Fisgado pela pesca

— É, realmente — concordava com o fato das crianças serem muito curiosas. Era isto que ele queria, então era uma real verdade.

— Ah, tenho... Mas, acho que é a mesma questão do senhor, sabe? Tenho medo de voltar para tirar a saudades e ficar preso por lá de novo — dizia ele, sorrindo por trás da máscara, sentindo ter dito algo realmente perfeito para a situação.

Ele então olhava para as crianças, para continuar a falar sem olhar para o velho.

— Bom, eu acho que vou ficar aqui um bom tempo. Se um dia o senhor quiser procurar o que aconteceu, prometo que irei junto pra ajudar. E ainda te apresentaria minha família inteira! HAHA! — disse, divertidamente. Então, sem dar opção de resposta, tentando apenas deixar a ideia na mente, chamou por Octavio.

— Ei, Octavio! Põe eles aqui, vamos descansar, já passaram muito tempo saracutiando aí! — tentando parecer um paizão, Octavio demorou para obedecer, pondo-os na terra e tirando, apenas para provocar.

A brincadeira parou quando Finn encarou Octavio com todo seu ódio.

Assim como Finn, o idoso está satisfeito com a conversa. Pôde sanar dúvidas não só sobre o pescador mas também sobre si mesmo. A presença de um estrangeiro, ao contrário do que previa, era de fato intrigante e ao mesmo tempo agradável.

Ele permanece em reflexão enquanto o polvo obedece as ordens de seu domador. Conforme suas crianças são deixadas em solo firme, o velho aproximou-se vagarosamente da dupla e os acolheu com os tecidos trazidos para se secarem.

— Muito obrigado pela conversa, senhor. Sinto que tanto eu quanto as crianças precisávamos de uma interação como esta.

Conforme protestam por ter que parar a brincadeira em murmúrios e lamentos, o idoso sussurrou um lembrete de boas maneiras para os garotos, que no mesmo momento obedeceram o mais velho.

— Muito obrigado, senhor Finn! — Agradeceram em uníssono com uma breve reverência típica da cultura terráquea.

— Que nada, Octavio gosta de brincar! — disse Finn, acompanhado por Octavio que saía do rio e ficava ao lado de seu dono.

— Fico até feliz que seja divertido pra vocês! — coçava a nuca, desajeitado.

Ele ajuda as crianças a secarem-se e os parabeniza pelo gesto educado com uma carícia nos cabelos. Depois de poucos instantes, vira ambos na direção da gruta.

— Bom, senhor Finn, nós vamos voltar para a caverna agora. As crianças precisam trocar as roupas molhadas e hoje é dia de ensiná-las. Lembre-se de aparecer sempre que quiser.

Depois das palavras, ele vira-se na mesma direção e inicia uma caminhada, mas não é acompanhado pelas duas crianças. Ambas ainda viram-se para o pescador com a felicidade de estar em sua companhia.

— Sim, senhor Finn! Volte de vez em quando! — Diz a garota, enquanto seu irmão apenas concorda com a cabeça.

— Claro, claro! Irei com certeza! — e assim, após esperar um pouco e eles saírem da vista, se virou e foi em direção daonde veio.

Iria ir ver as pessoas que encontrou antes e, por isso, para ser bem recebido, se jogou ao mar. Octavio acompanhou e logo se ergueu, levando Finn junto. Era a forma mais rápida de chegar no vilarejo que havia passado antes, com seus recém-amigos reptilianos.

A maior parte das grandes viagens naquele planeta retrógrado são feitas através de pequenas canoas ou até mesmo embarcações rústicas, uma vez que ele é repleto de uma água cristalina e transparente que conecta com grandes redes de rios entrelaçados. Através da água, chega-se aonde quiser, e parece que todos os caminhos convergem para Denegram.

