Honra em sangue.

Quatorze apenas balançou a cabeça negativamente, decepcionado com a situação. Ele não está nervoso, mas já conhece bem aquela situação. Seria difícil explicar para seus homens o motivo de deixar aqueles prisioneiros escapar, mas teria que fazê-lo perante a situação de Khty. De fato é difícil ver seus princípios entrando no caminho de seus outros princípios.

— Vocês estão errados! — Vociferou, principalmente para a Okro. Apesar de ouvir o que o ciborgue tinha a dizer, não se importa com a vida de um alienígena. — Eu me orgulho de fazer parte de uma raça que sobreviveu dias e noites de um dilúvio mortal! Que cruzou mares de uma terra fragmentada para achar uns aos outros! Que derrotou feras lendárias para garantir o alimento e a sobrevivência de suas famílias! É isso que significa ser um Okro!

Por mais que não compreendam o que seu líder diz, alguns da estação se contagiam por suas palavras conforme ele discursa e caminha ao redor. O laço entre os membros daquela raça despedaçada são tão unidos que chegam a compartilhar emoções em momentos como aquele.

— As pessoas que você protege provavelmente mataram Pagur, um irmão de todos nós que dedica seu tempo livre a resgatar crianças que se perdem de suas mães durante grandes temporais. Acabaram de alvejar a mim em um momento de distração, porra. Não importa se são cinzas ou se são verdes - os aliens só querem saber do nosso potencial. Não importa se sua bandeira é azul, vermelha, rosa ou amarela - o meu interesse e o seu não são os mesmos. Os Okros podem lutar sua própria luta, mas tanto eles quanto vocês usam da mesma tática de promessas vagas para usar a nossa força. E eu nem mesmo julgo os seus amigos, porquê eles mesmos devem estar sendo enganados. — Ele então olha diretamente para Heylel, Ellora e Miyano, fazendo questão de encará-los. — Estão sendo usados enquanto tentam não ser usados. Estão representando os interesses de uma raça que nem mesmo conhecem. E trazem essa doutrina falsa aqui, para um solo que serve como lar para todos nós!

Depois que termina, Quatorze apenas recua e adentra vagarosamente a instalação. De lá, ativa um pequeno comando que estende a ponte entre a baía e a torre de observação onde está o trio.

— Vocês vão sair daí porque uma Gluyugak intercedeu, mas com a condição de que mandem alguém entregar materiais para a construção de Kakhaluto. Não quero mais fazer parte de um debate fútil contra ideias fracas.

*Heylel estava prestando atenção para fora e por isso não estava atento a Miyano ou Ellora, porém, voltou o olhar para os dois e ao ver a criança mirando em alguém, apenas sorriu, aquele garoto estava mesmo afiado e isso era muito, muito bom para si, porém... Quem ele havia chamado? Queria ter escutado aquilo errado*

-O que você disse Miyano? Com quem você está falando? *A criança não tinha culpa de nada, mas o homem a sua frente despejou nela toda sua raiva apenas com o olhar, era como se o fizesse em pedaços só por estar perto, o garoto provavelmente nunca viu tamanha demonstração de violencia apenas no tom de voz, apenas nos olhos de alguém direcionado para si*

-Você orgulha de uma raça que age da mesma forma que seus agressores? Ser um Okro é sequestrar e separar famílias, expor inocentes a trabalho escravo e clima ruim para as demais raças por mero egoismo, igual os Garesianos? Você tem razão Okro, eu estou completamente errado, nós não lutamos pela mesma causa, porque vocês são da mesma laia que a Aliança. *Teve que se distrair do menor, aquele homem falando a fora o trazia uma forte sensação de repulsa, era como estar falando ao vivo e a cores com um Garesiano, aquilo o dava nos nervos intensificando ainda mais toda a negatividade que já estava sentindo*

-Eu matei seu amigo e assisti o cadáver dele derreter na chuva acida que vocês obrigaram a mim e todas essas pessoas a passarem sem abrigo caso não tenham dinheiro para ficarem debaixo de um teto, eu tentei te matar porque você sequestrou e machucou minha familia, e o seus irmãos que tanto ama tentaram me matar simplesmente por eu ter aterrizado aqui e não ser da mesma raça que vocês, apenas sobrevivi porque tive sorte e isso tudo frente a minha família que não entendeu nada, viemos buscar um amigo e fomos atacados, pressos e quase mortos; é disso que você tem orgulho, Okro? De propagar o ódio? De fazer família matar família? De salvar suas crianças enquanto outras queimam até a morte em acido? Se é essa sua intenção eu não vou sair daqui pelo nome que você quiser que seja, eu vou sair daqui depois que libertar esses pobres coitados da sua tirania, se você quer recursos, se você quer mão de obra, eu com certeza os darei como cavaleiro da Ordem da Virtude, mas em troca terá que libertar seus escravos, do contrário, irei lutar, a Aliança não vai prevalecer em lugar algum mesmo que aqui vocês a chamem de Gutaro. *Depois de toda a fala, voltou seu olhar para Kitty, aparentemente estava tão irritadiço quanto ela, quem sabe até mesmo e ela por conhece-lo saberia bem que ele mentiu, isso era notável uma micro-expressão ou outra, só que não havia como 14 saber disso, nem ninguém ali, no maximo Miyano*

