Caça Incessante

Apesar das feições da Máscara não serem visíveis, é notável que seus olhos estreitam-se em interesse quando Ale'ek retorna. Encontrara outra coisa que o interesse, e quem sabe não arranjasse outra negociação ali. Não que preferia essa nova opção, só seria divertido colocar um soldado da Aliança entre seus interesses próprios e os interesses que ele defende por outros.

— Eu posso, clarro. Na verdade, possuo inforrmações sobre bases da Reconquista em lugarres que estão bem abaixo no narriz da Aliança e vocês nem ao menos desconfiam. Inforrmações como essa poderriam diminuir, e muito, o poder da orrdem rebelde. Você as trrocarria pelo poder que também almeja?

Ela pergunta num tom malicioso. A negociação até então unilateral parecia mostrar sinais de uma possível bifurcação, o que anima a negociante. Enquanto fala, mantém a mão apoiada no aparelho.

Descruzou os braços simbolizando um "tanto faz" com as mãos e ombros enquanto tombava a cabeça para o lado e voltava a conversar. — Um contato físico carnal você recusou, um contato sentimental você recusou, um contato intelectual você recusou... O que me força a crer que estou a perder meu tempo por aqui, senhora Mascará... Me perdoe, gostei da sua presença, mas esperava conversar com seu líder. Não foi tão divertido te avaliar quanto eu pensei...

Os seguranças atentam-se uma vez mais, sabendo que a conversa possivelmente ficaria mais calorosa. Sabem bem por seus anos servindo aquela identidade que ela jamais sairia por baixo, e se estava ali pessoalmente é porquê sabia exatamente como sair triunfante.

— Pelo jeito o senhor não é tão complacente quanto aparrentava ser, não é? — Apesar do tom divertido, ela em momento algum ri. Na verdade, não demonstra sentimento algum. — Se eu realmente prrecisasse do item que você carrega, poderria tomá-lo a força. Volto a te lembrrar que não me interressa o dinheirro em si e sim a diversão de negociar e ver os resultados dessas negociações. Sabe por quê? Exatamente pelo que você apontou, eu não estou envolvida de maneirra alguma.

Ela apanha uma taça com vinho que ela obviamente não pode beber pela presença da máscara que gera seu apelido. Entretanto, parece usá-lo apenas para ilustrar o que fala quando começa a girar o item, fazendo com que o líquido em seu interior forme um pequeno redemoinho.

— Sabe, "Ale'ek". — Ela faz questão de fazer as aspas com os dedos quando diz o nome do capitão, lembrando-o de que conhece sua identidade. — Eu posso causar uma guerra com uma só mensagem. Posso mudar os membrros do Conselho Intergalático com uma ligação parra qualquer jornal. Você sabe porquê eu não faço isso? É porquê eu já negociei com essas pessoas o meu silêncio. Mas o que me impede de fazê-lo mesmo assim? Absolutamente nada.

Os seus acompanhantes parecem tensos, não temerosos com o rumo da conversa mas sim quando a sua contratante. Eles a servem porquê a temem muito mais do que qualquer inimigo que possam enfrentar o fazendo.

— Eu acho divertido tirar o que as pessoas têm de mais prrecioso e ver como se virram sem aquilo. No seu caso, é sua real identidade. Ainda assim, em momento algum eu coloquei isso realmente em jogo em nossa brreve conversa já que simpatizei com você no momento em que entrrou por aqui e foi cordial comigo, além de reconhecer que você é um homem muito elegante. Entenda porrém que não estou aqui fazendo amigos e sim negócios. E se eu me zangar, posso acabar fazendo inimigos. —  Ela lentamente tomba a taça de vinho e deixa que o líquido caia e escorra pela mesa. — Ao questionar meu poder, você me magoa. Muitos perderram tudo por muito menos. Você não prrecisa me entrregar esse technophone porquê eu não prreciso dele, mas você prrecisa me respeitar.

