Honra em sangue.

— O que diab...

— Eu sou responsável por esse tipo de ocorrência. Por favor, aguardes até o término... de preferência longe daqui. — Responde Sacerdotisa ao Zathriano. — Liberarei-o para ti assim que terminar. Agradeço tua compreensão.

A contragosto, Centurião obedece por respeito à companheira. Ninguém contraria a forte presença e, por algum motivo, todos sentem-se mais pacíficos quando diante dela. Vagarosamente, ela ajoelha-se na frente de Heylel e apoia ambas as mãos nos joelhos.

Seus olhos se fecham e, subitamente, a atmosfera do lugar muda. Com o tempo, os arredores tornam-se pesados com a força dos pensamentos negativos que o ciborgue expele, ao mesmo tempo que os movimentos da Mistiimeriana sincronizam-se com os dele. Sua fisiologia torna-se idêntica com os mesmos trejeitos, o mesmo grito, a mesma postura.

Chega um ponto em que Heylel já não têm domínio do próprio corpo. Seus sentimentos mantém-se os mesmos, mas ele pode perceber que não é mais capaz de mover-se livremente. Tudo que Sacerdotisa faz, ele faz ao mesmo tempo; e com um erguer de cabeça, seus olhos se encontram e brilham num tom anil ofuscante.

O ciborgue é transportado daquela dimensão. A gruta sumiu junto com todas as outras pessoas e uma sala totalmente branca agora é o cenário para aqueles dois que continuam frente e frente. Seus olhos agora voltam a ter a cor usual, e seus movimentos são livres.



— Não te preocupes, eu terei a tua dor. Materialize teus maiores traumas conforme sinta necessidade. — Ela diz, ofegante. — Esse lugar é meu e teu. Nós o controlamos juntos.

*Sua dor não parecia passar até aquele momento, suas lagrimas seguiam rolando e a mão seguia pressionando o rosto, aquele sofrimento parecia ser eterno e mortal para si a qualquer segundo. Dentro da nave esperando o retorno de seu mestre, Cody pode sentir parcela daquele peso estranhando o que estava havendo sussurrando para si mesmo*

-Boss, volte bem, por favor... *No outro ponto o corpo do albino parecia tremer mais devido o travar de seus movimentos que agora respondiam a outros comandos que não eram os seus e estranhando aquilo apenas sentiu sua face subir e seu olhar se encontrar com o daquela mulher a sua frente. Ele estava acabado, com toda a face molhada com suas lagrimas*

-... *Nem mesmo sua voz respondia e tal como as iris dela as suas também mudavam tomando aquele aspecto azul claro brilhante. O cenário seguia desintegrando-se deixando apenas um imenso e aparentemente infinito branco e com seus movimentos normalizados tudo o que ele disse foi*

-O que é você? *Como uma criança assustada, Bryphis simplesmente recuava caindo sentado no chão e arrastando-se um pouco para trás. Seguia falando ainda com o tom choroso e seu olhar estava totalmente perdido embora ainda fosse notável, ao menos para ela, que aquele momento havia sido um estouro, o ápice que o levou a perder todo o controle e como de costume, de novo, aquele rapaz seguia trancando seus medos e tristezas para se manter forte; era foi a forma do qual ele foi criado, assim sendo, não era fácil para este fazer o que lhe foi pedido, haviam travas, várias delas*

— O que eu sou não importa, mas vou dizer-te já que torna-te mais confortável. Para vós da Datsu, eu sou a Sacerdotisa. Para aqueles que habitam o planeta de onde vim, eu sou uma Banshee. Para meus antigos companheiros, eu sou um Paladino. Apesar de todas essas alcunhas, eu nasci Nauranviel e sou um pergaminho.

Ela mantém um tom neutro conforme se abre. É como um livro aberto disposta a servir Heylel e saciá-lo com qualquer dúvida que tenha.

Os medos e anseios de Heylel perante àquela entidade manifestam-se na forma de um gás rubro que sai de sua boca em meio à respiração. Ele é leve e não pode ser interrompido, visto que caso o ciborgue feche a boca, ele sairá por seu nariz. Esse gás une-se na atmosfera daquela nova dimensão e encaminha-se até a Sacerdotisa, que sem titubear o engole.

— Os teus medos e anseios são agora meus. Eu posso curá-lo de qualquer ferida física ou emocional. Deixa-te levar e mostra-me tudo o que te afeta, nós poderemos resolver juntos.