-Você é minha irmã Kitty, o mais próximo que tenho de alguém de sangue e espero que não esteja ligada a esses Garesianos blindados, saia do caminho porque minha luta não é contra você, se não quer escolher lados, ótimo, mas não me peça para aceitar o comportamento tipico dos Aliados só porque eles tem a mesma cara que a sua não sendo cinzentos e cabeçudos; Ellora, me da o rifle, foque na cura, Miyano, fique escondido, jogue esse comunicador fora e só atire nos intervalos de recarga inimiga, ele estará vulnerável por estar carregando, não podemos hesitar, o que está no nosso caminho deve ser destruído. *Sinalizou com os dedos para ajeitar as posições de todos ali, depois estendeu a mão para pegar o rifle que seria jogado para si, pelo pouco que conhecia daqueles Okros sabia que eles não tinham consciência de seus atos hipócritas ao seu ver, teria que matar "poucos" para libertar "muitos", esse era um legado de um cavaleiro virtuoso*

*Ellora permanecia em silêncio e suspirava baixinho ao perceber que pelo jeito iam continuar ali mais um pouco, mas não podendo culpar Heylel de ter aquela atitude. Na verdade, ela mesma achava injusto as pessoas daquela prisão serem usadas e exploradas daquele jeito, não tendo liberdade e sendo julgadas por serem aliens. Mesmo que por um lado pudesse compreender os Okros e seus motivos, ela não deixava de negar que não queria mais ver aqueles prisioneiros sofrerem e sendo excluídos e presos.
Virava um pouco a cabeça no meio dos próprios pensamentos, se perguntando com quem que Miyano estava falando, já que a audição dela sempre captava as coisas, mas voltando rápido o olhar na direção do albino, se surpreendendo ainda mais com a agressividade do mesmo, não para com os Okros, mas sim para com a criança.*

- Heylel... ei, não vamos brigar entre nós... o importante é a família ficar unida não é?

*A mestiça logo se assustava um pouco com a forma que o albino se dirigia à Miyano, olhando de um para outro e logo entregando o rifle para Heylel, dando alguns passos para trás e fazendo carinho na cabeça da criança, mostrando conforto e para acalmá-lo caso as palavras de Heylel tivesse o assustado ou o magoado de alguma maneira, murmurando.*

- Está tudo bem Miya, você tem sido corajoso e muito forte... tenho certeza de que Heylel teve seus motivos para falar assim, mas sabe que ele não te magoaria de propósito né?

*Ela sorria para Miyano e depois se colocava na posição de cura, ficando mais próxima de Heylel, o suficiente para que pudesse alcança-lo ou realizar sua cura mais de perto, embora tivesse uma parte dela que havia ficado esperançosa de irem embora, mas por causa de Miyano, já que ela não queria que a criança ficasse na mira das armas novamente.
Piscava meio confusa quando Heylel falava sobre o amigo do Okro que ele tinha matado e derretido na chuva ácida, não entendendo bem aquela parte, já que isso não tinha acontecido enquanto estavam juntos, mas preferindo não questionar e voltava a ficar em silêncio aguardando o que iria acontecer e a resposta do Okro e da ahn.. seria uma amiga ou parente de Heylel? No entanto, ela não parecia nada feliz com a situação também, e a mestiça se perguntava onde que isso ia terminar.*

Miyano sobressaltou com o tom de Heylel, claramente descontando a raiva na primeira pessoa a sua frente. As vezes o albino parecia ter menos maturidade que a criança, e se contentar com discursos bonitos para o inimigo, quando suas ações faziam o exato contrário.

Miya não conseguia entender o que se passava na cabeça de Heylel.

Apenas se encolheu, mandando uma mensagem para Melroa dizendo não poder falar agora, mas manteve o comunicador para si mesmo. Não ia se livrar do único contato ao meio externo por causa do mal-humor de Heylel.

Optando pelo silêncio para que não deixasse o albino ainda mais estressado, apenas tomou um canto seguro, onde não levaria nenhum tiro de algum ponto cego.

Aquele não seria o melhor momento para um conflito interno, por isso manteve os pensamentos para si mesmo.

A ausência de resposta e a mensagem de texto não me ajudaram a ficar tranquila. Andei pela nave até achar um sobre tudo que ia até a metade da minha panturrilha e o vesti.