Ashinara, de acordo com a religião dos Mistiimerianos que trouxe início a prática do controle espiritual, foi uma profeta que serviu como porta-voz para o verdadeiro Deus, e daí vem o nome do planeta natal pelo qual os seres dessa raça tem muito carinho e respeito. Existe um lugar em especial que a raça protege com toda a fidelidade possível: Denegram, onde acredita-se que a profeta viveu há muito tempo. Este lugar, apesar de tão importante para os Mistiimerianos, é livre para visitações. Ainda assim, os monges protetores do santuário  estarão sempre de olho em forasteiros e viajantes, afinal a raça não é tão simpatizante dos estrangeiros.

Formado por quatro grandes torres e uma estátua gigantesca de Ashinara, o santuário é dotado de espaço para estudos da arte espiritual, meditação, conhecimento da história e da cultura Mistiimeriana e ainda comércio religioso de totens, símbolos e afins. Todos que aqui frequentam são bastante sérios e focados, e qualquer desrespeito a crença da raça será severamente punida.

Chega lá, olhando em volta, um pouco confuso; não esperava tais estruturas gigantes e góticas naquele planeta lindo e claro. Sorriu por trás da máscara, era interessante.

"Como sempre, um planeta brilha entre outros"

Pensava, enquanto continuava a procurar uma loja de roupas ou até uma lavanderia, não sabia o que esperar daquele lugar. Mas com certeza precisava de ajuda para se secar.

O santuário de fato exala uma aura diferente do resto do planeta. As pessoas ali não parecem lá tão receptivas com estrangeiros, como no exemplo que Finn teve com a nativa que treinava com sua filha. Além disso, o próprio clima do local é mais nublado e um pouco fechado, contrariando o costumeiro tempo ensolarado e colorido com o orvalho.

Ainda mais diferente do resto de Ashinara, Denegram têm bastante comércio. É, afinal, o único ponto para se encontrar nativos em alto número, então a pouca política que existe entre os Mistiimerianos está totalmente centrada por lá.

Vendedores de alimentos, recursos, itens religiosos e, por fim, roupas. A variedade é comparável com uma grande feira, e existem bem mais estrangeiros do que em qualquer outro canto do planeta.

A primeira loja de roupas que Finn encontra é humilde e simples, mas não parece que ele vai encontrar algo muito melhor. Trata-se de uma nativa já em idade avançada que costura enquanto exibe algumas peças de roupas estendidas sobre caixas bem colocadas e limpas.

Ele vai em direção a loja e, esticando um pouco a cabeça e curvando o corpo, pergunta:

— Oi, com licença, quanto custa as peças? Vocês aceitam trocas? — ele olhava pelas peças. Na verdade, havia visto que chegou num lugar que não devia. O que o deixou curioso sobre as possíveis situações que se encontraria em pouco tempo.

Ele apenas queria tirar dúvidas da cultura local, mas parece que aquele lugar seria o pior lugar para duvidar da religião.

A senhora, sozinha na pequena loja, demora para responder ao ter sua atenção chamada. Provavelmente por conta de uma audição limitada devido à idade avançada, ela lentamente dirige seu olhar à Finn. E então tira uma de suas mãos da peça que estava costurando antes da chegada do homem para coçar a cabeça, confusa com as perguntas. Os movimentos da idosa são tão vagarosos o que faz com que pareça para qualquer outra pessoa que ela se move em câmera lenta.

— Na verdade, só aceitamos trocas. Os preços são variáveis, eu precisaria avaliar, meu filho. — A voz rouca e arrastada da mulher diz, seguida de uma breve tosse. — Você não é daqui, não é? — Ela então concentra-se no rosto mascarado do homem com os olhos apertados, provavelmente tentando enxergá-lo melhor.

— Não, não, haha! — coçava a nuca, um pouco incomodado com a demora das ações — Sou um pescador terráqueo. Ouvi dizer sobre os peixes e rios daqui, vim de curiosidade. Mas! Enfim... — terminava a falar, começando a vasculhar sua mochila.

— O que você diria de peixes? Seus valores são altos? Espero que sim, haha!

A senhora pensou por uns instantes. Certamente não gostava muito de terráqueos, tampouco estava precisando de peixes naquele momento. Talvez fosse o jeito de falar de Finn ou então a intriga que acompanhava o semblante misterioso daquela figura, mas ela convence-se de que a troca valeria a pena. Sempre precisaria de comida afinal.