*Sentado ele seguia respirando com pesar e notando aquela nevoa vermelha sair de sua boca ele estranhava, e como previsto, até mesmo tapou com as duas mãos só que logo aquilo saia por suas narinas e bastou isso para o albino perceber que aquilo vinha de sua própria respiração. Isso enquanto a Sacerdotisa seguia explicando*

-... *Ficava encarando aquela mulher com forte surpresa e nítida duvida no olhar, afinal, o que era tudo aquilo que estava passando? Onde estava? O medo parecia ser absorvido para ela restando apenas o bom e velho receio do desconhecido*

-Um Paladino? O que é isso? Essa classe não é apenas um mito?*Ajeitou-se ali aos poucos para sentar-se sobre os próprios pés e colocar as mãos sobre os joelhos mantendo a cabeça baixa depois de secar o rosto com os dedos cobertos pelas luvas negras, chegou a apertar os dentes uns contra os outros*

-E como eu farei isso? Como eu posso te mostrar tudo de forma voluntária? Como eu...*As mãos apertaram mais forte o tecido da calça, a mente vinha o texto de Mora, seus últimos momentos ali e com isso vinham também memorias de sua mãe e até mesmo de seu padrinho que buscavam o ensinar a não se apegar a nada, pois um homem que nada tem a perder, é o mesmo homem que não tem nada a temer*

-Por que elas não me escutaram? Por que elas preferiram morrer abatidas como animais em vez de lutar? Nosso ideal é nobre não é? Nós estamos certos, não estamos? Melroa e Mora morreram focando-se na paz, em vencer sem lutar, em vencer apenas conversando, quantas idiotice, provas mortas de que diplomacia não vence guerras e nem liberta povos, não sem antes haver luta, então... Por que?! *A raiva ascendia, ele se mantinha de cabeça baixa a chegava a tremer de pura irritação. Estava com muita duvida e aflição já que, aparentemente, seus ideais, sua visão de mundo, era absolutamente certa, se Mora e Melroa lutassem, se usassem a força, poderiam ter revidado, estariam vivas, estariam bem, mas ambas simplesmente se recusam a aceitar a batalha morrendo pela paz sem nada mudar, sem nada fazer... POR QUE?! Gritou antes de dar um soco fortíssimo no chão*

— Um Paladino na minha cultura é um protetor do conhecimento ancião dos Mistiimerianos. São os últimos defensores dos pergaminhos de magia primordial que carregam magias capazes de desdobrar a realidade. —
Conforme fala, ela ergue parte da manga da longa robe que traja, apenas até o cotovelo. — Para evitar que estes pergaminhos caíssem em mãos estrangeiras, selamos os mais poderosos em nossos próprios corpos.

Seu braço é completamente marcado por tatuagens com palavras marcadas no idioma primordial dos Mistiimeriano. Talvez Heylel reconheça algumas letras pelo convívio com Pirion, mas a escrita é primitiva e de difícil compreensão mesmo para um nativo. Uma vez que a magia gravada na própria pele de Sacerdotisa está sendo utilizada para manter aquele espaço compartilhada por ela e por Heylel, as marcas em seu corpo brilham.

Conforme ele pensa em Melroa e Mora, a névoa rubra que incessantemente é expelida através de sua respiração toma forma até recriar a imagem dessas duas mulheres dispostas no espaço. O poder gravado no corpo de Sacerdotisa é poderoso já que ela pode vislumbrar essas duas mesmo sem jamais tê-las visto.

— Eu morri lutando pelo que acredito e por quem amo, Bryphis. — Respondeu a voz robótica, ultrapassada e característica que Mora usava para se comunicar. Conforme ela se pronuncia, a loira digita os comandos em sua manopla. — Você pode não concordar comigo, mas eu ainda assim morri por você. Não guardo ressentimento algum.

— Você sempre soube das minhas dúvidas, idiota. — Melroa dá de ombros. — Não deveria esperar que eu fosse como você. Mas continua com essa luta infinita e nunca olha ao seu redor. Sempre esteve ocupado demais com a briga e nunca parou pra cuidar da sua própria família. Eu estou morta, Miyano foi com uma desconhecida e Maya está em coma. Você precisa cuidar das pessoas enquanto estão vivas ao invés de lamentar a sua morte. Ainda assim... eu te perdoo.

*O conto da Sacerdotisa o fazia lembrar de historias que seu mestre o contava, lendas sobre esses tais Paladinos dos quais ele já não lembra tanto, afinal, não acreditava que seres podiam deter tanto poder, todavia, ao ver aquelas marcas no antebraço da mulher ele chocou-se e voltou o olhar para o seu próprio onde a nanotecnologia se retraia expondo ele também que tinha marcas também dos quais eram parecidas, apenas isso, não eram as mesmas da Mistiimeriana*

-Essas marcas não são apenas um sinal tribalista? O tempo todo elas tinham significado? *Falava incrédulo, sempre achou que aquelas marcas feitas em seus braços eram apenas desenhos tribais que brilhavam quando ele manifestava sua energia mistica e nada além disso, não sabendo que de fato aqueles sinais poderiam conter algum poder*

-Então... O que as minhas marcas significam? *Olhava para seus antebraços agora expostos e notava que eles começavam a brilhar contra sua vontade já que ele por si só não manifestou seu poder, então o que estava havendo? Olhou para cima e viu que aquela que o ajudava também tinha suas marcas brilhando na mesma cor, só que antes que pudesse entender e questionar mais, seus olhos se arregalaram*

-Voces duas... EU NÃO PEDI POR ISSO! *Se levantou enraivecido e moveu o braço com força para o lado como se cortasse o ar, um tipico gesto de pura revolta que exalava também de seu olhar, suas feições, ele estava mesmo bastante irritado*