¬ Onde você está? Me mande sua localização exata e eu vou te buscar!

Coloquei o capuz, escondendo meu cabelo. Então segui até a poltrona com a xícara de café enquanto tomava um gole. Liguei a nave, deixando-a pronta para partir.

O Okro recebe o último golpe antes que possa resistir por mais tempo e cai aos pés da assassina disfarçada que executa com proeza a segunda coisa que melhor faz. Ele ainda está respirando, mas perde bastante sangue da ferida que se abre e, se este não for contido, pode levar o atirador a morte.

Quatorze não recua perante ao tom de Heylel. Percebe naquele momento que palavras não mais funcionarão e que a única saída seria a violência. Desde o início já não queria resolver pacificamente e foi desdobrado por Kitty. Se o estrangeiro não aceitaria a proposta, a Okro teria que tomar um lado.

— Que assim seja então. — Disse enquanto, sem pressa, veste uma vez mais sua armadura e apanha sua arma. — Só espero que não conte historinhas sobre a violência da Gutaro. Você podia, como todos os outros prisioneiros, pagar a sua pena e sair daqui. Lembre-se que você quem escolheu esse caminho.

Sem mais titubear, apanhou seu próprio rifle e o preparou para o combate. Ao fim da ação, ergueu a mão aberta para que todos os outros soldados percebessem que a batalha seria retomada.

Regras de combate:

*Estando no topo daquela torre, Heylel seguia observando o líder inimigo enquanto ele, atualmente também líder, seguia pensando naquela situação. Ouviu o dito de Ellora e acenou positivamente com a cabeça, realmente não podiam ter um confronto interno e percebendo que Kitty estava nervosa a ponto de não saber que lado tomar, o albino lançou seu braço mecânico nela a puxando para onde estavam a fazendo atravessar a janela e cair no chão sem muita delicadeza, só que pelo menos agora ela estava segura e não no meio do fogo cruzado*

-Eu podia como todas as pessoas que você sequestrou ceder a sua pressão, ou, eu podia assim como todo o cavaleiro da virtude lutar pela liberdade e é o que eu farei Okro, prepare-se! *Voltou então a mirar com seu rifle e ao notar que aquele que já havia ferido tinha sumido -por estar caído- e em seu lugar estava Nelai ainda como Okro, o albino sorriu fino para com a situação*

-Essa é minha garota! Continue assim Nel, Rex. *Por ter muito mais experiencia que aqueles Okros e por estar em uma posição melhor, o Kroyvisiano já estava muito mais adiantado que os outros para executar seus feitos. Ele então enviou o pássaro para ir buscar o rifle do inimigo abatido o segurando pela bandoleira e trazendo para si longe da visão adversária seguindo bem pelo alto e depois por trás da área "tomada" pelo rebelde que fez carinho no mascote de seu time agradecendo o bom trabalho e voltou o olhar para Ellora*

-Ell, eu preciso que você fique com esse rifle e foque na cura, quando o meu rifle descarregar, eu vou dar ele para você carregar e você me da esse que você está e quando o numero descer para mais ou menos uns 2 inimigos ou 3, será sua hora de ajudar a atirar, fique atenta aos meus sinais, ok? Vamos lá, por enquanto só atire naquele que eu irei atirar e busque cobertura, 4 disparos no mesmo alvo o deixará vulnerável, depois disso se mantenha escondida, Nel, é a sua deixa também.*Voltou-se para o caçador 1 que era aquele que havia atirado com tanta precisão em si, em seu braço e tudo mais, aquele seria seu maior problema embora já pudesse avistar outros 2... Eram aqueles que o enfrentaram no "aeroporto"... O destino é mesmo bastante irônico. Atirou duas vezes no mesmo alvo e depois buscou cobertura [ação de movimento ficando então protegido, em compensação não pode atacar o alvo sem sair da cobertura] e se dispôs a carregar a arma*

*A mestiça olhava para Miyano de uma forma gentil como se quisesse dizer mais alguma coisa, mas a julgar pelo fato de que mesmo com ela tentando consolá-lo antes, não tinha tido muitos resultados, acabava pensando que talvez o que a criança precisasse agora, era ficar sozinha com seus pensamentos.
Olhava para Heylel ouvindo as instruções. Murmurando enquanto se posicionava.*

- Certo...

