Honra em sangue.

*Ao ouvir a tradução feita por Cody, Heylel abaixou suas mãos levando uma até a outra começando a estalar seus dedos destros já que o esquerdo apesar de parecer de carne e osso era sua prótese mecânica, só que pelo costume ele espelhou os movimentos de uma mão na outra por mais que fosse inútil. Os olhos seguiam num forte tom de amarelo brilhante, suas fortes emoções não conseguiam ser tão bem disfarçadas assim*

-Então foram vocês que explodiram minha nave? Muito bem, eu estava querendo mesmo dar uma surra em alguém. *Antes que ele pudesse avançar para sair metendo o braço naqueles quatro oponentes, o Kroyvisiano ouviu um "ESPERA!" de seu androide e acabou permanecendo parado no mesmo lugar já que não era do tipo que agia imprudentemente, ao menos, não propositalmente*

-Boss, não sei se você viu, mas a Miyano está exposta ao fogo cruzado, e bem, eles não são nossos inimigos, se você pensar bem quem explora esse Planeta é a Aliança, então eles são inimigos dela tanto quanto nós e se já não chegaram atirando estão suscetíveis a conversa, então vamos com calma, tudo num passa de um mal entendido, vamos dialogar e quem sabe conseguiremos consertar a nave e de quebra ganhar o aliado casca-grossa que precisamos pro nosso grupo, afinal, o que se encaixa melhor nesse perfil do que um Okro? *Apesar de ser uma maquina, Cody sabia usar as palavras convencendo a maioria e isso não foi diferente para Heylel que uma vez mais suspirou e voltou a levantar as mãos na altura do peito para demonstrar que de fato estava desarmado e não iria atacar ninguém já que bem, seu Familiar estava certo*

-Miyano é um garoto, e você tem razão, só iriamos perder tempo lutando e provavelmente o planeta deve estar cheio deles, um Battle Royal não seria viável, só que bem, você sabe que eu não tenho lá muitos talentos diplomáticos, então é com você, se conecte ao meu modulador de voz e convença-os de que somos amigos. *Como sempre um "Yes Boss" foi escutado embora Cody tenha tomado um susto de leves, como assim Miyano era homem? Ta, iria ver isso depois, agora a I.A se esforçava para transformar suas escritas em texto modulando a voz para ser a mesma de seu mestre fazendo então parecer que era ele falando, tudo o que o albino precisava fazer era dublar e atuar sutilmente para ficar um tantinho mais convincente, chegou até mesmo a coçar a garganta para isso*

-Companheiros de Gutaro, nós viemos em paz! Apenas viemos buscar uma amiga que se localiza neste local, como podem ver já estávamos de saída e desarmados, então por favor, se forem vocês que explodiram nossa nave, já podem cessar fogo pois temos os mesmos interesses que os seus contra os Garesianos e sua Aliança. *Pelo uso do modulador, toda a fala saia traduzida para os Okros em sua linguagem, o que para Ellora, Miyano e Nelai e até mesmo o invasor oculto ali iriam entender absolutamente nada parecendo até quem sabe um papo de loucos*

-Peço por favor que cessem a investida, estamos do mesmo lado e iremos nos retirar assim que nossa nave for reparada. *Cody conversava com Heylel também em simultaneo tentando saber se havia algum gesto que os Gutaro poderiam se agradar, só que bem, ele não conseguia se lembrar e não era algo que podia simplesmente conseguir acessando navegadores e pesquisas, então ficou só daquela forma mesmo esperando que ao menos a diplomacia desse certo*

Os quatro Okros se entreolham, inicialmente calados. Depois disso um deles avança subitamente na direção de Heylel, irritado com sua maneira de lidar com a situação.  Aquilo foi a gota d'água para o líder daquele grupo.

Com um movimento rápido ele tenta acertar a cabeça do ciborgue com uma coronhada de sua arma, ao mesmo tempo que um colega de batalhão levanta sua mão com um gesto para o ar. Eis então que surgem dois franco-atiradores por cima das bordas da plataforma de pouso e miram suas armas no grupo rebelde.

