Buraco negro - Vumihe Boik

O mundo cai para Jubo quando ouve sobre cirurgias plásticas. O médico já é dramático o suficiente normalmente, mas esse fator de personalidade só se intensifica mais quando o assunto é beleza.

— Não sei fazer não. Se soubesse, não estaria esse horror que eu estou. — Ele lamenta, como sempre sem nenhuma auto-estima. — Mas há um médico na estação que sabe e eu posso falar com ele. Pintar o cabelo ao menos eu sei, mas... o que você quer fazer, querida? Sabe que tá arrasando assim, né?

Quando ele desce a mão para apanhar seu dispositivo e entregar a Melroa, é interrompido por Mora que oferece o próprio bracelete tecnológico.

— Prefiro que use o meu. Isso é menos perigoso nas minhas mãos. — Diz a voz robótica antes de ser substituída pela função de um gravador.

Pesquei os olhos ao me lembrar que aquele podia see um campo minado para o rapaz. Então apenas balanceio negativamente a cabeça.

¬ Jubo você é único e belo da sua forma. O universo é muito grande para se prender a padrões. Eu te acho um máximo do jeito que é. E eu só vou fazer pequenas mudanças para não ser reconhecida.

Dei de ombros no final, tentando mostrar que realmente não ligava para aquilo. Tentei não demonstrar meu desconforto quando vi Mora oferecer seu dispositivo.

¬ Não tem algo descartável? Não quero que te rastreem e pense que tem algo relacionado a minha morte. A pessoa para quem viu enviar pode ser meio... Complicada.

Jubo mantém-se cabisbaixo, o que não é estranho. A falta de auto-estima dele é algo mais poderoso do que qualquer Aliança ou ordem rebelde e não pode ser facilmente vencida.

Mora, por sua vez, mantém-se firma. Com um olhar decidido e demonstrando coragem, ela apenas estende o bracelete para mais perto de Melroa.

É visível que a loira não teme a própria morte, principalmente a julgar pela ocasião em que ficou entre Bastião e a piloto. Contanto que tenha controle da situação, está disposta a arriscar-se.

Rangi os dentes de nervosismo, mas um vez que aceitei a determinação de Mora me vi caindo no meu próprio mundo. Deixei que todo rancor e melancólica que suprimi por anos viesse a tona. Digitei o endereço eletrônico que já tinha decorado à muito tempo. Não precisei forçar minha voz, ela já estava rouca e carregada de tantas emoções que nem soube de onde vinham.

¬ Irmão. Pra variar eu não sei onde está, não sei o que está fazendo... Isso também não me importa agora. Eu me sinto como se estivesse dentro de um sonho, com tudo de repetindo. Mas desta vez não tem ninguém pra me ajudar. Eu não tenho muito tempo, logo vão me encontrar e eu não consigo andar. Espero que tenha sucesso no que está fazendo, seja o que for.

Ao terminar, inseri ruídos no áudio para que dificultasse qualquer tentativa dele. Então enviei. Fiquei encarando o dispositivo por alguns segundos, então ergui lentamente a cabeça e olhei para o médico.

¬ Acho que agora é hora do meu enterro. Me leve até a pessoa que você diz conhecer.

Mora libera ambos com um sorriso singelo de quem pôde ajudar na empreitada de Melroa. Ela sequer a conhece bem, mas já confia na piloto por seu gesto anterior. Há quem diga que ela é ingênua, mas os mais espiritualistas dizem que ela sente a bondade e a maldade no coração dos outros.

Jubo ainda está um pouco incomodado, com medo de onde está se metendo. Aquele não é o dever de um médico, afinal, e ainda assim ele está cooperando por Mora, quem ele deve algo assim como todos ali, e também por um pouco de pimenta em pó.

— Você se lembra do caminho pro consultório. Eu vou pedir pro meu colega te encontrar lá, tudo bem?

¬ Certo. Vejo você mais tarde...

Conforme caminhei em direção a sala, senti o peso da realidade cair sobre mim com força. Onde caralhos eu arrumaria pimenta em pó?

¬ Aí eu devia ter perguntado...

Entrei na sala vazia, fechando a porta atrás de mim e seguindo até a maca. Deitei com cuidado e fiquei encarando o tempo por pouco tempo. Pois logo peguei no sono.