-Meu corpo possui diversas cicatrizes que consegui protegendo aqueles a minha volta, mas vocês... VOCÊS DUAS ESTAVAM LONGE DE MIM! *Recordava-se de suas batalhas onde seu corpo fora usado de escudo inúmeras vezes para proteger seus aliados, o conflito com o 14 sendo o auge desse auto-sacrifício onde apenas não morreu graças os dotes curativos de Ellora, habilidade mistica que aparentemente desconhecida ensinada a ela por Pirion que seguia cercado de mistérios*

-Esses ideais idiotas... Essa vontade absurda de tentar mudar o mundo com palavras, isso só as levou para a vala! Eu quase perdi minha visão para que Miyano ficasse bem e uma vez mais ele me deu as costas por um rabo de saia que conheceu a poucas horas! E se Maya acordar amanhã ou depois, ela também vai fazer isso! Eu sou apenas uma arma, se não tenho munição eu sou inútil! *Aumentava o tom de voz, estava praticamente gritando naquele momento. Aos poucos, mais marcas surgiam brilhantes no corpo de Heylel, ao que tudo indicava boa parte delas só surgiam em momentos específicos não sendo sempre visíveis como as dos braços*

-Eu nunca pedi para vocês se sacrificarem, eu pedi para vocês lutarem! Lutar faz a diferença, apenas morrer não! Todos em Vumihe continuam em perigo, se você tivesse sido forte, tivesse lutado, poderia te-los salvo! Lutar não é apenas uma questão de puxar o gatilho ou sacar de uma espada, é também convencer os outros de que você está certa, de que tem razão, COMO VOCÊ PRETENDIA CONVENCE-LOS SE TRANCANDO NA MERDA DE UMA ESTUFA? Meia duzia de adeptos da sua causa bastava para você?! Você tinha que levantar! Sujar as mãos se necessário porque essa é a vida, esse é o mundo Mora! Ser uma politica de merda nunca salvou ninguém, todas as pessoas que foram até Vumihe em boa parte lutaram pela vida antes de estarem ali naquele porto seguro e você não tinha o direito de cria-las feito gado pronto para o abate caso a Aliança invadisse! *Os olhos emitiam luz em mesma intensidade das tatuagens que seguiam surgindo mesmo através das roupas. Bryphis agora se lembrava das vezes que saia escondido com sua mãe onde ela o mostrava a plebe Kroyvisiana que ia escondida aprender com ela a como se armarem, a como lutarem, um feito dedicado de anos para tornarem escravos em verdadeiros guerreiros cujo em um dia oportuno lutaram por suas vidas e liberdade para terem uma vida melhor longe de toda aquela injustiça... Heylel queria ser como Syga, uma líder cujo poder fizesse todo um povo reagir rumo a salvação*

-Minha luta é infinita porque vocês não me ajudam em nada a vence-la com discursinhos moralistas, EU! EU NÃO PERDOO VOCÊS POR TEREM ME DEIXADO COM ESSA DESCULPA MISERÁVEL! *A mente, na imaginação interna vinha agora Ellaya, mais precisamente de quando os dois apontavam armas um para o outro, aquilo já tinha anos... Começou a se questionar mentalmente se aquela "princesa" era como ele, alguém disposto a lutar até as ultimas por sua causa, quase como uma antítese dele que serve em prol da Aliança. Mirando naquela lider Kroyvisiana que fazia o mesmo consigo, era como se pudesse ver em realidade quando Mora e Melroa os davam as costas restando apenas a inimiga ali e uma vez mais o corpo veio a cair ajoelhado, ele chegava a rosnar de tanto rancor acumulado*

-Vocês não tinham o direito de me deixar sozinho de novo, nenhum... Nenhum sacrifício é admissível em nossa família, nem mesmo o meu, nem mesmo o de vocês duas... *Curvou o corpo para frente e apoiou as mãos no chão apertando de novo os dentes uns contra os outros voltando a chorar, só que dessa vez algo mais silencioso sem berrar como da ultima vez*

— Tu também possuis um pergaminho, mas ele não é ancestral como o meu. Ainda assim, por algum motivo ele foi selado em ti. E apenas quem o fez pode dizer-te o motivo ou a natureza. — Ela diz pacificamente enquanto fecha seus olhos, preparada para a carga emocional que está por vir. — Talvez conheças outro Paladino.

Conforme Heylel grita, o tom rubro da névoa torna-se ainda mais escuro. Além disso, ela forma quase que uma neblina no local e certamente tomará um tempo para que a Sacerdotisa absorva todo aquele sentimento ruim que flui do ciborgue. Ainda assim, ela não recua.

— É isso que estou fazendo. Lutando. — Responde a voz robótica de Mora conforme ela digita, ainda com uma expressão tranquila. — Estou lutando para mostrar o que a Reconquista têm de ser. Se eles pregam a guerra, o nosso papel é pregar a paz. É pra isso que eu me juntei e, ainda que não concorde comigo, peço que respeite a minha morte e a minha luta. Eu posso não ter sido uma guerreira, mas fui corajosa.

— Ficou carente agora, é? Você não tá sozinho. Se minha morte teve algum significado pra você, aprenda algo com ela. Levante-se e cuide de quem ainda tá contigo, como a lata de sardinha que você chama de amigo. — Responde Melroa, dessa vez num tom mais agressivo mas ainda motivador.