*Ia um pouquinho para o lado para que quando atirasse, não acabasse pegando no albino sem querer, já que antes estava atrás dele apenas para curá-lo se necessário, mais dessa vez assumindo uma posição mais de combate, embora nunca deixasse de baixar a guarda, caso Heylel fosse ferido.
Seguindo o que o albino havia falado, ela logo disparava dois tiros contra o caçador1 como o Kroyvisiano tinha feito, torcendo para que conseguisse acertar, depois voltando a ficar uns poucos passos atrás do albino buscando cobertura, recarregando a arma mas ao mesmo tempo, estando preparada para realizar a cura, já que agora estava atuando como suporte e atiradora, e por essa razão não podia se afastar muito do capitão da equipe.*

Os Okros desarmados viram-se com o que tem e, como exímios caçadores que o planeta precisa ter, armam-se com arco e flecha e, antes de qualquer coisa, banham as setas em um líquido de cor anil que está disposto em um canto da instalação. Se abrindo nas janelas, formam uma angulatura perfeita para atingir os agressores mesmo em uma distância tão grande. As cordas flexíveis e bem adaptadas resistem bem à força empregada e a trajetória parece estar bem demarcada.

Um deles é alvejado em massa e cai após todos os tiros conectarem, incapaz de evitar um ataque coordenado especialmente tão focado em sua mira. Apesar disso, os seus companheiros permanecem firmes com o arco e não se distraem com a baixa.

Como os grandes guerreiros que são, eles esperam o momento certo para atacar e confiam em sua resistência natural para a estratégia de combate. Sem mover-se nem tampouco atirar, apenas permanecem firmes enquanto ajustam com perfeição a posição ideal da flecha.*

Enquanto os três caçadores mantêm-se firmes numa estratégia, Quatorze e o outro atirador que de primeira disputou com o Heylel buscam distrair o time. Cada um deles dispara duas vezes contra Heylel e Ellora afim de neutralizar sua reação e dar aos colegas o tempo necessário para terminar a estratégia.

— [Soldados, eles têm o terreno alto mas nós temos a vantagem numérica. Lutaremos como irmãos!] — Exclama aquele que os lidera afim de motivar a equipe.

Spoiler:

*Ao eliminarem o alvo com tamanha maestria, Heylel seguia terminando de recarregar sua arma e o mesmo valia para Ellora. Quando os tiros de 14 vieram, Heylel consegui sair da mira do líder que errou ambos o fazendo suspirar de alivio, aquilo havia sido por muito pouco, porém, ainda faltava um inimigo para atirar já que outros dois estavam focados*

-Ellora! *O albino saltou ao perceber que a mestiça estava exposta aos tiros recebendo um deles em seu lugar caindo então sobre ela e virando o corpo para cair por baixo a abraçando para fazer o impacto da queda diminuir embora isso tenha feito seus ferimentos doerem ainda mais. Agora com os dois deitados, felizmente estavam longe da mira de seus alvos, ao menos por enquanto já que cedo ou tarde teriam que colocar suas cabeças em alvo de novo*

Miyano apenas respondeu um "Não venha" para Melroa, simples e direto, apesar de ter mandado sua localização através do comunicador, logo acrescentando com "fogo cruzado" para que ela soubesse que estavam no meio de uma troca de tiros. Se Melroa decidisse vir mesmo assim, então ao menos seria mais cuidadosa. Rex havia acabado de retornar com a arma do soldado abatido.

Com os arqueiros e os atiradores, Miya se sentiu levemente pressionado. Não sabia que líquido era aquele que derramavam nas flechas, mas poderia tentar descobrir assim que uma dessas flechas fossem desferidas lá dentro. No momento, tinham vantagem territorial por estar num ponto alto, por isso preferia se livrar das maiores ameaças primeiro.

Evitando pensar demais a respeito, mirou ambos os tiros no líder.

*A mestiça logo torcia intimamente para que conseguissem pelo menos derrubar um dos inimigos, fitando Heylel de um modo que lembrava uma mistura de proteção e preocupação, com a Zathriana parecendo realmente levar a sério aquilo de proteger o capitão de qualquer maneira.
Quando os tiros vinham na direção da mesma, ela só havia tido um momento para tentar pensar em uma alternativa de tentar se proteger, porém, logo o corpo era empurrado quando o albino saltava, com ela sentindo o impacto de quando caíam, virando um pouquinho a cabeça para conseguir olhar para Heylel, estando com a face levemente ruborizada devido ao fato de ter sido abraçada e protegida, pigarreando meio sem jeito antes de falar.*

- Heylel?... Ahn, obrigada, mas.. você agora está ferido, eu devia te curar.. desculpa, não queria ter causado problemas... você está bem?

*Ela aproveitava do momento em que estavam fora de mira, olhando mais atentamente e o quanto podia ver de Heylel, buscando achar qualquer sinal de ferimentos graves, ainda com uma expressão de quem não compreendia bem o motivo dele ter se colocado na frente dela, já que era dever dela protegê-lo, além de ajudar com a cura.
Ela podia sentir a própria dor passando pelo corpo, mesmo que amenizada por causa de Heylel, suspirando e o olhando ainda preocupada, parecendo ignorar o próprio dano, murmurando, enquanto ia se sentando mas se mantendo ainda fora da mira, querendo apenas sair de cima do albino para não provocar mais dor nos ferimentos dele.*

- Nós vamos conseguir Heylel, e você vai sair daqui junto com o Miyano, nem que eu tenha que fazer o impossível pra isso! Ahn.. agora eu devia te curar não é?