"Parecia o retrato pintado do próprio inferno. Minha visão estava turva por causa da lágrimas, mas os corpos sobressaiam das chamas contra a minha vontade. Lembro de muitos gemidos de dor. Mas eu não conseguia emitir um único som. Possivelmente em estado de choque. Vi Mila, minha irmã um ano mais velha sentada no chão e apoiada na parede de metal. Seus olhos estavam arregalados e olhavam para cima, sua boca estava aberta e o rosto marcado por uma pequena trilha de sangue. Aquilo me deu ânsia, mas não consegui vomitar. Quando tirei meus olhos dela, pude ver no reflexo uma pequena garota deitada no chão. Um cilindro de metal, provavelmente de uma tubulação estourada, atravessava o corpo dela. Comecei a chorar ao perceber que a garota era eu. Eu completava 4 anos naquele dia.

A luz direcionada a Melroa pode ofuscar sua visão por um tempo. Ainda que as cirurgias plásticas sejam bastante evoluídas na época em questão, elas ainda exigem um bom tempo para serem realizadas. Algumas horas provavelmente se passaram, mas a parte boa é que ela provavelmente não detém qualquer cicatriz.

Seus sentidos voltam de pouco em pouco. No quarto, apenas Jubo dessa vez, cochilando no canto da sala. Em sua mente, um zumbido baixo porém persistente, como o que estava ligado anteriormente. De acordo com sua experiência anterior, em breve se acostumaria.

Lentamente, deixei a imagem de Melroa sumir como vapor numa sauna. Eu precisava deixa-lá ir. E com ela toda sua carga. Vi os gêmeos segurando a mão um do outro, Miya com seu cobertorzinho e Maya com.sua expressão calma. Senti meu coração apertar como se alguém o esmagasse com as mãos. Fechei os olhos e a cena mudou. Meu irmão, mais jovem, ainda com sua voz. Seu sorriso torto me alfinetava como milhões de agulhas, e trazia uma saudade indesejada. Pisquei. Cody e sua maldita galinha me encaravam. Nunca consegui entende-lo, e agora não seria diferente, mas sua presença me deixou cabisbaixa. Mais uma vez. A imagem que eu menos queria ver apareceu Heylel em sua armadura. Senti minha garganta fechar como se suas mãos a apertasse. Mas ele estava distante. E desta vez ao invés de sua imagem desaparecer como as demais, ele estava mais perto e sem a armadura. Antes se eu o olhasse me sentiria calma, feliz. Agora o observando de perto, cada detalhe parecia despertar o pior. Raiva, angústia, rancor, solidão. Precisei morrer para entender que o amava. Melroa o amava.

Ouvi aquela voz irritante de novo. E cada palavra parecia feita sob medida para me tirar só sério. Se pudesse, cuspiria na voz.

"Essa é minha privacidade. Pode bater antes de escancarar tudo? Eu dito o que me satisfaz ao não. E como não posso ter a cabeça de vocês em uma bandeja, me contento com a verdade. Para depois ter as cabeças. Vocês decidem. Eu posso demorar, mas eu vou acabar com os planos de vocês. Podem pensar com calma."

Ouvi vozes ao fundo, mas não abri os olhos. Primeiro respirei fundo, até sentir meu peito arder. Então eu os abri. Pesquei algumas vezes, tentando me adaptar com a luz ofuscante do ambiente.

¬ Jubo eu posso te ouvir tá?

Com um pulo, o médico se levantou e bateu continência em reflexo. Assustou-se com o repentino despertar da garota, especialmente pelo curto período de tempo que ela passou desacordada. Ainda assim, sua postura amedrontada se desfaz quando ele se dá conta de que ela está bem.

— Ahm... tá tudo bem, senhorita que não sei mais o nome? — Ele pergunta, confuso quando a maneira que deveria tratar a mais nova conhecida.

Como Vumihe Boik está em uma lua sem atmosfera, dia e noite são iguais. Apesar disso, é visível que é muito tarde a julgar pelo quão silenciosa está a base espacial e pelo tamanho das olheiras de Jubo.

Acabei rindo ao ver o médico assustado, mas não durou tanto, pois percebi seu cansaço. Lentamente me sentei na cama, olhando ao meu redor como se de repente minha pele ou desde estar azul. Soltei um suspiro ao ver que tudo estava normal, pelo menos até onde minha visão alcançava.

¬ Celes. Pode me chamar de Celes.

