Llyani*

— As aulas acontecem no centrro do vilarrejo, logo ali. — Ele diz enquanto aponta sua garra afiada para uma direção que leva a uma praça central. — Ensinam para qualquer um, já que prrender crrianças já não é muito comum. Vocês devem ter irritado de verdade, sim.

O Iormashiano se distrai por um tempo para observar a própria garra que acabara de apontar. É evidente que ele não bate lá muito bem da cabeça, mas parece ser um dos mais lúcidos ali.

— Ellorra, você é muito encantadora! Sabe, quando se morra num lugar como esse recheado de escrravos, é raro de se ouvir elogios. Eu posso te ensinar uma coisa ou duas sobre a arte da ladinagem, sabe? — Ele dá uma piscadela para a Zathriana. De uma hora para a outra, Nakir lembrou-se do motivo de estar preso naquele lugar: sua quedinha por mulheres de beleza exótica. — Caham, senhor Heylel do nome engrraçado. Minha amante já não é mais minha amante, crreio que encontrrei alguém mais interresante. Eu trrabalho pra quem paga, então se o valor for bom eu posso trrabalhar só para o senhor. Mas vai ter que esperar três anos; eu não prretendo tentar fugir. A prisão pode parecer pouco segura, mas é porque ela de fato não prrecisa de segurrança alguma. Estamos em uma ilha, rodeada por um rio ácido. Não têm como sair daqui.

— Então você de fato quer libertar a todos. Isso não vai ser nem um pouco fácil. — Suspira Quatorze, que não parece simpatizar tanto com alienígenas a ponto de se arriscar para acabar com Kakhaluto. — Precisaremos de uma maneira de transportar a todos para fora da ilha, ainda que os resgatemos. Não temos uma nave desse tamanho.

Ele desliza o dedo em seu bracelete e um painel de HUD se abre a sua frente, no qual ele vasculha alguns dados e verifica o status de soldados conhecidos nos arredores do porto de Bainor.

— Libertar Kakhaluto nunca esteve em nossos planos, Khty. Nem dos rebeldes e nem dos Okros que aqui vivem. — Ele começa, com um evidente pesar na voz. — Se você quer fazê-lo, irei tornar-te a comandante oficial dessa missão. A liderança fica por sua conta, e a vida dos soldados envolvidos e também dos prisioneiros, fica em suas mãos. Você está confiante o suficiente pra isso?

Miyano não tinha intenção alguma de viver lá, tampouco tempo. Seu objetivo ainda era o mesmo: Encontrar os pais, logo aquela situação era apenas um obstáculo em seu caminho.

Mas Miya entendia que hostilidade seria a pior decisão, especialmente depois de tanto tempo com Heylel, que mal podia sair da nave sem ser perseguido por policiais ou inimigos. As vezes a neutralidade era a escolha mais sábia quando se preferia fazer as coisas sem ser notado.

Miyano apenas balançou a cabeça em concordância, apesar de completamente ciente do que Heylel estava explicando, apenas seria mais fácil se pensassem que Miyano era uma criança... normal?

- às vezes aprender sobre o local em questão, pode ser bem vantajoso Heylel...

*A mestiça sorria e respondia calmamente para o aliado, enquanto ouvia o que Nakir tinha a dizer e acabando por corar um pouco ao receber o elogio, ficando um breve momento sem reação diante daquelas palavras dirigidas a ela, já que geralmente não costumava ter elogios ou coisas do tipo feitas a ela.
Pigarreava meio sem jeito e até olhava para os lados, tendo a certeza de que tinha sido com ela mesma que Nakir havia falado, garantindo que ele não tinha visto alguma outra mulher passando por ali e se confundido, usando o nome da Zathriana mesmo.*

- Eu sou? Oh.. obrigada Sr. Nakir, não costumo ouvir coisas assim sobre mim...
E o que poderia me ensinar? Seria legal aprender coisas novas!

*A mestiça parecia animada que alguém havia a elogiado e a chamado de encantadora, chegando até a sorrir novamente embora a face continuasse corada, olhando Nakir de uma maneira alegre.
Gostava de aprender coisas novas e ao ouvir que ele podia até ensiná-la, Ellora ficava curiosa sobre o que aprenderia com aquele prisioneiro, pensando que na certa ele realmente já tinha vivido e visto bastante coisas diferentes.*

- Olha que legal Heylel? Ele pode me ensinar coisas novas! Ah, Sr. Nakir, mas se a gente encontrar um jeito de sair daqui, não gostaria de vir junto?