— U Gutaro, o geju u kekaruçãeh jo Tuntau, ocgá sumcuju joaisoc ocglumtoyulec nocwyumfec wo bên uwyu con semfosyunomgeh urtan jo meaisu usargalu o jo cowol meaiseh yujyuenu o mec yumcargun sen cau klocomçu. Oaisoc uwyu bãeh kulu u Khakatulo, o móc bucsarfulonec eh kelgeh on vacsu jo nuyuc vuluguc. Co urtaén gyubol yumhelnuçãeh cevlo urtanu, kejolonec locerbol yuaiseh con senoçul u ugyulul.

Tradução:

Depois disso, alguns civis que estão atrás ou ao lado de Ale'ek e Nelai os observam com olhares assustados, e parecem hesitantes. Alguns deles até alternam olhares entre estes e os Okros que agora apontam suas armas para o pequeno grupo a frente.

Diante da situação, os ajudantes de Ale'ek permanecem na nave desligada. A garota prontamente responde o chamado do capitão.

— Eles são parte da Gutaro, uma das maiores gangues que aterrorizam o planeta. Odeiam qualquer tipo de estrangeiro e querem levar eles para uma prisão onde serão forçados a trabalhar como pagamento por terem explorado sua terra natal. Você não pode deixar que te encontrem, Ale'ek.

*O albino seguiu observando a movimentação do outro... O que diabos Llyani estava querendo naquele lugar se era estrangeira também? Ficou até curioso sobre o destino atual daquela barbara naquele planeta do qual não seria um dos melhores, principalmente pelo clima que ela poderia não resistir bem por não ter uma pele tão resistente quanto dos Okros, provavelmente ela não sabia direito para onde estava indo*

-Isso faz parte da sua cultura? Bater em alguém desarmado? *Segurou a arma com muita facilidade por ter feito isso com sua mão de protese que muito se assemelhava a um braço real, consequentemente o Okro que estava sendo "pressionado" ali confundiria a força de Heylel que sequer tremia para segurar aquele golpe forte começando a apertar a arma causando um dano crescente nela dado o aperto. Toda a fala dele era traduzida pelo modulador*

-Os estrangeiros mesquinhos são os Aliados, os membros da Aliança, nós não temos nada a ver com isso. *Começou a forçar a arma para baixo, essa que já não mirava mais em si e antes que pudesse levantar o punho para bater no outro, novamente foi parado por seu Familiar que de novo o pediu para esperar*

-Tsc, qual a diferença entre vocês e aqueles que te exploram? Vocês apontam armas para mulheres e crianças que em nenhum momento os ameaçaram em nada, essa é a cultura que vocês tem a mostrar para os outros? A mesma cultura que vocês estão lutando contra? *Apesar do dito ser Diplomatico, ele carregava uma ira que ia gradativamente subindo e isso era acompanhado dos olhos que iam tomando cada vez mais intensidade no brilho, agora os dois lideres estavam frente a frente ali bem próximos um do outro*

-Eu esperava mais de vocês, ainda mais por ter conhecido outros Okros da Reconquista que lutam pelo mesmo que vocês, mas nenhum deles nunca foi tão baixo de armar um grupo inteiro contra pessoas desarmadas, então se quer matar alguém aqui com sua hipocrisia deixe pelo menos a mulher e a criança irem embora! Do contrário eu terei que ser obrigado a lutar com você, Representante. *O aperto mais forte trincou boa parte da arma daquele Okro que por estar tão próximo podia ver nos olhos daquele Kroyvisiano uma intensa vontade de proteção que poderia se tornar algo implacável caso ele ousa-se ameaçar a dita mulher e criança que estavam mesmo no campo de visão dele por estar ali próximos da nave observando o desenrolar da situação sem nada entenderem por não saberem o dialeto daquela conversa*

A primeira reação de Miya foi se encolher atrás da pessoa mais próxima, apertando o lençol caído pelos ombros com suas mãozinhas. Além disso, ele escondia a arma na calça, bem próxima ao suspensório, então caso realmente fosse necessário poderia pegá-la de imediato.

A coragem de Heylel era algo que Miya admirava e ao mesmo tempo o deixava extremamente preocupado, não sabia se era sinal de bravura ou de estupidez. Depois de claramente deixarem os homens ainda mais irritados, Heylel parecia bem disposto a cuspir provocações.

Tudo o que restava para Miya era confiar em Heylel e aguardar suas ordens.