— Olha menino, eu posso trocar uma peça por um peixe grande. Mas tome cuidado, não vai querer que os homi veja você pescando. Qualquer tipo de caça aqui é ilegal, e isso inclui a pesca. Se estiver carregando um animal que não precisa comer, você vai ser expulso daqui. E não se engane pelos Mistiimerianos pacíficos das planíces; os homi aqui são brabo.

Ela estende sua mão na direção das vestes limpas e as oferece para que Finn escolha o que quer. De fato não tem um design arrojado e muito menos moderno, mas parecem oferecer todo o conforto e leveza que uma roupa feita a mão (algo raro no século XXIII).

— Ah, tudo bem, eu sempre como. Tenho que honrar, né?! Octavio também se alimenta muito — dizia, apontando para o grande polvo que parecia intrigado com outras barracas.

Então, Finn olhou roupas que tinham a mesma personalidade design de sua atual. Poderia parecer cliché estranho, mas era apenas um motivo para conversar.

— Já que começamos. Você poderia me ajudar a entender a cultura do lugar melhor? Não quero arriscar ser mandado embora, é um bom planeta, haha — dizia, enquanto ia selecionando suas roupas: uma calça de malha jeans; um casaco preto, de material fino e uma camisa cinza, também fina. Os tênis iria retirar e descansar em cima de Octavio.

De qualquer forma, não pensava em usar aquelas roupas por muito tempo, tinha as suas.

Como é de se esperar, a proposta de uma conversa sempre agrada uma senhora solitária. Aproveita que o gentil pescador habilita-se para um diálogo e trata de sentar-se novamente em seu posto comum padra tricotar enquanto papeia.

— Esse lugar aqui num é igual os outros não, menino. Aqui, monges radicais se reúnem para preservar um único santuário da influência e exploração dos estrangeiros. Eles são aceitos aqui, mas são estritamente vigiados. — Ela diz enquanto alterna o olhar entre ele e o pequeno cachecol que tricota atualmente. — Você deve saber que somos todos receptivos com vocês alienígenas, mas há uma ordem que se autodenomina Paladinos Resolutos, ou só Paladinos. Eles tomaram Denegram quase que pacificamente a um tempo atrás, e desde então vêm causando por aqui. Sua influência não é direta, mas não se pode falar muito alto sobre eles não.

Ela abaixa seu tom quando diz isso e olha ao redor para ver se está sendo observada. É evidente que ela teme os tais paladinos.

— Eles vêem o mundo moderno como uma corrupção de tudo que nossa religião prega. Querem restringir o contato de Ashinara com o resto da galáxia e retirar nossa participação do conselho da Aliança. E isso é só o começo, menino, os bocudo mais conspiracionista dizem que eles querem promover um afastamento total de todo tipo de raça dessa coisa de viajar pro espaço. Bom, contanto que eu possa continuar fazendo roupas bonitas, não tô desesperada não.

Atrás da senhora e em muitos outros lugares do vilarejo, uma bandeira é exibida, provavelmente representando a tal ordem.

— Nossa, eles são bem sérios mesmo! — dizia, escapando um tom alto propositalmente para em seguida tapar sua boca, em desespero proposital — Que bom que a senhora está bem, espero que continue assim, pois são boas roupas.

Ele continuava a dizer enquanto retirava de suas mochilas peixes enormes, eram os únicos que haviam ali, já que a mochila era encharcada de peixes de médio e pequeno porte. Os dois peixes enormes eram de planetas vizinhos, mas Finn acreditou que ela nem iria pensar nisso. Enquanto ele botava os peixes longe das roupas, para entregar para elas, ficou evidente o tamanho exagerado deles.
Eles foram postos um em cima do outro, mas o braço de Finn só aguentou por ser mecânico.

— Eles são bem pesados, a senhora vai precisar de ajuda para levá-los para algum lugar. Vou deixar um a mais, pois foi uma boa conversa, haha! — dizia ele, enquanto arrumava sua mochila novamente, já que muito espaço fora liberado.