*Ela sorria e tinha um brilho determinado no olhar, dando para o albino perceber que ela realmente falava sério sobre fazer o impossível para ele ficar bem e sair de lá, já que naquele momento a mestiça pensava que dessa vez não deixaria outro capitão acabar sendo mortalmente ferido, principalmente agora que tinha uma promessa a cumprir para a mãe de Heylel.
Fazia um gesto positivo com a cabeça ao perceber que Miyano também atirava, acabando por dizer com confiança, enquanto tornava a segurar o rifle com uma das mãos, mas aguardando a resposta do albino.*

- Parabéns Miyano;

A estratégia de guerra não está completa com um dos caçadores nocauteado, mas definitivamente não está quebrada. Eles não contam, porém, com a presença de uma impostora nas costas. Nelai sem dúvidas faz a diferença para atrapalhar aquela formação tão treinada do grupo.

Com um golpe preciso, ela abre um ferimento profundo no arqueiro. Apesar disso, sua determinação se mostra inabalável e ele mantém-se firme, apesar da dificuldade, mirando diretamente na torre.

O líder do grupo até tenta, mas é incapaz de reagir a tempo aos tiros precisos de Miyano. No final das contas, o jovem se mostra extremamente habilidoso com a arma, capaz de atingir um inimigo daquela distância com um item adequado à curta distância. Apesar da proeza, porém, o dano não parece surtir muito efeito na armadura reforçada e tampouco na pele resistente do Okro.

A mira está calibrada, e o destino está certo. Juntos, os dois arqueiros disparam as flechas banhadas no líquido anil com precisão em direção aos dois inimigos, ao mesmo tempo que Quatorze e o outro atirador usam seu tempo para esfriar as armas. Nesse momento, podem ver a situação difícil do colega que luta contra Nelai pela vida.

— T-Traidora! — Exclama o líder no idioma nativo, chocado ao reconhecê-la. — Sabia que havia algo errado com você.

Nesse momento, os dois atiram contra ela ao mesmo tempo, perdendo temporariamente a atenção em Ellora e Heylel.

Não pensei duas vezes depois de receber a mensagem de Miyano. Apoiei a caneca num lugar seguro e vesti minha mão mecânica com a manopla que carregava comigo.

¬ Hana, pegue o link daquele vídeo.

Enquanto isso tentei entrar no sistema de rádio da torre. Assim que consegui eu coloquei o áudio para rodar no volume máximo.



Inseri a localização de Miya na minha manopla e parti com a nave em direção a torre. Desliguei a música assim que cheguei perto, desta vez colocando ligado ao meu comunicador.

¬ Senhoras e senhores, a sua direita vocês podem ver alguns idiotas brincando de tiro ao alvo. E a sua esquerda... Mesma merda. Ah por favor não alimente seus egos... Eles já estão bem rechonchudos. Chamando todos os baixinhos de 8 anos, chamando todos baixinhos de 8 anos, por favor adentrar na nave de transporte mais próxima a você. A minha no caso. Tenham uma ótima viagem!

Enquanto pilotava e desviava de possíveis obstáculos, mantive o comunicador ligado. Ao chegar no local, fechei o sobre tudo ainda mais ao meu redor, fazendo uso até de um tapa olho para esconder meu rosto já alterado. Abri a porta que dava direto a sala de controle enquanto ativa a meu escudo. Só avistar Miya, mantive meu rosto baixo, deixando apenas a mão mecânica familiar de fora.

¬ Miya bem cá!

Travei só avistar Heylel no meio daquilo tudo. Não sabia que ele estava no pacote. E tinham mais duas mulheres. Rango os dentes, mas mantive os braços na direção do pequeno.

*Ao cair no chão com Ellora, Heylel se mantem no chão por alguns segundos como se ainda estivesse processando aquela informação, a queda tinha sido um pouco mais danosa do que imaginou. Ao ouvir a voz da mestiça, porém, o fez voltar a si olhando para ela que o questionava sobre seu bem estar*

-Estou sim. *Os dois então se levantaram sentando-se naquele chão mesmo e nesse momento o albino olhou para sua atual parceira de tiro, ela parecia motivada a seguir com aquilo até o fim e isso o acalmava apesar da situação desvantajosa que estavam, todavia, isso mudou de leve quando ele ouviu tiros achando que enfim Kitty tinha tomado alguma atitude, mas não, era Miyano ao qual atirou contra alguém que ele nao viu quem era*