O Okro arregala seus olhos diante da atitude do ciborgue, totalmente surpreendido com sua força impressionante. O representante claramente não esperava tanto de um estrangeiro, ainda mais daquele tamanho e da baixa massa muscular se comparado com um nativo.

Aqueles presentes também se assustam com a façanha, e se entreolham novamente enquanto se perguntam se deveriam continuar com aquela pressão. Antes que a intimidação de Heylel fizesse real efeito, porém, os dois franco-atiradores que observam a ação ao longe se alarmam, e um disparo alto é ouvido.

A HK PSG1 é um fuzil de caça de alto calibre, desenvolvido para matar bestas e feras selvagens. Muitas são necessárias num local como Tuntau, que sofre com uma fauna agressiva e más condições de vida, e de bônus ela tem um ótimo potencial de perfuração para armaduras. E é exatamente um disparo dessa arma que corta o vento com um barulho sibilante até Heylel e atinge seu ombro , num mero erro de pontaria do franco-atirador.

— YU jyujm'g quumg chyuc geh vo ryupo chyuc. — Ele diz com raiva enquanto recupera a coragem diante do oponente ferido. — Chyuc emo usura vo ozosagoja hel fyuc evojyuomso! Yuh emo eh iea klohol cho jouch chom seekolugyuem quyuch ac, quo quyura meg lotulog kaggot u varaog em ieal quoup foujc!

Tradução:

*Olhando rapidamente para os lados, ela podia notar uma criança que pelo jeito também era do time deles. Por esse motivo, ela discretamente dava alguns passos para o lado, se aproveitando do momento em que Heylel tentava dialogar com aqueles armários gigantescos, mesmo com ela não compreendendo o que diziam.
Naquele momento ela pensava que deveria ter prestado mais atenção sobre o que o pai dizia de conhecer não só a cultura dos povos, mas também seus idiomas distintos. Bom... não é que Korum estava certo?
Ela agora ficava do lado da criança na intenção de ajudar rapidamente caso a coisa ficasse mais feia do que já estava, segurando o arco já na posição certa pra não perder tempo diante de um ataque.
E outra vez ouviam um novo barulho, com Ellora se assustando ao ver o tiro ir na direção de Heylel, embora sua expressão se mantivesse séria já que uma das coisas que Korum havia feito, era treinar a filha para não demonstrar emoções que chamassem atenção de seus inimigos durante uma batalha.
Por esse motivo, ela discretamente utilizava sua energia mística, usando o curar para tentar ajudar Heylel, mas sem sair de onde estava e tentando não fazer nenhum gesto que fosse avisar os adversários do que ela pretendia fazer, já que não seria nada bom se percebessem a intenção da mestiça.*

*O tiro perfurou a carne e bateu no osso blindado do albino e por isso não seguiu perfurando ou causando ainda mais estrago no mesmo cujo próprio sangue voou contra o rosto o manjando na lateral, ele que apesar do dano apenas esboçou a reação de quebrar a arma alheia a segurando com ainda mais força e então levando a mão ao pescoço do lider ali presente o segurando e o erguendo do chão com facilidade tremenda, algo muito fora do natural para um ser daquele porte como já fora mencionado*

-Cooperar? Eu não sei de quaisquer outras "baratas" que está mencionando, se houverem possivelmente são da Aliança que me seguiu até aqui, coisa que você aparentemente não é já que não está tentando me capturar como eles. *O aperto era tão forte que era muito similar a de uma cobra de grande porte que ao capturar seu alvo é simplesmente impossível se livrar daquilo e fazer aquilo mesmo após ter sido baleado era quase que um feito de um monstro que parecia não se importar com mais nada*

-Você é um homem sábio e consegue perceber que se eu quisesse eu já teria te matado, se você cessar fogo agora podemos conversar como pessoas civilizadas e esclarecer ainda mais as coisas, do contrário eu quebro seu pescoço, sua vida vale isso? Um mal entendido? Sua família, seja ela de batalha, seja ela civil que está em casa o esperando, eles merecem sua perca? Estou te dando a ultima chance, nós não somos inimigos, só que você não está me dando escolhas pacificas com a sua violência desmedida, eu tenho família, filhos me esperando e não vai ser você e sua cabeça dura que vão me impedir de leva-los de volta para casa, essa é a ultima chance de fazermos o certo, Okro. *A aura dourada surgia pela visivel irritação do rapaz que tinha suas tatuagens tão brilhantes quanto o que foi conveniente já que disfarçou a cura de Ellora fazendo parecer que era um fator de cura do próprio Heylel que de fato o tinha, só que era como o de Llyani apenas se ativando em momentos de "descanso" impedindo o corpo de conter cicatrizes não sendo então tão útil em batalha. Ao ver a ferida se fechando, provavelmente a intimidação seria maior já que aquele Okro percebera que seu inimigo além de muito forte fisicamente seria difícil de derrubar por conseguir restaurar seus ferimentos*

- “Vamos lá.. só mais um pouco...você consegue Ellora...”