— Se eu não quisesse visitá-lo pessoalmente, Ale'ek, eu de fato não o farria. Esses quatrro homens ao seu lado podem lhe confirmar que eu sequer estava prresente quando amarrei-os a mim. Se não tenho interresse em comparrecer, eu simplesmente não o faço. — Seus olhos brilhantes desviam-se para os dois outros homens que mantém-se inexpressivos como manda os termos de serviço. Ela parece divertir-se em tê-los nas mãos. — Se disse que é impossível mostrrá-lo meu rosto é porque é impossível mostrrá-lo meu rosto.

Ela apanha um dispositivo ao seu lado e, através dele, digita alguns comandos. Seu toque é rápido, como se já estivesse bastante habituada a fazer coisas através dele.

— Se quiser, afinal, posso ordenar que alguém venha realizar seu pedido agorra mesmo, mas você não poderria perseguir sua prresa. — Ela o fita entre a ação, deixando claro também que sabe a tarefa que Ale'ek realiza no momento. — Mas você está me aborrecendo dessa maneirra a ponto de me fazer questionar se devo ou não manter em segredo que um oficial da Aliança preferre realizar seus prróprrios objetivos egoístas do que ajudar toda uma nação em uma guerra que luta no escurro. Até o prresente momento, minha opção ainda é por deixar isso entrre nós.

A esse ponto, a Máscara já não têm a intenção de manter as boas aparências e trata de mostrar de uma vez as suas garras. Como sempre, em forma de informação - afinal essa é a arma mais poderosa da entidade.

Embora satisfeita com a negociação, a Máscara não demonstra qualquer reação. No máximo guarda o aparelho conquistado e acena para seus seguranças deixarem-no ir, ao mesmo ritmo que observa com interesse as ações de Ale'ek.

— Agrradeço pela companhia. Como gesto de grratitude, lhe recomendo encontrrar seu alvo antes que finalize o inimigo. Salve aquele que se identifique como Quatorrze e peça-lhe que o leve até o Monólito. Isso deve ajudá-lo em sua saga.

Ela finaliza, imaginando se deveria liberar aquele tipo de informação a custo de nada. No final das contas, seria muito mais divertido observar o que Ale'ek faria com ela no final das contas. De fato talvez ela o veja como uma peça mais importante do que um mísero peão. Talvez pela sua genética que já o faz importante ou talvez ela conheça algo a mais sobre seu passado.

Mesmo enquanto a nave levanta voo, porém, é visível que a situação não está totalmente favorável para a Aliança. Quatorze parece sofrer um intenso sangramento no local onde a lâmina de Nelai o atingiu, e é possível observar que sua dura carapaça finalmente foi perfurada. Em uma respiração difícil e com movimentos cambaleantes, ele deixa-se cair de qualquer jeito dentro do veículo. Parece que o veneno que a Kaarteoniana o aplicou é mais letal em sua raça do que nos alienígenas, e ele não tem muito tempo restante. 

— Nasbkathet. — Ele resmunga na linguagem nativa de seu planeta enquanto pressiona um botão para que sua armadura se abra. — Não pensei que meus últimos instantes eu passaria ao lado de um alienígena. Talvez devesse ter morrido ao lado de meus companheiros. De uma maneira ou de outra, rapaz, diga-me do que precisa. Já cheguei no meu limite e já não tenho muito tempo. 

Um filete de sangue escorre descendo pelo seu lábio até seu maxilar, e sua respiração parece cada vez mais fraca. É visível que aquele veneno age com rapidez em seu corpo.

Whale joga pela janela o copo plástico vazio do qual bebia mais uma dose de seus suplementos para tentar emagrecer. A esse ponto, ela parece mais uma caminhoneira nervosa do que uma piloto da Aliança, visto que não faz ideia do porquê eles estão resgatando um Okro - e ainda por cima um líder da Gutaro.