*Ouvia a sacerdotisa sem reagir aos seus ditos, tudo estava muito confuso ainda, era como se o tempo todo sua mente fosse um armário cujo coisas foram sendo postas sem devida ordem onde as portas foram trancadas na marra, logo, quando a mulher abriu as portas tudo foi para fora no mais repleto caos o deixando desnorteado, sem qualquer controle ou certeza sobre o que sentir, o que se lembrar e o que focar e aquelas duas mulheres ali pareciam deixa-lo ainda mais perdido*

-CHEGA! *E deu um soco forte no chão com sua mão de protese, um solo comum teria se rompido com o forte impacto. Seguiu com a respiração pesada que exalava aquela nevoa misteriosa do qual ele ainda não sabia do cunho*

-Sua luta, sem lutar, sua coragem, ao fugir? Você abandonou Vumihe, destruir as armas que a protegiam de invasores os deixando vulneráveis, se de repente o inimigo invade, nem mesmo Bastião sozinho daria conta de tantos sozinho, todos seriam massacrados porque você se foi e levou consigo tudo o que protegia a sua família...*Se levantou devagar tomado por um forte sentimento de rancor e raiva, era notável que ele não concordava com aquilo e não apenas isso, achou o ato um dos mais covardes ao entregar a vida por uma causa que para ele era sem sentido*

-E você quer respeito por isso? Respeito eu tenho pelo Bastião que luta para proteger vocês mesmo que vocês sigam o esfaqueando pelas costas, mesmo que vocês sigam o tratando como se ele fosse um monstro! O corpo dele assim como o meu carregam marcas que provam que lutamos por vocês, mas e vocês duas? O que carregam alem do resultado de pura omissão por ficarem dentro de salas dialogando de longe enquanto pessoas como eu e Bastião deitamos no arame farpado para o caminho ser seguro e vocês seguirem por cima de nós? *Totalmente de pé e com o corpo reto, Heylel se lembrava de Nelai que quase morreu para salva-lo, de Ellora que ficou ao seu lado o tempo todo priorizando os ferimentos dele antes dos dela, e até mesmo de Miyano que sacrificou a lembrança de seus pais, aquele pequeno lençol branco para que ele, Bryphis, não fosse alvo de mais tiros naquele momento oportuno, todos lutaram lado a lado, todos se ajudaram, mesmo aquela mercenária fez sua parte lutando, sem conversinha, sem moralismo, todos juntos rumo vencer a batalha*

-Vocês duas apenas podiam desfrutar de sua paz em suas salas seguras porque pessoas como eu e o Bastião asseguravam a segurança de vocês estando no campo de guerra fora dessas salas, vocês duas só puderam seguir conversando sem nunca pegarem numa arma de fogo porque pessoas como eu e Bastião estavamos lá, usando nossos corpos de escudo e espada para vocês ficarem confortavelmente em suas zonas seguras... Então sim Mel, você está certa, eu não estou sozinho, eu tenho o Cody, Nelai, Ellora, até mesmo a Sacerdotisa, Bastião, o Starcaller... Na Datsu eu nunca estarei só pois todos lutam ao meu lado e se tem uma coisa que eu aprendi com a morte de vocês duas...*Os olhos amarelos denunciavam o humor intenso que o albino estava sentindo, ele que olhou severamente para as duas garotas a sua frente com o olhar carregado de determinação*

-É que o destino atual dos pacifistas é a vala.*Ergueu suas mãos onde duas esferas de energia se formaram e então as disparou contra as duas sem hesitação e se a Miistimeriana seguisse sentindo as emoções daquele Kroyvisiano, sentiria o ódio em seu mais puro estado, afinal, apenas aquele que foi capaz de amar é aquele capaz de odiar*

As silhuetas dissipam-se numa névoa escarlate que mistura-se àquela que a Sacerdotisa absorve. Tomando alguns segundos para terminar de digeri-la, a Mistiimeriana volta a olhar nos olhos de Heylel por alguns segundos.

— Ele foi ainda mais difícil do que ti. — Ela diz, ofegante. Aquele processo parece ser dolorido para ela. —  Bastião. Ou melhor, Takumi.

Os dois estão sozinhos no espaço branco uma vez mais. Conforme a respiração de Sacerdotisa se normaliza e sua dores se amenizam, ela ajeita sua postura e ergue seu rosto para que seu olhar encontre os do ciborgue.

— Meu trabalho aqui é tornar das tuas incertezas, certezas. E isso eu já fiz. — Ela agora abaixa a manga da robe que ergueu para mostrar o pergaminho que possui. — Espero que estejas se sentindo um pouco melhor. Antes que tu partas, porém, gostarias de conversar?