*Ela pensava consigo mesma enquanto tornava a se concentrar, esvaziando a mente de tudo em volta e até mesmo dos próprios pensamentos, seguindo tudo que tinha aprendido quando treinava com os Mistiimerianos e Pirion, se lembrando também das dicas que recebia de Syga.
Aproveitando quando a aura de Heylel se manifestava, ela utilizava outra vez a energia do curar, permanecendo naquela forma mais discreta, tentando ganhar mais tempo para eles, torcendo para que dessa vez conseguisse restaurar e recuperar ainda mais o dano que Heylel havia sofrido.*

Notou a conhecida de Heylel se aproximar, provavelmente preparada para evacuar caso a negociação de Heylel desse errado. Apesar disso, não deu tanta importância para a mulher.

Os olhos da criança pareciam focados em Heylel, provavelmente mais atento ao discurso do que os próprios Okros, palavras que deixaram a criança severamente abalada por se assemelharem ao discurso de Burnes quando Miya matou aqueles homens na nave. Ouvir isso da boca de Heylel parecia ainda mais efetivo do que vindo de Burnes. E mais doloroso.

Encarou o chão com uma expressão entristecida enquanto tentava não pensar demais no que havia acontecido, mas o gosto amargo não deixava sua boca, por mais que abraçasse o próprio corpo com força desproporcional ao tamanho, quase de maneira auto-destrutiva. Miyano parecia congelado e preso aos seus próprios demônios interiores, especialmente por que estava disposto a se acostumar e aceitar o fato de que matara aqueles seis homens, e essa naturalidade o deixava apavorado.

O Okro não têm reação quando se vê erguido acima do chão. A força empregada ainda bloqueia sua traqueia, o que o impede de dar ordens aos outros Okros. Tudo o que pode fazer é erguer as mãos e segurar com força o braço de Heylel numa tentativa de se soltar.

A operação é mais difícil do que parece. Os membros da Gutaro geralmente tem soberania em áreas importantes do planeta como o Porto de Bainor, e ver aquele forasteiro enfrentar um grupo alarma muitos que assistem a confusão. Alguns parecem fascinados, mas outros o vêem como vilão. Isso até os outros dois disparos serem ouvidos, um de cada franco-atirador.

— Da e eh cahyusyuomgo, helucgoyuleh. Ocserfu utelu co buyu col robujeh ugé Khakaluto ea co kloholo col nelgeh uwyu nocneh. Dá jobolyuu co comgyul femlujeh jo jocuhyuul u Gutaro o cevlobyubol!

Tradução:

Enquanto isso, os aliados de Ale'ek fazem o possível para traduzir simultaneamente o idioma nativo, ao mesmo tempo que se preparam para contatar reforços caso o capitão seja capturado.

— Ale'ek, não é bom para nós que o alvo morra. Precisamos assegurar que ele viva e escape de Khakaluto. Acha que pode fazer isso ou devemos chamar reforços?

*O ferimento se recuperava ainda mais se fechando quase que totalmente restando apenas uma pequena cicatriz por cima ao qual ainda estava dolorida, mas nada que seus Ultra Genes não dessem conta posteriormente, inclusive, eles pareciam agir ainda melhor com a energia de Ellora fluindo sobre seu corpo daquela forma e por isso sabia que era obra dela, a energia mistica é de fato algo muito particular*

-Finalmente um pingo de sensatez, sabia que você era sábio. *A fala seguia sendo traduzida em simultâneo ao seu modulador de voz. Quando o primeiro tiro veio, ele usando de seus reflexos moveu a cabeça para trás deixando a bala passar direto e atingir o chão, já o outro projétil veio direto contra a cabeça daquele que segurava provavelmente por falta de precisão do atirador por causa da extrema proximidade, acontecia de forma natural, por isso normalmente não se atira em quem segura um refém, ainda assim, o albino foi rápido colocando sua mão na frente que por possuir a blindagem óssea como os demais ossos do corpo, não foi atravessada salvando assim a cabeça daquele líder*