*Ellora havia começado a simpatizar com Nakir, não só por ele fornecer informações que estavam ajudando eles a entender melhor sobre onde estavam, mas também porque ela sempre ficava feliz quando alguém conversava com ela normalmente, sem querer afastá-la ou vir com insultos ou coisa pior. Na verdade, Nakir tinha até a elogiado, então a Zathriana estava realmente o achando gentil, embora soubesse que na certa ele devia ser um pouco maluquinho, por causa dos anos que provavelmente estava preso ali.*

- Rio de ácido... hm.. é, vamos precisar pensar nos detalhes com cuidado e ter um plano B por via das dúvidas...

*Se mantendo de braços cruzados, Heylel fechava seus olhos e permanecia quieto ouvindo o que Nakir tinha a dizer e em seguida os abriu novamente mantendo o olhar estreito visualizando o Iormashiano e depois a Zathriana, ao que tudo indicava aquele "nativo" tinha uma certa fraqueza para fêmeas de raça exótica*

-As vezes não, sempre, só que nesse caso precisamos saber mais sobre o mapa do local do que toda sua demografia, a linguagem e cultura desses bárbaros é indiferente agora. *Estava ligeiramente nervoso por não ter certeza se Nelai teria sucesso no que ele havia pedido, sim, tinha que confiar nela, mas isso não o impedia de se preocupar e por isso o albino ficava batendo seu indicador no próprio braço*

-Aprender coisas novas é sempre bom, mas a custo de que? Nada nessa vida é de graça. *Desconfiava ligeiramente das intenções de Nakir, já era bem vivido então qualquer ato era de se desconfiar por mais que fosse só da malicia do mesmo para com Ellora no quesito sexual mesmo, nada demais, afinal, para uma reptiliana ela era até que bem atrativa mesmo fugindo dos padrões escamosos de sua raça com bastante evidente*

-Já volto, não se distanciem daqui, qualquer coisa é só gritar, o mesmo para você Nakir. *Então seguiu a aliada "Okro" depois de perceber seus sinais que não eram nada discretos para si. Ao chegar naquele ambiente o Kroyvisiano observou aos arredores e tendo certeza de segurança voltou a se aproximar sem tanto receio agora*

-Me diga que você prestou atenção no caminho até aqui para sabermos como voltar. *Não era o do tipo sentimental, então por mais que estivesse reencontrando alguém querido depois de tanto tempo não iria receber com abraços ou até mesmo beijos, aquele era o jeito irritante de Heylel, sempre focado em suas missões sendo uma lerdeza que só para coisas mais sentimentais*

-Você conseguiu mais rápido do que pensei, fico aliviado de ter me preocupado atoa. *Falou com alivio e a observou buscando traços de algum combate, só que como sempre na maioria das vezes ela estava bem e totalmente ilesa já que fazia o que tinha que fazer e simplesmente retornava, uma digníssima gatuna*

-A proposito, sinto muito pelas coisas terem acabado assim, eu não sabia que esses imbecis iriam danificar nossa nave nos prender porque sim, foi uma bela merda, devia ter matado eles só que tive consideração por causa de outra pessoa, tsc. *Ficou ranzinza "de uma hora para outra" ao se lembrar daquela bendita situação, sua feição era irritadiça, estava mesmo com certo rancor daquele lider e em proxima vez que o encontrasse certamente o mataria sem hesitação alguma*

— Ei. Cuidado lá fora. — Exclama Quatorze, chamando a atenção de Khty antes que ela parta. — Nós somos disputados pela Aliança e pela Reconquista porque somos uma raça forte. Ninguém pode subestimar os Okros - nem mesmo os próprios Okros. Lembre-se de carregar o orgulho de nossa raça, pois é isso que move a própria Gutaro.

Quatorze revela-se como mais um dos que possui orgulho do sangue que corre em suas veias, assim como a maior parte daqueles que se recusa a servir como munição para as grandes organizações. No fundo, todos querem o apoio de Tuntau porque sabem que seus nativos são poderosos e inabaláveis.