*A explosão das orbes energéticas fizeram espalhar aquela nevoa vermelha que cobriu boa parte da visão do albino que abaixou suas mãos olhando fixamente para frente podendo sentir que seus pensamentos contraditórios iam desaparecendo, era como se naquele momento toda a empatia que o Kroyvisiano tinha para com o ato pacifista tivesse desaparecido e sua certeza sobre o mal necessário da guerra tivesse se fortalecido*

-Então esse é o nome dele... Bem, meu nome é Bryphis, mas pode me chamar de Heylel ou de... *Caminhou até a Sacerdotisa e a ofereceu a mão para que ela pudesse se levantar. Seu olhar era agora extremamente focado como se de fato todas suas emoções negativas tivessem sumido totalmente*

-Alcatraz. *Não era preciso pensar muito do porque daquele nome que fazia referencia ao fato daquele rapaz ter prendido todas suas incertezas e emoções consideradas por ele dentro de uma prisão de segurança máxima em seu amago, assim sendo, aquele pseudônimo simbolizava o surgir de um novo homem cujo foco em sua missão agora é absoluto depois de aprisionar suas fraquezas no amago de sua alma*

-Claro, bem, ja que seremos irmãos a partir de hoje e você limpou minha mente de minhas fraquezas emocionais a custo de sua própria saúde, acho interessante contarmos nossas histórias até esse ponto aqui, eu ao menos gostaria de saber porque alguém de uma raça em tese pacifista se uniu a um grupo de guerra e bem, seria bom eu também saber usar o meu pergaminho... Esse é nome dessas marcas, certo? *Depois de ajuda-la a levantar -se é que ela aceitou ajuda e se ergueu-, Alcatraz voltou a erguer seus antebraços e encarar aquelas tatuagens que iam perdendo seu brilho até voltarem ao seu aspecto negro convencionais e as outras que surgiram e antes eram invisíveis voltaram a esse estado não podendo ser mais vistas*

Ela não aceita a ajuda pelo próprio motivo particular. Quando apoia as mãos no chão e levanta-se sozinha, Heylel pode ver que uma marca de sangue fica. Quando ela ergue-se, é notável que gotas de sangue escorrem pelo seu braço e pingam no chão através de seus dedos. Ainda assim, mantém-se firme no lugar com a mesma expressão.

— Eu já sei o teu nome e a tua história. Nossas mentes estão interligadas, e eu tenho acesso a tudo que pensas agora. Por isso também sei sobre todos aqui. — Ela diz enquanto usa a mão destra para deslizar um dedo sobre o braço ferido. No que o faz, o sangramento cessa. — Mas posso contar-te meus motivos se assim quiser.

Nenhuma situação parece desconfortável para a Mistiimeriana. Ela sempre está disposta a qualquer coisa contanto que ajude alguém.

— Eu não luto. Não por opção como as mulheres com quem tu conversastes hoje, mas porquê não posso. A magia gravada em mim é mais forte que o meu corpo, e qualquer excesso pode me fazer morrer. — Apesar da seriedade do assunto, ela mantém-se impassível. — Estou nesta luta pelo conhecimento do meu povo, e não quero que caia na mão de pessoas indignas. É perigoso demais.

Agora que o sangue cessa, ela aproxima-se de Heylel e examina suas marcas. Não só as observa como também toca.

— Não posso ajudá-lo se tu não souberes a origem de seu pergaminho. Quem o fez? Qual o seu propósito?

*Seguiu observando aquela mulher com devida atenção mantendo os antebraços erguidos para serem visualizados e analisados, talvez ela pudesse entender o que diabos estava escrito ali embora também ficasse a duvida sobre as marcas que surgiam apenas quando a energia se expandia demais*

-Se sabe meu verdadeiro nome e história, nada mais justo que eu saber da sua, não é mesmo? Do seu povo, da sua origem, assim como você sabe de mim, acredito.*Ouviu sobre aquilo e lembrou-se de parte da função daquelas marcas que eram conter seu poder que o fazia um tremendo mal mental, uma herança intensa de sua mãe*

-Quem o fez foi meu mestre Pirion, ele me disse ele também é um Mistiimeriano só que ao sofrer um acidente seu corpo teve que sofrer um processo de cibernetização completo, acho que atualmente a unica coisa que o mantém humano é sua alma e alguns órgãos internos.*Ficou observando aquela mulher seguir visualizando e tateando suas tatuagens. Serrou os punhos e suspirou com certo peso ao se lembrar de seus treinamentos*

-Esses pergaminhos, acredito que são apenas dois, foram feitos para que eu pudesse conter e utilizar melhor minha energia mistica que de acordo com meu mestre tinha uma alta carga negativa, eu nunca entendi se essa divisão entre força espiritual negativa e força espiritual positiva realmente existe ou é algo idealizado por meu mestre, porém, ele dizia que era essa diferença de positivo e negativo que diferencia os "Vampiros" dos "Verdadeiros" e pela minha energia antes dos pergaminhos, eu assim como minha mãe tinha uma forte tendencia de me tornar um "Demônio", algo diferente de um "Vampiro". *Pelas mentes ligadas, possivelmente a Sacerdotisa iria ver as memorias do albino que se lembrava de seus momentos de descontrole durante seu treinamento onde percebendo o perigo proveniente de si, seu mestre depois de derruba-lo o inseriu aquelas marcas sendo visíveis apenas as dos pulsos, sim, antes elas eram meras tatuagens curtas que com o passar do tempo foram se desenvolvendo, era como se conforme ele fosse purificando e controlando o próprio poder, maior ficavam as tatuagens*