-Iremos então até esse lugar, mas a mulher e a criança ficam. *Disse e soltou o homem finalmente o deixando pisar no chão e então estendeu o punho fechado para o mesmo o abrindo frente seus olhos para mostrar a bala alojada em seu palmo do qual ele retirou com os dedos livres e deixou cair no chão*

-Essa era para você, já disse que não sou seu inimigo, vamos até Khakatulo já que é o que tanto quer. *A mão ferida sacudia para fazer escapar do excesso de sangue ali. O okro poderia achar no minimo bizarro um homem ser alvejado por armas daquele tipo e sequer esboçar uma unica reação de dor mantendo sua expressão séria manchada com o próprio sangue -feel like a edgy boy-*

*Ao ver que a cura fazia efeito mesmo que lento e não curasse Heylel totalmente, Ellora já se sentia mais aliviada de pelo menos ter conseguido ajudar um pouco com aquele ferimento, agora se preocupando ao perceber a própria energia mais baixa, suspirando por já saber o que fazer mas não gostando muito de precisar daquele momento, em que várias coisas ruins podiam acontecer.
No entanto, não tinha escolha e se concentrava para meditar, com a palavra ecoando na mente, já que ela não ia arriscar falar em voz alta e chamar a atenção dos gigantes.
“Manakaro...”
Ela se concentrava e permanecia meditando para recuperar nem que fosse um pouquinho do que havia gastado, querendo se prevenir caso tivesse que auxiliar Heylel novamente.
Porém, ao ouvir o que o albino dizia para os adversários, Ellora pigarreava com uma expressão preocupada na face, olhando o rapaz, sussurrando.*

- Mas...

*Algumas imagens voltavam até a mente da mestiça, com ela revivendo quando tinha que deixar Zaret para trás além da morte de Dalen, e por último, a confiança que Syga tinha depositado nela para ajudar Heylel, com ela não gostando dele querer ir sozinho com aqueles armários. Era como se assim, ela estivesse falhando em proteger mais um líder da equipe que fazia parte, apesar de ter a criança também, que Ellora julgou ser importante para ele.
Se sentindo dividida ela fitava a criança de um modo preocupado e confuso, realmente não sabendo bem como agir agora, mas ainda demonstrando que não gostava nada daquela ideia de deixar Heylel sozinho com aqueles caras.*

— V-Você tem razão, senhor. —  Murmura Whale de dentro da nave, finalmente baixando seu tom para Ale'ek. —  Vamos consertar o que fizemos e conseguir o que viemos buscar. Mas antes...

Ela para quando o Okro começa a falar e desliga o rádio para prestar atenção em suas palavras.

Assim que o ciborgue se rende, é possível ver um sorriso se formar por trás do visor daquele que representa o pequeno bando. Ele faz um breve sinal com os dedos para aqueles que estão atrás de si e um deles leva um pedaço de tecido molhado e enegrecido até o rosto do estrangeiro. Não é nada mais do que uma substância forte que induz o afetado à inconsciência.

Depois disso, os brutos cercam Miyano e Ellora, ao mesmo tempo que apanham cordas e olham fixamente para seus pulsos, com a ciência de que elas não conhecem seu idioma. Além destes, os dois franco-atiradores se voltam para elas e ajustam seus escopos.

— Bunec robul oaisoc glêc yumglacec, o yuaiseh tuluçuc u an jo besêc wo mec ubyucea jo cauc klocomçuc. Byubu u Guntaro! — Ele exclama orgulhoso, acompanhado por alguns outros poucos Okros presentes no porto. — Utelu won wol wo gomfu yumhelnuçãeh cevlo eaglec uryuomítomuc uwyu meh kelgeh, ocgulonec klonyuumjeh sen urguc wumgyuuc on Jashi.

Tradução:

No mesmo momento, uma Okro jovem (provavelmente uma criança) olha fixamente para Ale'ek. Ela é provavelmente o único que o vê em meio a multidão atenta na ação.