-Miya! *O garoto estava exposto aos disparos dos arqueiros diferente dele e da Zathriana então foi obvio que o maior seguiu para ficar na frente do menor recebendo os tiros "batizados" em seu lugar, ambos nas costas o fazendo apertar os olhos*

-Parece que você acertou bem seu alvo, nada mal, você aprende bem rápido... *Apesar das dores, ele apenas afagou o topo da cabeça do garotinho demostrando que ele havia feito um bom trabalho com tudo aquilo, afinal, o dano que ele causou seria fundamental para a vitoria mais adiante. Ouviu então os Okros berrando, mais precisamente 14 e ao olhar para trás percebeu que Nelai havia sido descoberta, maldição, teria que ajuda-la também o quanto antes*

-Essa voz, tsc...*Aquela voz irritante, ele reconheria em qualquer lugar. Olhou para o alto e viu aquela nave ficando com a expressão fechada quanto a isso embora o amarelo brilhante de seus olhos denunciasse o sentimento intenso e negativo que sentia sobre aquilo. Virou-se e atirou duas vezes contra o Caçador 3 que agora provavelmente tinha que recarregar seu arco*

-Ellora, atire no 2! Miyano, no mesmo alvo, confie em mim.*Disse ao garoto e iria esperar que o menino atirasse no alvo indicado aproveitando para retirar as flechas que estavam em suas costas as jogando no chão. Depois o pegaria menor pelas laterais do corpo o erguendo para então da-lo para a garota que veio busca-lo sem fazer muito protesto sobre isso*

-Não se preocupe com mais nada, agora só vai.*Mantinha o garotinho para o alto esperando sinceramente que ele não protestasse e se deixasse ir sem ele que tinha que ficar por diversos motivos*

*Ellora ouvia tudo que acontecia em volta deles, acabando por suspirar baixinho de alívio ao ouvir que Heylel estava bem, embora ela sabia que na certa ele devia estar sentindo dor por causa dos ferimentos e da queda.
Porém, não tinham muito tempo para pensar sobre aquilo, já que o albino tornava a se adiantar e proteger Miyano e novamente ela própria, a fazendo arregalar os olhos e se levantar rapidamente.*

- Heylel!

*Ela respirava fundo e mantinha a calma necessária que precisaria naquele momento, mordendo o lábio pensativa e se concentrando, utilizando o rifle já carregado para mirar no caçador 2, seguindo as instruções de Heylel, torcendo para conseguir acertá-lo. Na certa, pelo que ela tinha percebido com os gritos dos Okros, provavelmente tinha uma parceira da equipe deles ali também, e a mestiça esperava que o ataque deles tivesse dado resultados, para que conseguissem abater mais inimigos e ajudar a companheira de equipe.
Estranhava quando de repente uma nave aparecia e uma mulher desconhecida chamasse Miyano para entrar, mas deduzindo que talvez fosse com ela que a criança estivesse falando antes, dando para perceber no descontentamento de Heylel ao ver a estranha.
Preferia se manter calada em relação a isso já que não sabia bem que história haveria por trás dos dois e do menino, sorrindo de uma maneira gentil e encorajadora para Miyano quando o albino carregava a criança que para Ellora era como se fosse um irmão mais novo.*

- Miyano, você lutou muito bem e eu fiquei muito feliz de te conhecer. Espero te ver novamente... agora, vai Miya, fique protegido...

*Ela aproveitava que estava perto de Heylel, e utilizava tudo que sabia de medicina e sua facilidade para curar, esperando que pudesse pelo menos aliviar os ferimentos e os danos que provavelmente aquele líquido estranho teria causado no albino.
Ela ficava corada mas era necessário então se aproximava mais de Heylel, sussurrando.*

- Ahn.. Heylel.. eu.. é pro seu bem...

*Ela realmente parecia sem jeito, mas se abaixava um pouco, usando uma das mãos para afastar um pouco o traje danificado dele nas costas, na altura em que as flechas tinham acertado. Logo o albino poderia sentir uma certa pressão na pele e os dentes afiados da Zathriana se cravando na região do ferimento, com ela começando a sugar o veneno ou o máximo que conseguiria naquele curto tempo que tinham no momento, se esforçando para ser rápida e logo afastando a face, cuspindo a substância para o lado e murmurando.*

- Desculpa por ter te mordido, mas era o jeito...

Miyano não queria ir e largar os dois para trás, mas sabia que apenas atrapalharia Heylel se ficasse, afinal, o albino havia acabado de levar a flechada no lugar da criança.

Mirou novamente em Quatorze, atirando antes que subisse para a nave de Melroa. Talvez seria mais útil lá do que no campo de batalha.

Miya havia deixado seu lençol branco para trás. Não tinha utilidade alguma para a criança, e, além disso, estava sujo e furado pela bala. Ao menos aquele lençol havia tomado dois tiros no lugar de Heylel, então havia servido de algo.