-De acordo com os cavaleiros, Demônios são aqueles que usam a Força da forma incorreta, já eles, os 5 principais cavaleiros, são Anjos que usam a Força perfeitamente sendo então Arcanjos; eu estou treinando para me tornar o sexto arcanjo, enfim... O pergaminho esquerdo me ajuda a expelir a energia e o direito calibra ela dando forma e corrigindo a intensidade e os dois juntos mantem boa parte da minha energia selada, suponho que as marcas que surgiram antes foram uma reação de contenção do meu NA se ativando de forma inconsciente. *Expeliu a energia do palmo esquerdo que estava voltado para o alto deixando visível que aquela rajada era toda incoerente fazendo movimentos aleatórios, apagando e acendendo sem devida constância até ele mover o palmo direito onde aquela força brilhante se corrigia formando uma chama que se expandia virando uma orbe perfeita, porém que ficava tremendo mostrando que apesar de dar forma, ele não tinha controle devido da intensidade oscilando entre fraco e forte*

— Não há muito a se saber. Antigamente, meu povo via os Paladinos como santificados e almejava ser escolhido. Hoje, com os ensinamentos de Eramorn, minha posição se tornou um pecado por renegar conhecimento. Uma vez que ser um Paladino se tornou sinônimo de heresia, o posto tornou-se algo hereditário. Eu fui criada para servir e, quando a Datsu chegou à Ashinara com a promessa de livrar o planeta da eminente exploração alienígena, eu me voluntariei. Quando cheguei aqui, haviam apenas cinco pessoas. Agora há centenas.

Ela aproveita a duração da explicação para analisar o pergaminho escrito em Heylel. Suas gravuras são bem feitas, mas ela não tem certeza se são obras de um paladino. Não há muitas pessoas fora desse grupo que conhecem a técnica.

— O que posso fazer é ajudar-te a libertar essa contenções. Creio que agora que sua mente está limpa ela não sejam mais tão necessárias.

*Quanto mais ela falava, mais ele tinha duvidas devido os nomes mencionados pela mesma, e bem, talvez esse fosse o momento para saber não só sobre a Sacerdotisa mas também do Eremita que era seu mestre. Fechou a mão fazendo a esfera se apagar*

-Eramorn? E quem eram esses 5? E bem, eu adoraria a ajuda, eu vou precisar de todo meu poder disponível para libertar Tuntau e até mesmo Phax e outros planetas da Aliança, isso se tornou meio que um desejo pessoal e bem, por onde começamos e por falar em começar, esse lugar todo branco é a minha mente? *Uniu os palmos estalando os dedos destros já que os canhotos eram puramente cibernéticos. Com os palmos unidos ele os levou ao todo da cabeça formando um arco onde curvou o corpo para trás estalando alguns ossos para depois meio que repetir o processo só que no pescoço e ombros*

— Pode demorar um tempo, espero que não te incomodes.

Seus dedos adquirem um tom róseo e deslizam suave e lentamente pela pele de Heylel. Conforme o fazem, suas marcas se desfazem. Sacerdotisa não está fazendo mais do que desamarrar o pergaminho do ciborgue.

— Eramorn é o representante dos Mistiimerianos no conselho intergalático. Dizem que ele é um santo tocado por Deus, mas está apenas entregando nossos segredos a pessoas que vão fazer mal uso deles. — Responde sem perder o foco no que está fazendo. — Obviamente o líder já estava aqui. Ao seu lado estavam duas garotas que já não estão entre nós, Centurião e um homem que chamavam de Doutor. Ele era insano e foi expulso.

*Aos ter seus pergaminhos abertos, pouco a pouco sua energia ia se libertando formando o que parecia ser uma nevoa azul sutil sobre o corpo, quase como uma aura bem fina que ia ficando mais densa conforme o poder fluia mais livremente*

-Não vai incomodar... Esse doutor por acaso era viciado em charutos e tinha traumas com encanadores negros? *Nos braços de Heylel haviam marcas de cortes que o lembravam do doutor insano que o tratou o Pax-12 a custo de muita dor, só de lembrar chegava a suar frio ignorando quase que totalmente a sensação de poder que ia aumentando fazendo as marcas atuais irem mudando tomando aspecto que talvez fosse fazendo mais sentido para a Sacerdotisa*

— Eu não sei. — Ela permanece séria ainda que o relato de Heylel seja ligeiramente cômico. — Ele jamais me deixou vê-lo ou ajudá-lo, mas de fato fumava muito. Seja lá o que aquele homem têm é assustador e eu espero não encontrá-lo novamente. Sua presença me causava desconforto.

Sacerdotisa aos poucos diminui a velocidade do toque, indicando que pararia em breve. Sua intenção não é desamarrar completamente o pergaminho ainda e sim fazer isso em pequenas sessões para que Heylel se acostume aos poucos com seu poder.

— Você me perguntou sobre esse lugar. É um misto entre a minha mente e a tua e por isso que é equilibrado. Tu és agressivo e eu sou serena. Assim, conseguimos moldá-lo como quisermos. No plano comum, estamos sentados um em frente ao outro fazem alguns segundos. O tempo passa mais devagar aqui.