— Aí, Ale'ek. — Ela já não se importa muito com formalidades. Não se importa de mostrar que não gosta do seu atual líder. — Pra onde quer que eu vá agora? Não posso voar muito alto com essa porra de vidro quebrado. Vou ter que acionar outro pessoal da Aliança aqui em Tuntau se quiser sair desse planeta.

O brilho em seus olhos temporariamente volta com os dizeres de Ale'ek. De fato, ouvi-los é reconfortante e o traz forças para resistir por mais alguns instantes. Essa é a primeira vez que vê um alienígena como alguém agradável, e isso o permite abrir-se um pouco mais com o capitão.

— É muito difícil de se retirar o veneno do sangue de um Okro, senhor. Sua pele é muito resistente e por isso é impossível realizar cisões para isso. — Diz o jovem soldado enquanto aproxima-se e pressiona a ferida de Quatorze com um pequeno tecido. — O máximo que posso fazer é retardar um pouco sua morte.

As palavras não parecem afetar o guerreiro. Já viu todos os seus companheiros caindo e o sonho de construir uma capital para sua raça morreria junto com ele. Quem sabe outro futuramente não retomaria esse objetivo assim como ele mesmo retomou depois da morte de seu mestre.

— Sim, eu sou o Quatorze, mas isso é como uma alcunha por aqui e existe mais um além de mim. Este, por acaso, lidera o movimento rebelde em Tuntau. — Ele tosse sangue, lutando contra a própria morte para ajudar o homem que o reconfortou. — Eu normalmente não te passaria essas informações porquê detesto me meter na briga ideológica que sequer entendo, mas essa ordem reuniu irmãos traidores para derrubar o sonho de milhões de Okros. Sendo assim, me dê um technophone ou um mapa. Te orientarei até a maior base que conheço antes que possa finalmente descansar e encontrar meu mestre em um outro plano.

Como prometido, Quatorze marca as coordenadas que conhece da maior base da ordem rebelde em Tuntau. No final ele está se ajudando ao mesmo tempo, visto que ver os Okros livres das promessas falsas da Reconquista era um dos objetivos da Gutaro desde o início. Isso alivia sua consciência de ajudar um estrangeiro.

— Eu já fiz o suficiente, rapaz. — Ele murmura enquanto volta a deitar-se. Ao menos sua última luta foi uma boa luta. — Se você quer retribuir minha ajuda, têm um favor que eu gostaria de te pedir. Não sei qual a sua ética como soldado mas talvez você possa ajudar toda a minha raça.

Whale faz com que nave paira numa altura baixa, ainda sem destino demarcado. Baby, porém, parece mais atento à missão enquanto faz de tudo para manter o guerreiro vivo, não só pelas informações que ele têm a passar mas também por sensibilizar-se com sua situação.

— A Gutaro morre comigo. Os rebeldes mataram os meus companheiros, e em breve eu vou me juntar a eles. — Ele diz enquanto fecha seus olhos, como se sentisse a aproximação de sua morte. — Mas o sonho da nossa milícia não pode acabar. Há um programa da Aliança que recruta centenas de Okros para fazer parte de seus batalhões todos os anos, e isso nos tira muitos irmãos todos os anos para morrer por vocês no campo de batalha. Posicione-se contra esse programa quando voltar pra sua terra e estará fazendo um favor pra toda uma raça. Se começarmos a lutar por nós mesmos ao invés de lutar pelos aliens, talvez tenhamos uma chance. É engraçado colocar as esperanças dos meus irmãos de se livrar tanto da Aliança quanto da Reconquista nas mãos de um desconhecido, mas eu acho que já não tenho mais outra chance.

Seu tom de voz abaixa cada vez mais. São de fato as últimas palavras de um guerreiro.

Com o fim decretado da missão, Whale se alivia por poder trabalhar longe de Ale'ek, e deseja que isso não volte a acontecer. Ela está certa de que há algo de errado com o capitão, e talvez tente investigá-lo mais tarde.