Melroa estava diferente do que se lembrava, apesar da voz ainda ser a mesma. Queria perguntar por onde ela esteve, o que havia acontecido, mas Miya estava mais preocupado com Heylel e Ellora.

- Precisamos derrubar ao menos os arqueiros. - Murmurou a criança com firmeza, apesar de não saber exatamente como se livraria dos Okros.

Os dois caçadores estão abatidos, mas os dois últimos soldados da Gutaro não parecem dispostos a desistir do combate. Tanto Quatorze quanto o último atirador ainda mantém a postura firme e não se deixam abalar pelas baixar. Deixariam para lamentar a morte dos companheiros depois.

Em um ataque coordenado, Quatorze acaba se dando melhor na precisão e atinge em cheio um órgão vital no abdômen de Nelai. Como se o sangramento causado pela ferida profunda não fosse suficiente, a munição que o Okro carrega é especial e tem um formato perfurante, ideal para causar ferimentos sérios no oponente. Em poucos segundos, a roupa da Kaarteoniana já estaria encharcada com o próprio sangue.

— Prisioneiros rebeldes, irmãos nos traindo... e essa música grotesca tocando no rádio! — Exclama Quatorze, enfim nervoso com a situação. — Vocês pensam que esse é o fim da Gutaro? Da milícia do povo que pretende apenas salvar-nos das garras dos invasores? Estão enganados, pois nós temos honra... e nossa honra é em sangue. Esse embate já está ganho.

Apesar da perda da vantagem numérica, o objetivo de Quatorze está completo. Os Okros, afinal, são especialistas em enfrentar oponentes mais poderosos do que eles e se juntar para isso. É obvio que um alienígena disposto de tamanha tecnologia seria mais bem treinado, mas a garra e a união da espécie sobressairiam-se na batalha.

— Conto com você, Arnu. — Ele diz por fim ao companheiro que é o último de seus homens de pé. Sua resposta é apenas a confirmação com a cabeça de quem está pronto para servir.

Em um movimento rápido, Quatorze abandona temporariamente seu rifle e apanha uma arma de curta distância nas paredes da instalação. Uma arma de caça primitiva, parecida com uma lança, e feita a partir do osso de alguma criatura selvagem. Com ela, investe e desfere dois ataques na "traidora".

Ao mesmo tempo, seu aliado toma a frente no tiroteio sozinho. Ele livra-se de seu rifle sobreaquecido e apanha aquele que pertencia ao atirador derrotado por Nelai, que havia acabado de ser preparado para o uso. Com este, atira duas vezes contra os inimigos.

*Ao entregar a criança que enfim estava em um lugar seguro, Heylel sentiu uma breve tontura que o fez levar a mão ao rosto distraindo-se por frações de segundas não podendo ver o "golpe" que recebia de Ellora que o mordia onde já havia se ferido buscando puxar o veneno para fora, uma ideia não tão ruim assim se o ferimento não tivesse sido profundo a ponto do veneno se espalhar, esse que graças aos genes diferenciados do albino, os nem tão famosos Ultra Genes, ia se restaurando devagar, bem mais lento do que deveria por não ter reposto eles depois da transfusão que fez para eliminar o efeito do Pax-12 em seu organismo*

-AAAAAAAAAAAAAAAI! *Foi para frente depois do urro de dor e se virou para a Zathriana com a feição irritada e dolorida, uma reação normal para quem do nada levou uma mordida como aquela*

-Eu sei que boa parte do que aprendeu foi com a vida na floresta, mas nós mais civilizados fazemos as coisas de outras formas... Da próxima pelo menos me avisa! *Ouviu então o tiro ao longe, mas nenhum veio contra si então imediatamente voltou seu olhar para o campo inimigo e aquela cena... Foi a ultima que viu daquela distancia tão longe já que o sangue agindo mais rápido no corpo, quase que fervendo, pareceu agitar o veneno o fazendo correr mais rápido tirando a luz de seus olhos e com isso boa parte da visão do albino*

-Parece que vamos precisar de um atalho para chegar lá, mas... *Pensou por instantes, se aquela piloto fosse mesmo Melroa, ela estaria nem ai para Nelai, com todos a bordo iria simplesmente embora e como de costume seria dificil para impossivel convence-la do contrário... Teria que se jogar? Em queda livre? Duma nave em movimento? Adrenalina demais até para si mesmo, só que não podia evitar caso aquilo acontecesse de fato*

-Ell, vem comigo. *Subiu então depois que Miyano já havia sido pegou, foi por aquela pontezinha lá da nave que provavelmente estava aberta por motivos óbvios. O tiro então veio certeiro em seu ombro o fazendo grunhir de dor, mas manteve a mão estendia para a Zathriana para ela subir depois e ambos enfim entrarem naquela nave com o albino torcendo para não precisar explodir nada para sair dali*