— Ele está oferecendo recompensas para delatores, Ale'ek. Precisa se certificar que ninguém o avise de sua presença!

*Com o sinal dado, Heylel já imaginou que viria alguma emboscada sobre, mas na realidade veio apenas um daqueles brutamontes com algo em mãos do qual já sabia o que era por experiencias passadas, claro, ninguém em sã consciência, mesmo aqueles selvagens deixariam alguém tão difícil de derrubar acordado, logo, por entender a situação levantou suas mãos, estava mesmo desarmado*

-Até mesmo um povo primitivo como vocês tem coisas como essa, interessante. *Um formigamento veio ao corpo do albino que podia associar aquilo apenas uma coisa... Um cavaleiro estava perto, mas nenhum estaria ali, então a unica opção era*

-... *Olhou para a multidão identificando algo, mas logo o pano fazia efeito fazendo os olhos perderem a cor e o brilho e em seguida o corpo veio rapidamente ao chão e devagar os olhos iam se fechando ficando entre abertos*

"-Aquilo... Maldito, nos tínhamos um acordo..." *Estendia o braço, mas a força faltava, os olhos voltaram a brilhar em amarelo do qual se apagou poucos segundos depois quando tudo escureceu para o rebelde*

*Ellora voltava a permanecer em silêncio enquanto se concentrava e voltava a meditar, torcendo para que pudesse ir se recuperando, realmente não gostando nada da ideia de Heylel ser levado. Esvaziava sua cabeça e se mantinha focada, pensando apenas na própria energia mística aumentando, a envolvendo, a enchendo de segurança.
Torcia para que a companheira do capitão estivesse em segurança, sabendo que como o pai se preocupava com a mãe dela, Heylel provavelmente estaria uma pilha de nervos sem saber o que teria acontecido com a noiva, ou namorada.. ou.. seja lá em qual modo de relacionamento estavam.
Os olhos se arregalavam quando avançavam em Heylel e o faziam ficar inconsciente, com ela logo dizendo com o tom de voz aflito.*

- Heylel!

*Pensava na criança que estaria presenciando aquilo e só tinha tempo de erguer o braço direito e envolver o pequeno corpo, não sabendo se a criança aceitaria isso ou não, mas com o instinto reagindo para proteger o pequeno parceiro de equipe que tinham, murmurando para que a criança a escutasse.*

- Vamos dar um jeito de escapar, e levar Heylel com a gente. Vai ficar tudo bem...

*Mesmo agora vendo os soldados em volta dela e da criança, Ellora se mantinha na mesma posição, indicando que não deixaria o pequeno sozinho e fitando Heylel caído com um olhar preocupado e desesperado, não podendo atacar já que estavam na mira daquelas armas com aqueles armários em volta.
Tudo que podia fazer era torcer para que fossem levados para o mesmo lugar, para assim conseguirem formar um plano de fuga juntos.*

Como nenhum dos companheiros demonstrava sinais de resistência, Miya optou por também não demonstrar. Preferia não agir de forma precipitada e inconsequente para que não piorasse a situação.

Se Heylel havia optado por evitar um confronto direto, então assim seria. Também não poderiam envolver tantos inocentes no fogo cruzado, então talvez tivesse sido a melhor opção.

Estava tão absorto nas probabilidades que não percebeu a mulher se aproximando para envolvê-lo com o corpo até que a ação já estivesse feita.

Sua maior preocupação era que fossem separados quando levados, especialmente por Miya ser um alvo fácil e sem experiência alguma em combate real.

Calado e quieto, decidiu respeitar a decisão dos companheiros.

Satisfeito ao ver que o resto dos alienígenas não ofereceria resistência, o líder do bando ordena que seus homens amarrem a Zathriana e o pequeno Miyano. Ao menos ele teve empatia o suficiente para deixar que ele ficasse ao lado de Ellora durante o ato.

A pequena garota Okro ao lado de Ale'ek fica chocada por um instante. Por mais que sua forma seja desconhecida para si, ele é inegavelmente belo e traz uma sensação estranha nela, como uma paixão platônica. Apenas olhá-lo nos olhos já faz seu coração bater mais rápido, e ela não consegue evitar de desviar os olhos para o céu em uma tentativa falha de esconder o sentimento. Por mais que a recompensa oferecida pela Gutaro fosse ajudar sua família, ela simplesmente sente-se incapaz de causar qualquer mal ao mestiço.

