Caça Incessante

Buck sorri, dando mais alguns toques no painel de HUD de forma a encaminhar o contato da garota para o technophone de Ale'ek, para que ele possa contatá-la diretamente. O albino recebe a mensagem logo em seguida, em uma questão de poucos segundos.

— Tá feito, mandei pra você o contato da menina. E você tá liberado sim, pode descansar. Até porque vocês partem amanhã cedinho, vamos precisar de você inteiro para a missão. — Ele olha para o mestiço nos olhos com seriedade, para mostrar o quão importante é essa missão. — Só fale com a menina antes, viu? Trabalhamos com times pequenos, mas só com dois certamente daria errado. Boa noite, Ale'ek. Eu tô contando com você, hein, não me decepcione. — Finaliza, agora misturando a seriedade de antes com um tom de brincadeira.

No momento que recebeu a mensagem, Amy se encontrava deitada em sua cama mais-que-de-casal, rodeada por várias sacolas de compras de papel, todas de uma marca cujo estampa era um enorme e decorado "A" — de Anvil, pra quem não sabe — e comendo algo que pareciam ser morangos. Os olhos viajaram quase que automaticamente para o smartphone, o alcançando com tanta rapidez quanto e ligando a sua tela, lendo o conteúdo da mensagem.

— Hm... quem é você? — Murmurrou para si mesma. Sabia que ele era da Aliança, mas nunca havia visto aquele rosto antes. Foi assim que recorreu a SIDA, procurando pelo nome Ale'ek; talvez não estivesse prestando tanta atenção nos acontecimentos com a correria dos shows. De qualquer forma, não tinha nada melhor para fazer, então por que não?
Se levantou da cama segurando o celular, procurando pelas informações e procurando separar uma nova roupa. Tinha uma viagem para fazer.

As informações encontradas sobre Ale'ek não são muitas. Não por ele ser desconhecido demais, apenas não parece que há muito a se dizer. Ele é experiente dentro da Aliança e já realizou inúmeras missões para a organização. Além disso, foi o capitão de várias delas. É um agente renomado, recebendo certo destaque por ser um mestiço entre Jhayesiano e Kroyvisiano, raças que são conhecidas por morar no mesmo planeta mas não se darem muito bem, como Amy sabe bem.

Poucos são os resultados recebidos por Ale'ek ao procurar por ferreiros dentro da Aliança. Na verdade, nas pesquisas apenas um nome é listado. Zahae Graudhath é o único ferreiro que ainda exerce a profissão, mas é renomado na medida do possível. É claro que ninguém leva muito a sério alguém que ainda produz armas brancas, e ainda por cima de maneira tão rústica, com tanta tecnologia e armas poderosíssimas disponíveis.

Quem o procura geralmente são colecionadores e é disso que o homem vive aparentemente, visto que suas armas são de boa qualidade e muito bonitas, de acordo com as avaliações. Ele é um senhor humano e apenas continua no ramo pela intensa tradição de família que envolve a arte de fundir armas, principalmente com materiais exóticos. Sem dúvidas, ele parece ser a pessoa certa para tal encomenda. Ainda assim, pode não ser tão simples quanto o albino imagina.

Após alguns instantes a mensagem enviada ao homem é respondida, sendo anunciada logo em seguida pelo technophone do mestiço.

Zahae Graudhath escreveu:

Bom dia, senhor Ale'ek.
Fico muito satisfeito com sua encomenda, mas receio que o material necessário para realizar o que deseja não seja tão simples de conseguir. Eu mesmo não posso consegui-lo, mas talvez você possa. Com o material, o sabre poderá ficar pronto em alguns dias. Se quiser ir buscá-lo, pode tentar procurar no planeta T-340. Não é um lugar muito agradável e agora se resume apenas a um campo de detritos, mas creio que não será tão difícil assim. Por favor, me avise se desejar mais informações.
Muito obrigado!

Era um bom dia.
Na verdade, até que estava um pouquinho melhor que isso, e quase um pouquinho pior também.

Havia acordado mais cedo que o normal, agora que a sua pausa em relação aos shows finalmente havia acabado. Amy agora passeava pela sua casa na intenção de ligar todas as câmeras e checar se estava tudo em ordem, afinal, não podia haver nada fora do lugar caso algum ladrão espertinho resolvesse invadir a casa. Imagina se alguém vê algo fora do lugar?
De qualquer forma, tinha apenas uma maçã em seus lábios, coisa que considerava suficiente para sustenta-la pela manhã e só restava que o uber — que, na verdade, já havia pedido a algum tempo — chegasse. Estava inquieta lá no fundo, mas preferia aliviar aquilo paparicando o enorme apartamento antes que quebrasse algo na cabeça de alguém.