*De fato, diferente de quando perdeu o controle a pouco tempo, as marcas permaneciam apenas nos antebraços, talvez subindo um pouco pelos braços quase alcançando os ombros, mas só isso e nada mais como se realmente houvesse um zelo ali para que as demais tatuagens não surgissem como formas preventivas buscando conter aquele poder adormecido*

-Quem diria que aquele homem seria tão importante... Hm, entendo, eu poderia aprender técnicas desse tipo? Ter o mesmo pergaminho que o seu ou parecido? *Era um pouco desconfortável sentir seu poder crescer, não pela sensação de aumento e sim devido a tal carga negativa que o trazia a tona sensações ruins que logo passavam, ao que parecia o tratamento da Sacerdotisa criou muralhas na prisão de Alcatraz dificultando o adentrar de toda aquela negatividade*

Seu semblante se torna mais sério. Não agressivo, mas alerta.

— É exatamente isso que nós lutamos para impedir. — Ela responde, dessa vez mais seca. — A união dos Paladinos e da Datsu, representada por mim, é sincera mas temporária. Nosso interesse é em preservar o poder oculto dos pergaminhos e impedir que caiam nas mãos de pessoas que não seguem o caminho de Ashinara. Continuaremos a relação amigável, mas os segredos continuam segredos.

Ela chega ao final apressando-se nos últimos segundos, provavelmente por não ter gostado do questionamento de Heylel. Todo cuidado é pouco para impedir que aquela magia caia em mãos erradas.

— Eu fui treinada por trinta anos para servir de recipiente para meu pergaminho, e ainda eu posso morrer se cometer qualquer excesso. Já vi boas pessoas implodirem na minha frente por tentar guardar esse poder, então mantenha-se longe dele.

*Fez uma careta não pelo o que ela dizia e sim pelo o que ela estava fazendo, aquele descuido com seus pergaminhos fazia uma carga maior de negatividade escapar e aquilo foi ligeiramente dolorido para ele, não muito, mas o bastante para incomodar*

-Já pensou em falar ou ensinar sobre esse caminho antes de me pedir para me afastar? Se o problema é eu ser Kroyvisiano, tudo bem, agora se o problema é minha ignorância, se me ensinar eu posso seguir, afinal, um verdadeiro mestre é um eterno aprendiz, todos, até mesmo você podem se surpreender com as coisas novas que pode aprender, seja sobre os outros, seja sobre si mesmo... Ahn... Vai um pouco mais devagar, desculpa, eu não quis irritar, só fiquei curioso já que seria um poder útil para que eu possa salvar a todos. *Nem mesmo mencionou o fato de sua tendencia a se tornar aquilo que chamam de "Demonio" por ser obvio demais que sim, isso era um grande problema, nem pensar que um ser maligno coberto de pura maldade deveria usar aquele poder, Pirion estava com sua razão em dia ao selar os poderes de Heylel e quem dirá, talvez, os de Syga também*

— Não funciona dessa forma. Veja, nossa religião prega que fomos escolhidos por Deus para abrigar esse poder. Enquanto o caminho que Eramorn segue diz que devemos espalhá-lo pelo universo, os Paladinos acreditam que devemos impedir que caia em mãos despreparadas. Não proibimos vocês de acessar os pergaminhos apenas para que não usem errado, mas também porquê não são adequados para usá-los. Nosso corpo habituado com as artes místicas muitas vezes não os suporta, não imagino o que pode acontecer contigo se tentar.

Ela toma uma certa distância de Heylel e, diante desse, surgem dois soldados propriamente fardados da Aliança.

— Eu não acho que meu povo tenha sido sábio em confiar o básico das artes místicas aos estrangeiros, mas tenho certeza de que não devemos deixar de guardar as artes ocultas. Mostra-me se você é capaz de usar a benção que recebeu para que eu tenha certeza de que acertei em libertar-te de suas amarras.

*Seguiu escutando o que ela tinha a dizer prestando bastante atenção e ela tinha bastante razão em cada dito, afinal, um poder tão grande na mão de todos? Ele já testemunhou aquele poder ser usado de forma incorreta pelo primeiro aprendiz de seu mestre, aquele que veio antes de si que agora segue conquistando planetas a força, logo, Heylel chegou a mesma conclusão que a Sacerdotisa de que Eramorn estava errado, todavia, discordava dela sobre sua capacidade de suportar aquele poder*

-Conforme eu for abrindo meus pergaminhos e desbloqueando meus poderes, iremos ver na pratica se eu suporto ou não todo esse poder. *Notando e vendo aqueles dois homens criados para que pudesse treinar, o albino sorriu e se concentrou o suficiente para que aqueles dois de tornassem Burnes e seu colega do qual ele matou. Agora sentia-se mais motivado a faze-los de bonecos de teste*

-Agora estou motivado!*Moveu o braço esquerdo o fazendo se tornar um canhão do qual começou a brilhar em azul e ecoar um som peculiar de carga e então apontou para frente abrindo um sorriso quase que sádico para seus alvos*

-Pode começar! *Naquele momento ele já estava carregando sua energia expandida pela aliada para poder começando já testando sua nova técnica já podendo supor e sentir o que poderia fazer com ela em níveis mais avançados*

Os dois soldados avançam com facas de combate na direção de Heylel. Quando ele materializa suas identidades, elas se concretizam a ponto dos movimentos tornarem-se idênticos a como o ciborgue se lembra. Burnes ataca com uma técnica experiente e segura, ao mesmo passo que seu assistente parece inseguro e trêmulo. A técnica mental de Sacerdotisa é de fato poderosa.