Ela com cautela ruma a estação da Aliança mais próxima e pousa a nave. Apesar de ser identificada claramente como uma base intergalática, ela parece bastante vazia, mostrando que Tuntau têm realmente poucos soldados.

Baby já é mais cortês. Antes ainda de deixar a nave ele posiciona-se próximo a Ale'ek e toca a testa com os dedos, ao mesmo tempo que mantém a palma da mão aberta em uma clara continência. Apesar da atitude, parece ter vergonha de olhar nos olhos do pirata e constantemente desvia o olhar.

— Foi uma honra estar ao seu comando, senhor. Fico feliz que nossa missão tenha sido bem-sucedida, senhor. — Ele mantém-se assim por alguns instantes e aguarda a formalidade de seu atual superior de dispensá-lo.

Outras diversas naves simples estão a disposição de Ale'ek, todas elas ideais para viagens simples com um piloto automático. A missão em Tuntau foi um sucesso, e restava aos dois que o acompanharam fazer seu relatório.

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A resposta da Máscara vêm quase que instantaneamente, evidenciando que ela estava de olho nas ações de Ale'ek ainda que distante. Em tão pouco tempo, já havia feito todos os contatos para realizar a sua parte do acordo.

Máscara escreveu:

Enviei coordenadas, elas dão na estação espacial de Ubaha. "Ele" é o único homem que faria isso sem qualquer remorso. Cuidado.

Ale'ek está enfim livre da missão. Os dois deixam-no em paz parcialmente, visto que um deles talvez tenha desenvolvido uma paixão platônica do seu jeito tímido e a outra pretende entrar numa investigação quanto a seu histórico. De uma maneira ou de outra, o capitão está sozinho por hora.

Com suas credenciais, pode fazer qualquer uma daquelas naves da base funcionar e usar de seu piloto automático. Enquanto decide seu próximo destino, Baby esforça-se para recolher o corpo do Okro caído e Whale contata o mandante da missão para seu relatório pessoal.

Algumas rotas estão a frente do pirata. Ele têm um compromisso em Ubaha, uma estação comercial com alguns moradores, e também precisa dar seu relatório a Buck. Ao mesmo tempo, Quatorze fez um último pedido antes de sua morte que ele pode ou não cumprir.

Ubaha, construída recentemente, é uma das estações espaciais mais visitadas por conta de sua organização e limpeza. Como o planeta dos Mistiimerianos não conta com um local onde naves que por ali passam possam se reabastecer, precisou-se resolver este problema criando uma estação dotada de ao menos um reservatório de combustível. Como a localização geográfica do local é ótima e não foi criado nenhum regulamento quanto a formação de propriedades por ali, o local se expandiu até se tornar um grande centro comercial.

Com uma bela arquitetura, a estação espacial de Ubaha é formada por diversas plataformas onde pousam-se as naves que vão dar num extenso corredor até finalmente chegar no centro da estação, onde comércios totalmente variados podem ser encontrados. Não é nem um pouco difícil de se conseguir um local para passar a noite ou suprimentos para viagem em Ubaha, mas você jamais encontrará mercadorias clandestinas por conta da ampla segurança que Okros oferecem ao local. Por conta disso, alguns até mesmo constroem moradias na estação.

A viagem provavelmente demora um bom tempo, ainda que o modelo da nave não seja antigo. O sistema onde Ubaha se encontra é bastante distante e o caminho pode levar quase um dia inteiro de viagem ainda que em ultra-velocidades. É o descanso que Ale'ek precisa.

Como uma estação de tráfego livre, não há qualquer sistema de segurança que impeça a entrada de alguém, até porquê seus donos confiam na segurança do local. Sendo assim, quando a nave do pirata se aproxima, as portas logo se abrem.

O  lugar é conhecido por ser um gigantesco mercado. Lá, Ale'ek provavelmente encontraria uma versão decente de tudo o que quisesse caso desejasse fazer algo antes de ir diretamente para o endereço demarcado.