Seu technophone começou a tocar num "trim" irritante, indicando que o uber estava chegando. Pegou a sua bolsa e colocou os famosos óculos de sol — item precioso para idols famosas por toda a galáxia, infelizmente mesmo que o cabelo dela entregasse tudo —, se direcionando para o elevador. Conforme passava direto para sair do prédio, cumprimentava algumas pessoas que a desejavam bom dia com um breve aceno, parecendo um pouquinho mais desanimada que o normal.

Mas só um pouquinho.

[...]

— Com licença, bom dia? — Bateu na porta do apartamento que julgava ser o certo, retirando os óculos de sol. A viagem fora agradável, até; o moço era simpático, mas acabou a deixando mais agoniada do que qualquer outra coisa. Os braços estavam cruzados um pouco abaixo do busto, junto a blusa preta. Na verdade, estava toda de preto naquele dia; a calça legging, a camisa e o tênis. A única exceção era um pequeno pingente dourado, que retratava algo que parecia ser uma asa.

— Oi, Ale'ek. Com licença — Foi a única coisa que ela disse, sustentando o olhar dele por alguns segundos antes de passar para dentro da casa, os braços agora cruzados atrás das costas.

Analisou o cômodo ao seu redor, sem querer imaginando o quanto era diferente do ambiente que ela vivia. Certamente não estava acostumada com aquele tipo de lugar, e aquilo a deixou pensativa por mais alguns poucos segundos; por fim, suspirou, voltando a olhá-lo com certa curiosidade ao parecer se lembrar de um detalhe importante. — O ambiente lá fora tava um pouco pesado. Aconteceu algo?

Não conseguiu deixar de sorrir ao imaginar a situação. Crianças certamente eram um problema; sempre quis lidar com uma, na verdade, mas nunca teve a oportunidade por ter sido filha única.
— Imagino que tenha sido fácil pro capitão — Brincou, acompanhando-o conforme ele andava pelo apartamento.

Sentou-se no lugar que ele havia indicado, cruzando as pernas inconscientemente e murmurrando um tímido "obrigada". Uma das mãos deslizou pra dentro da bolsa, pegando o technophone e teclando com certa rapidez — bom, ao menos pra quem estava digitando com um dedo só — enquanto procurava por algo. — Um refrigerante serve, obrigada — Disse ao olhar novamente para ele, colocando o technophone mais uma vez dentro da bolsa de couro. Os olhos se fixaram no copo que ele servia para si, sem saber no que se focar. — Então, por que você me chamou, mesmo?

Assim que ele mencionou o show, o sorriso de Amy pareceu morrer um pouco, mas logo voltou ao seu rosto como se nada houvesse acontecido. — Obrigada — Repetiu, agora de forma mais audível. Uma de suas mãos foi quase que imediatamente na direção do copo, o levando aos lábios antes de engolir todo o líquido em poucos e longos goles, sentindo a agonia do gás em sua boca e garganta. Pousou o copo na mesa, soltando uma breve lufada de ar.

— É o que dizem, né? — Ela começou a falar mais uma vez, os dedos batucando no copo. Não podia negar que havia gostado do elogio, sempre gostava; não que não fosse comum, mas daquela vez parecia ser diferente. — Estamos onde merecemos.

O olhar dela se atraiu quase que automaticamente para ele assim que ouviu o "discordo", parecendo tirá-la de uma espécie de transe. Parou até mesmo de batucar no copo, o deixando ali.

— Então, Capitão — Ela se apoiou com os cotovelos na mesa, o encarando com um misto de curiosidade e atenção. — Onde você gostaria de estar?

Mas, mesmo assim, não ficou para esperar a resposta dele. Se levantou da cadeira e, com o copo na mão — e com uma breve procura com os olhos — foi na direção da pia, na intenção de lavá-lo e antes prendendo o cabelo colorido em um simples rabo-de-cavalo, afinal ele havia custado caro. — Você tem café? — A pergunta saiu depois de alguns segundos focada em deixar o copo impecavelmente limpo, por mais que não precisasse.

O tempo corre ainda mais rápido enquanto os novos companheiros aproveitam para conversar, e uma mensagem é recebida no technophone de Ale'ek.

Buck escreveu:

Opa, e aí parceiro?
Tá na hora hein, conseguiu falar com a menina? Tem que estar tudo pronto, vou explicar o que vocês vão ter que fazer agora. Eu disse que você iria acompanhado por um cara experiente, certo?
O nome dele é Hoeu, ele é um cara meio bizarro e tudo, mas é um de nossos membros mais antigos. Além disso, ele teoricamente é o capitão da missão, mas o problema é que o cara é mudo então você vai ter que dar uma ajudinha.
Ele tá esperando você e a bonitinha nos hangares ali do centro da cidade. Hangar A78, mas não se atrasa não. O cara é mudo, mas não é burro.
Boa sorte na missão Ale'ek, estamos contando com você. Pra te inspirar to anexando uma cena foda de Star Wars, assiste aí!