Antes que pudesse se virar e ir embora, Octavio começou a se aproximar, pois viu e sentiu que os peixes foram entregues, sabendo que era o final de uma troca.

— Aliás, uma pergunta rapidinha (e um pouco estranha) — falava ele, tapando a visão do lado direito de sua boca com a palma da mão, dando ênfase — O que vocês acham sobre assassinato aqui? Há algum tipo de perdão, em alguma situação?

A idosa se espantou com o tamanho e com o tipo dos animais. Além de serem muito maiores do que aqueles de seu planeta natal, ela jamais saíra de Ashinara e tampouco conhecera fauna alienígena. Nem sabia ao certo se era seguro comer aquilo.

— Santa Ashinara, o que diabos é isso? Achei que seriam peixes normais, homi! — Ela exclama enquanto larga seus instrumentos de trabalho com o susto. — Meu neto pode me ajudar a levar esse trem, mas eu sei lá o que vou fazer com esse peixe do tamanho dum bezerro. Não comemos muito por aqui, sabe?

Apesar da brincadeira, ela aceita a troca de bom grado e não protesta. Estava erguendo-se - com certa dificuldade- para apanhar novamente suas agulhas quando Finn uma vez mais a chama a atenção. Sua pergunta, no entanto, a fez sorrir.

— Você é realmente novo aqui, menino. Tudo bem, eu já estou no fim da vida e qualquer tipo de ensinamento que eu puder te passar vai aumentar o meu legado. Vamos lá: para entender a morte, você precisa rapidamente entender a vida.

Ela desiste de suas agulhas por um instante para erguer as duas mãos a frente do corpo e projetar uma pequena concentração de uma luz azulada cintilante. É fraca e por vezes ameaça apagar, como uma chama instável; o que denuncia que a velha não é das melhores praticantes das artes místicas do planeta ou que talvez já não tenha a mesma força para usá-la naquela idade.

— Um recém-nascido é uma página em branco de um livro. Ele é feito para aprender e acumular sabedoria e experiências, para que possa transmitir para seus próximos e assim enriquecer cada vez mais a cultura de todos, contribuindo assim para um mundo harmônico e pacífico. Mas... — Ela Subitamente fecha suas mãos e a chama se apaga, deixando uma pequena fagulha que logo desaparece também. — Não somos ingênuos. Sabemos que pessoas más existem e que esse caminho a ser trilhado pela vida pode ser interrompido por uma pessoa desviada. nesse caso, um incidente fatal interrompeu todo esse ciclo perfeito. Ao matar, você não ensina nada a ninguém e dá um fim prematuro a vida de alguém que poderia engrandecer mais a vida dos outros. É o pior crime que se pode cometer.

— Então, mesmo que a pessoa procure redenção — suas palavras, de súbito, começavam a complicar mais do que sua persona permitia — e inicie uma família, ainda é o pior crime? Desculpe pelas perguntas, haha! Estou tentando comparar com a minha terra natal!

No último dito, Octavio chegava e ficava esperando atrás dele. Ele se admirava com a magia mística dos habitantes, esticando e recuando sua cabeça.

— Eu entendo, menino. Muitos são curiosos sobre nossa cultura, que eu admito não ser muito simples de entender. — Ela parece orgulhosa com um sorriso e um olhar perdido. — Têm estrangeiro que passa a vida toda estudando isso, sabe?

Dessa vez, a idosa parece confusa sobre o que responder. Mesmo uma nativa tão velha como aquela parece engasgar-se com o dilema.

— Em nossa cultura, as pessoas más já estão corrompidas e não são capazes de produzir, apenas de destruir. Suas almas estão enegrecidas e seus corações já não carregam sentimentos bons, pelo menos quando chegam ao ponto de matar. Não consideramos possível, por isso, que essa pessoa construa uma família e engrandeça o mundo.

Ela de fato responde o que pode de acordo com sua vivência. A tecnologia primitiva dos Mistiimerianos impede que ela possa ter um panorama melhor e assim resolver o dilema de Finn, visto que o idoso mudou de vida por motivos não-naturais.