O caminho leva Ale'ek até uma parte mal-iluminada e com pouca segurança da base espacial. Pessoas de visual mais suspeito caminham pela baixa luminosidade e, por vezes, olham de maneira estranha para o pirata. Aquelas são as favelas de Ubaha.

A porta indica que o local é residencial, mas não há qualquer tipo de identificação no visor acima dela, que é comum para que se conheça o dono do imóvel. Ao invés disso, a palavra "Doutor" está escrita a base de riscos de uma lâmina de fio cego.

É visível também que uma pequena câmera segue os movimentos do capitão até o ponto que chega até o local. Nesse momento, uma foto parece ser tirada de seu rosto.

A primeira recepção vêm de um porteiro eletrônico, muito usado por toda a galáxia para uma segurança mínima. Sua programação, porém, parece ter sido alterada a julgar por sua mensagem automática.

— Olá! Liberarei a porta logo depois que você se identificar e responder a seguinte pergunta: ao se aproximar arbitrariamente dessa residência, concorda em seguir toda e qualquer regra imposta por seu proprietário? Promete comportar-se bem como uma boa cobaia e não tentar matar o Doutor depois dos experimentos?

Todos olham de canto para Ale'ek. Os civis próximos, ainda que suspeitos, parecem temer aquela casa. Alguns podem até mesmo sinalizar negativamente com a cabeça para que ele não entre.

As portas se abrem num grande rangido, indicando que seu material é de fato antigo e provavelmente até sucateado.  O ambiente, porém, é ainda mais assombroso do que a fachada que já era de certo modo perturbadora.

Uma luz baixa provinda de uma lâmpada incandescente ilumina uma antiga maca, característicos de hospitais da Terra. Os lenços que a cobrem estão manchados com sangue e os apoiadores, ao seu lado, estão completamente arranhados.

Assim que Ale'ek adentra completamente o salão, a porta atrás de si fecha-se abruptamente. Um assovio profundo da escuridão se inicia no mesmo ritmo de uma música que o acompanha poucos segundos depois.



A lâmpada, já um pouco fraca, pisca e balança com frequência e cria uma sombra aterradora dos utensílios dispostos próximos a maca. Dentre eles estão bisturis, furadeiras, uma faca de cozinha e uma serra. A maior parte deles ensanguentados.

— Seja bem-vinda, princesa. Enquanto se ajeita, vamos pro básico: quero saber quantos anos você têm, se já deu o cú e qual tipo de insanidade você carrega.

A voz do Doutor ecoa pela sala escura, preenchendo-a junto com um cheiro de tabaco. Ela é rouca e, por vezes, incômoda.

Quando entrou não se espantou, realmente ficou neutro em relação a tudo, principalmente a pergunta que ele fez que era um tanto quanto ridícula. — Mascará me mandou, creio que podemos fazer tudo de forma rápida e sucinta. Não há tempo para conversas ou flertes. — Caminhava para mais perto do homem enquanto usava a mão para tentar tocar a luz que estava pendurada na sala escura.


— Vinte e três. 

Talvez Ale'ek sinta uma pequena queimadura em sua mão. As lâmpadas incandescentes deixaram de ser usadas por muito tempo, então é normal que alguém - especialmente se tratando de um não-terráqueo - desconheça seu funcionamento.

É visível que algo aproxima-se da maca pela penumbra, mas sua silhueta é pouco visível. Sabe-se apenas que definitivamente trata-se de um homem com mais ou menso um metro e setenta e de corpo esguio.

— Não gostei de você. — Resmunga, claramente desgostoso com a resposta. — Tava tentando só ganhar uma intimidade antes de furar seu bucho. Já que você foi grosso, não vou ser gentil também.

Ele vasculha os utensílios ao seu lado. Ignorando o bisturi, a furadeira e a faca de cozinha, o Doutor foca-se na serra.

— O que você quer exatamente? Prometo fazer depois que furar você um pouco.