-Acho que essa não é a hora mais indicada para perguntar onde diabos você esteve esse tempo todo não é mesmo? Ainda mais com aquele tal de Burnes... Obrigado, não sei o que faria sem você aqui agora, pode ir naquela direção? Ali está o líder de um grupo escravagista, estamos lutando para libertar os escravos inocentes e estamos quase lá, falta apenas ele e mais um, Ell, a cura por gentileza. *Ele encarava a menina gato que caso olhasse nos olhos do Kroyvisiano iria notar algo peculiar, o veneno havia prejudicado sua visão, então o mesmo não a encarava de forma focada pois estava enxergando quase nada, ainda mais no "escuro" daquele ambiente se comparado ao solzão que estava ao lado de fora, logo, é notável do porque ele não percebeu muita diferença nela além do que conseguia ver nitidamente, a cor dos cabelos*

-Você pintou o cabelo de azul agora? Ou é prateado? Achei que preferisse verde... Rex!!! *Assobiou alto usando os dedos na boca para chamar a ave para si, ela que trazia consigo um rifle inimigo do qual havia sido abatido como os demais outros, agora o albino apenas deixava o descarregado em torno de seu torso firme com a bandoleira. Dali mesmo, ele mirou com o equipamento e atirou contra seu alvo [O outro dado já foi rolado, esse será o segundo que vou rolar agora]*

-Tsc... Ell, eu não estou enxergando direito, me diz o que está acontecendo? *Tinha que se acalmar, então respirava fundo, tranquilizava sua energia a fazendo recuar fazendo suas tatuagens misticas pararem de emitir aquele brilho dourado, precisava de foco ou falharia em sua missão como um todo, ainda mais agora que era líder de uma equipe, precisava de todo o foco possível mesmo com a visão prejudicada*

- Er.. desculpa... não sou tão boa nisso ainda como meu pai...

*Ela abaixava a cabeça e mordia o lábio pensativa e ainda sem jeito, com a face vermelha e dando alguns passos para trás, compreendendo a reação de Heylel, já que era lógico que a mordida dela teria doído, mais um presentinho de sua parte Zathriana.
Revirava os olhos para o próprio pensamento, mas tendo poucos segundos de pensar já que agora tudo parecia ocorrer de uma forma tão rápida, que ela se sentia atordoada por um momento, ou seria aquela música? A audição aguçada ficava um tanto incomodada com o som repentino, mas ela se forçava em focar na luta, percebendo que a companheira deles provavelmente estava por um fio. Logo ouvia o que Heylel dizia para ela, e o seguia rapidamente até a nave, exclamando baixinho ao sentir o tiro a atingir, mas mordendo o lábio se forçando a ficar focada apenas na batalha, como tinha sido treinada desde cedo, mirando novamente no atirador1 e disparando o tiro que faltava no rifle, entrando na nave logo em seguida.*

- Certo... ah, olá, muito prazer, sou a Ellora...

*Ela deixava com que a energia se manifestasse e fosse transmitida para Heylel, utilizando a cura nele, e naquela situação podia até parecer cômico ela se apresentar para a outra moça, mas a mestiça costumava ser educada até mesmo nas horas mais improváveis, e além disso, eles estavam na nave da mulher. Ela ouvia a pergunta do albino, logo se aproximando um pouquinho mais da porta da nave, e dando uma olhada, embora não perdesse a expressão de preocupação que tinha com o capitão, e ao mesmo tempo, tendo um olhar de culpa escondido no fundo dos olhos, já que estava pensando que não havia conseguido curá-lo do veneno.*

- AHn.. a moça da nossa equipe se jogou no chão e saiu rolando e acho que esquivou...

*Ela narrava devagar, tentando ver o que realmente tinha ocorrido, já que pra saber com precisão, teria que utilizar a visão de suas lentes.*

Miyano cerrava os dentes conforme observava a aliada levar golpes de Quatorze. Sua pistola já não era apropriada para aquele tipo de combate, tão distante, mas deveria ferir o máximo possível o líder.

Seus olhos transpareciam uma firmeza nunca antes vista. Era óbvio que não estava gostando daquilo, mas parecia mais consolado em fazê-lo, afinal, era a única forma de proteger Heylel e Ellora.

Para Melroa, a mudança seria ainda mais visível devido ao longo tempo que passaram sem se ver. Miyano havia lidado com coisas bastante amargas nos poucos dias que se passaram, mas uma única pista sobre seus pais o fazia manter-se firme.

Custe o que custar, mesmo que custasse outra vida.

Suas mãozinhas não tremiam mais, e o olhar focado parecia penetrar Quatorze.

Sua arma zumbiu duas vezes. Dois tiros.