— Se precisar de ajuda, eu já transferi meu contato e um mapa para a prisão direto pro seu aparelho. Basta dar um toque e eu enviarei alguns colegas pra te ajudar.

— Bom... o seu amigo me parrece bastante ocupado ali com uma nativa, sim. — Nakir dá de ombros enquanto observa o afastar do ciborgue. — Eu posso te ajudar com a agilidade. Para estar prresa aqui, deve costumar se meter em algumas confusões, não é? Mas pode ser que não te ajude em nada também. De qualquer jeito, você pode encontrar o Drrodag lá no centro da vila, e ele pode ajudar vocês com as coisas da cabeça que parecem ser mais o forrte da criancinha aqui. De qualquer jeito, todos que tentam fugir morrem e Nakir não quer morrer.

A esse ponto, já entardece em Kakhaluto. Algumas nuvens esverdeadas começam a se formar ao passo que alguns dos prisioneiros recolhem-se em suas casas para evitar a chuva. Outros, ainda presos em seus trabalhos, tratam de agilizar o processo para terminar antes da noite.

— Ah, têm as chuvas também e elas acontecem semprre no fim da tarde. Se fosse vocês eu as evitarria, sim. — Ele diz enquanto levanta um pedaço de sua roupa próxima a perna canhota e mostra uma profunda queimadura que atravessa sua pelagem. — Se quiserrem aprrender algo comigo ou com Drrodag, façam isso antes que todo mundo se entoque em casa, sim.

- Depende, conhecer um pouco da cultura e da região, pode nos ajudar a planejar uma fuga. Em todo caso, você às vezes é engraçado Heylel..

*A mestiça murmurava e acabava rindo, achando diferente a atitude de Heylel em relação às palavras anteriores de Nakir, o observando curiosa quando o albino se afastava mas permanecendo parada no mesmo lugar e voltando a atenção para o Iormashiano, já que desconfiava com quem Heylel estaria conversando e preferia dar privacidade a eles.*

- Drodag? Ele é um amigo seu Sr. Nakir? E pelo que você diz, ele deve ser uma espécie de professor não é?

*Ellora pensava sobre a ajuda de Nakir e o que ele havia falado sobre agilidade, com ela acabando por soltar um suspiro baixo e se lembrando das várias situações em que precisava ser rápida e ágil, tanto para momentos de fuga quanto para momentos em que seria necessário lutar. Ela mesma sabia muito bem como era ter que combater seus adversários de qualquer maneira, e na verdade aprender mais sobre agilidade na certa teria um lado positivo.
A mestiça logo podia ver a queimadura na pelagem do Iormashiano, ficando com uma expressão surpresa e preocupada com aquele machucado do mesmo, se perguntando se ainda o incomodaria de algum modo, ou se já havia cicatrizado por completo.
Quando o escutava falar sobre a chuva, Ellora não deixava de ter a curiosidade mais atiçada e os olhos logo se erguiam na direção do céu, analisando aquelas nuvens estranhas e achando a tonalidade esverdeada delas um mal sinal, principalmente se fosse levar em consideração o que Nakir tinha mostrado e as explicações que ele fornecia.*

- Hm.. agilidade seria bom realmente, sabe, se eu tivesse mais agilidade antes, teria me livrado de muitas coisas ruins que fizeram comigo. Mas, voltando ao assunto...
Sr. Nakir, aqui chove ácido por acaso? Por isso está com essa queimadura? Imagino que ela deve te incomodar bastante;

Óbvio que o conhecimento não seria gratuito, mas teriam que contribuir com a raça de qualquer forma, então não sairiam de lá tão cedo, especialmente se mantivessem um olho vigilante sobre o grupo.

- Eu sei que você está com pressa e insatisfeito, Heylel. - Na verdade, Miyano provavelmente era o mais ansioso para sair de lá, mesmo mantendo a compostura e sensatez. - Mas não sairemos tão cedo, especialmente se formos hostis. Por enquanto, vamos nos reajustar à sociedade, tudo bem?

Ouvindo sobre a chuva ácida, Miya pareceu compartilhar um misto de curiosidade com preocupação, cruzando os braços.

- Uhn, então acho melhor encontrarmos um lugar para ficar antes que chova...