— Entendo, obrigado. Imensamente — ele então, fechava sua mochila — Consegue me indicar um bom lugar para ficar? Quero passar o dia por aqui — dizia, pois sentia que o tempo estava para fechar. Não sabia se era só a sensação da cidade, ou qualquer outra coisa.

Apenas sentia de que devia ficar ali um tempo, afastado do velho e suas crianças.

— Hm... cansou de dormir ao ar fresco, é? Nunca vou entender vocês alienígenas. Sempre procurando um barraco pra se entocar. — Ela murmura e dá de ombros enquanto retoma sua costura, compreendendo que aquela conversa estava prestes a terminar. — Olha, definitivamente não temos estalagens aqui, mas tem um homem estranho chamado Kalio que têm uma coisa logo ali na frente. Ele não mora lá, mas deixa estrangeiros dormirem caso ajudem na construção do negócio. Como disse, tudo aqui funfa por trocas.

Ela aponta a direção, e dá num casebre inacabado de dois andares. É visível que alienígenas de outras raças trabalham para completar o andar superior, que ainda está descoberto.

— Obrigado — dizia, mesmo sendo retrucado a cada palavra, agradecia pelas falas da velha.

Assim, ia em direção do casébre, mas em um momento pensou em encontrar quem o havia contratado. Seria estranho e poderia acabar com seu disfarce. E assim, vira, evitando voltar para aonde estava a velha.
Ele contornou a cidade, tentando encontrar um rio novamente e dormir em Octavio. Iria descansar um pouco e então ir até o velho. Tudo dizia o que ele tinha que fazer, não precisava nem pensar.

No entanto, no fundo, Finn sentia uma pena. Em sua mente passava uma real pena de ter que disperdiçar uma história tão interessante e nunca poder ir a fundo do que havia acontecido. Isto lhe fez pensar em uma possível proposta e um sorriso cresceu em por detrás da máscara.

O que antes era interessante, havia se tornado ainda mais interessante com mais uma vertente de possibilidade. E assim, com esses pensamentos, Finn dormia tranquilamente em cima de Octavio, que seguia o fluxo do rio, flutuando sobre as águas.

As manhãs perto de Denegram não são tão calmas e silenciosas quanto nas planícies úmidas onde Finn vinha dormindo. Apesar de pouco, há um certo fluxo de espaçonaves que desembarcam próximas aquele local, a maior parte delas sendo comerciante.

Além disso, os próprios nativos fazem seu caminho que por vezes é em grupo, seja de peregrinação ao santuário religioso ou de feirantes que esperam boas trocas.

Uma nave talvez chame atenção por seu design, que não é feito para o transporte de carga e sim para operações militares. Ela é completamente negra e tem um estilo bastante aerodinâmico e adaptado a velocidade e furtividade. Além disso carrega um símbolo estranho em vermelho.

Todo esse movimento era dificil para ase movimentar em conjunto a Octavio. Mas, não desistiram e continuaram juntos até um rio próximo.
Ignoraram a nave militar que possivelmente era dos rebeldes e até pegaram o caminho mais rápido ao rio por causa disso. Era suspeito os rebeldes em um local tão calmo, já que certamente eles não usariam uma nave militar para turismo.

Iria tentar ir ao rio e voltar para o velho. Seu plano havia mudado.

A gruta permanece intacta, agora decorada com algumas flores e desenhos feitos a base de tintas naturais.

As crianças estão distraídas com um pequeno animal selvagem que se assemelha a um leporideo. Elas brincam com ele mais a frente, numa parte mais avançada do campo, e parecem competir amistosamente por sua atenção.

O velho, por sua vez, observa-as enquanto bebe algo em uma vasilha pequena de barro. Parece um ciclo onde as crianças cuidam do animal e o velho cuida das crianças. Absolutamente ninguém nota a aproximação de Finn.

— Senhor? Posso falar com você? — ele falava, em baixo tom, já perto do velho.

Enquanto isso, Octavio tentava se espremer para entrar na gruta. Depois de um tempo apenas desistiu e ficou lá fora esperando.