Nisso, o bando parte escoltando os alienígenas até o elevador e, depois de um andar somente, até um grande veículo de transporte em péssimas condições que os aguarda do lado de fora do porto. Este não passa de um monte de sucata que por algum milagre consegue funcionar em meio aquele planeta árido e com pouca vida.

De fato, todos os capturados são colocador juntos com três dos quatro homens que os prenderam momentos atrás enquanto o quarto dirige o veículo. Ao longe, eles podem ver nuvens esverdeadas se formarem acima do solo seco de Tuntau, denunciando que mais tarde haveria uma das conhecidas chuvas ácidas do planeta.

Após alguns minutos de viagem, os dois na parte traseira do veículo também são sedados pelos Okros, dessa vez de forma mais tranquila do que foi com Heylel. Nesse curto caminho que fizeram, porém, puderam observar algo curioso sobre Tuntau: é um planeta cheio de vida, mas de uma vida hostil. Plantas são carnívoras, espinhosas ou venenosas. Animais são todos adaptados a sobrevivência e ferozes, impossibilitando a domesticação, e até mesmo a água é quase toda contaminada pelo pó de ferro que paira pela atmosfera do planeta. Nesse contexto, a selvageria dos nativos é quase justificada.


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Ellora, Miyano e Heylel estão num canto isolado de uma prisão que mais parece um pequeno vilarejo, cheia de membros de diversas raças alienígenas (exceto Okros, obviamente). Todos ali parecem ter um olhar cansado e perdido, e ninguém parece realmente se importar com suas presenças. Ao seu redor, poucos exemplos de tecnologia.

O clima é quente mas as nuvens esverdeadas de antes já não estão em lugar algum, indicando que estão bastante distantes de onde foram capturados. Ainda assim, não parece que muito tempo se passou uma vez que o astro luminoso daquele sistema está mais ou menos na mesma posição. Provavelmente passaram-se algumas dezenas de minutos, no máximo uma hora.

Ale'ek e Nelai não foram capturados por seus próprios méritos e estão livres.

*O calor era incomodo e fazia o albino acordar aos poucos, seus olhos vermelhos pela calma imposta em si logo tomavam tom de amarelo, não podia evitar de sentir ódio do homem que havia traido o acordo que haviam feito. Se levantou bruscamente e sentiu uma leve tontura, não deveria ter feito isso, colocou então a mão na testa e suspirou pesadamente, por pouco não caiu por conta própria*

-...? *Olhou suas mãos, roupas e o que mais podia de seu corpo, não haviam sinais de tortura, aprisionamento ou qualquer outro abuso... O que diabos estava acontecendo ali? Olhou ao redor vendo aquelas pessoas, inúmeras raças, começou a se perguntar se Llyani estaria ali. Em sua busca percebeu que Ellora e Miyano estavam ao seu lado, também adormecidos e pareciam bem, sem nada tomado de si nem fisicamente, nem moralmente*

-Mas o que?... Ta, Ellora, Miya, acordem. *Batia de leve no rosto dos dois para desperta-los e já seguia verificando o corpo dos mesmos que aparentemente, tal como ele, não tinham traço nenhum de alguma situação estranha, tudo parecia estar no mais perfeito normal*

-Vocês estão bem? Feridos? Estão com alguma dor? *Apoiou a mão nos ombros deles, estava nitidamente preocupado o que era fora de seu normal que era normalmente "estoico" para não dizer EDGY!*

Miya acordou com a voz de Heylel ressoando em sua cabeça, levando um tempo até sua consciência se estabilizar e ele realmente estivesse em algo mais próximo de "acordado".

Ainda sentia-se dormente e um pouco tonto, provavelmente ainda sobre um leve efeito dos sedativos, por isso cerrou os olhos antes de notar que Heylel lhe havia feito uma pergunta. Entorpecido, havia sentido apenas uma ardência no rosto devido ao tapinha de Heylel.

- Ah, sim, estou bem. - E olhou para a moça que sequer se lembrava do nome, também parecia prestes a recobrar a consciência.

Dando uma olhada cuidadosa no ambiente, Miya pareceu confuso.

- Isso... não parece uma prisão? - Era uma afirmação, mas por algum motivo Miyano entonara como uma pergunta.