— Não haja como em seu primeiro encontro. O ódio pode matar outros, mas pode matar você também. — A voz dela ecoa enquanto seu pergaminho volta a brilhar. — Pondere-se. Ataque com a mente e não com o coração. Encontre um jeito de atingir os dois sem deixar que o atinjam.

Ela é capaz de fornecer a Heylel o treinamento de combate que jamais teve por sua incapacidade na arte. Isso tudo ao custo do próprio sangue que volta a escorrer pelos braços.

Enquanto Cody aguarda pelo retorno de seu mestre, uma mensagem é recebida no mesmo número que ele havia dado a Bhailin. Esta, pertence a um número desconhecido, mas é claramente a oficial, sendo acompanhada por uma foto da mesma.

Bhailin escreveu:

Oi Cody, aqui é a oficial Bhailin.
Fui atrás do doutor Renard para parabenizá-lo pela entrevista e pela repercussão do caso dele, mas ele não estava no hospital porque estava de folga. Então liguei pra ele, mas sinto que tem algo muito errado. Ele estava bem estranho, mais do que o normal. Parecia desesperado e não dizia nada com nada, mas quando eu perguntei, ele disse que não era nada.
Sei que não se dão muito bem, mas se importaria de me acompanhar até a casa dele? Já tenho o endereço aqui, se não for muito incômodo.
Obrigada!

*Confiante e sedento pelo sangue por mais que aquilo fosse mais como uma especie de miragem, Heylel apontou seu canhão de energia para o mais fraco e disparou contra o mesmo que como da outra vez não tinha habilidade o suficiente para resistir a suas investidas, sem duvida alguma era patético. "O ódio pode matar os outros"*

-...! *Ágil mais do que o esperado, Burnes conseguia interceptar Heylel como da outra vez bastando pequenas trocas de golpes para sua faca de combate atravessa a barriga do albino. "Mas pode matar você também"*

-Argh! *Foi jogado pra trás caindo no chão debruçado começando a tossir e aquilo o deixava ainda mais cheio de raiva. "Pondere-se. Ataque com a mente e não com o coração."*

-Tsc... *Mesmo ofegante, ele se erguia-se devagar com a mão no local ferido. "Encontre um jeito de atingir os dois sem deixar que o atinjam."*

-E só agora você me avisa? Certo... *Recordou-se naquele momento das palavras de Melroa e Mora sobre a forma como ele agia, sempre avançando independente do risco colocando a própria vida a prova enquanto aqueles a sua volta ficam vulneráveis por tentar suprir a falta de prudencia daquele Kroyvisiano que também se recordava dos treinos de seu mestre anterior a esta atual*

"-Mente e corpo devem agir como um só, se você pensa demais antes de fazer, você cai, se você age demais antes de pensar bem, você cai, é preciso uma harmonia entre os dois e para isso o espirito precisa estar limpo e sereno, concentre-se e torne seus movimentos algo natural e automático com a união de mente e corpo, um refinar do instinto." *Alcatraz se mantinha erguido e retirava a mão de seu ferimento levando o polegar manchado até o rosto fazendo uma marca vermelha abaixo dos dois olhos e acima do nariz, uma linha reta. Seu olhar agora encarava seu oponente restante com seriedade e concentração tremenda*

-Venha. *Os adversários avançaram um contra o outro uma vez mais. Seguindo o embate, os movimentos do rebelde agora seguiam cada vez mais leves, era como se fossem perdendo o peso e ganhando velocidade a cada novo espalmar, defender e contra-atacar e durante essas trocas de golpes e revides ele lembrava-se daqueles que tinha que proteger, daqueles que talvez eventualmente mudassem seu nome para algo que combinassem ainda mais com seu novo eu*

-Está acabado.*Comentou quando seu segundo golpe energético realizado de forma sorrateira enfim retornava atingindo as costas do atual rival desestabilizando seu corpo o bastante para deixa-lo vulnerável a uma sequencia simplesmente massacrantes de ataques interligados e fortes onde o ultimo soco feito com a prótese lançou o corpo atingido para trás o fazendo voar alguns metros antes de bater no solo e arrastar-se um pouco ali devido a inercia*

-Nós não lutamos para matar ou fazer sofrer nossos inimigos, isso é apenas uma possível consequência que existe em qualquer tipo conflito. *O punho serrado se abaixou e a postura do resto do corpo se manteve ereta e forte, pronta para qualquer ação alheia como um forte armado preparado para disparar contra seu alvo a qualquer momento. Não havia mais sinais de raiva, ódio, tristeza ou até mesmo medo e duvida em Alcatraz, era como se tudo tivesse sido aprisionado dentro de si em segurança máxima com paredes e grossas extremamente resistentes feitas de puro foco e determinação*