Estiquei os braços além da cabeça, me espreguiçando para acordar os músculos.

¬ Eu me sinto ótima! Bem, por enquanto. Posso ver?

Apontei para o meu próprio rosto, tentando esconder o nervosismo com um sorriso de falsa expectativa.

— Mas é Celés ou Céles? Ou Cêles? O nome é bonito, mas você vai ter problemas com ele. Começando por arranjar uma identidade falsa pra poder perambular por aí, e nós infelizmente não temos como te dar uma identidade da Aliança porquê meio que não fazemos parte dela. — Deu de ombros, sem realmente ter a mínima ideia de como ela resolveria o problema. — Você precisa dar um jeito de ser cadastrada no sistema deles, se não a cobra vai fumar pro teu lado.

Ele entende o recado e apanha um espelho que, como sempre, têm consigo. Ao olhá-lo por reflexo, porém, pode sentir o mesmo aperto na alma de sempre somado ao marejar de seus olhos.

— Melhor do que eu você tá. — Murmura enquanto entrega o objeto.

Pisquei algumas vezes, ainda me sentindo um pouco tonta e mais ainda com a enxurrada de questões jogadas em mim. Ele tinha razão, não seria fácil. Mas nada na minha vida foi.

¬ Cêles. De Celestia. E vamos não seja tão pessimista! Eu sou uma hacker, tem poucas coisas que não posso fazer. Relacionadas a computador é claro.

Peguei o espelho, mantendo-o para baixo. Torci o nariz, ouvindo seu sussurro inseguro. Trabalhar sua auto confiança não seria fácil.

¬ Eu continuo te achando incrível. É sério, do jeitinho que é.

Antes de me olhar no espelho, levantei da cama com cuidado. Não me sentia dolorida em nada, mas era melhor prevenir. Quando finalmentw encarei meu reflexo, soltei um suspiro. Realmente uma garota totalmente diferente me olhava. Primeiro o rosto não estava escondido atrás de uma cortina de fios escuros. Em seu lugar tinha uma franja bem aparada e
...

¬ Azul? É gostei.

Peguei uma pequena mecha do meu novo cabelo, enrolando-o no dedo. No geral eu tinha mudado de personagem sombria e introvertida para a protagonista radiante. Tal comparação me arrancou risos.

¬ Bem, agora preciso voltar a minha nave. Melhor trabalhar enquanto estão todos dormindo.

Assim que a porta do banheiro é aberta, Liandry pode sentir que colidiu com alguma coisa no processo. Algo pesado, por sinal. Uma garota alta está parada atrás da porta, aparentemente ela estava tentando sair do banheiro quando a rebelde tentava adentrá-lo. Ela é levemente musculosa, tem diversas tatuagens espalhadas pelo corpo e as laterais de seu cabelo liso e escuro são raspadas. Além disso, ela parece ser humana, e sua expressão não parece muito amigável. A mulher cruza os braços e olha a outra garota de cima.

— O que acha que tá fazendo, garota? Nunca te vi por aí, é novata e já tá procurando confusão, é isso? — Ela rosna, claramente irritada.

O banheiro já é um pouco antigo e extremamente simples. É constituído apenas por um corredor com algumas pias, que levam a 6 boxes fechados, onde estão os vasos sanitários. Apesar de tudo, o local é bem limpo e parece quase vazio, com exceção de algumas cabines ocupadas.

Mina putassa:

Assim que Liandry sentiu a porta batendo em alguma coisa, ela imaginou que fosse uma pessoa, talvez tivesse machucado a pessoa e como não tinham motivos para ela ter aberto a porta tão rápido como ela achou que fez, ela inventou um e inclinou levemente a coluna, abraçando sua barriga e se apressando um pouco mais, como se estivesse com dor de barriga.
— Desculpaaaa, é uma emergência. - ela disse e passou como o vento pela humana, entrando no primeiro box desocupado que encontrou.

Jubo parece ter também aprovado a mudança a julgar pelo sorriso aberto. Ficou apreensivo com a ideia de início, mas sem dúvidas gostou do resultado final. Ainda questionava sua ética enquanto médico por fazer parte daquilo, entretanto.

Quando ela mencionou partir, ele se levantou rapidamente. A primeira coisa que fez foi abrir a porta e olhar ao redor para constatar se de fato não havia ninguém por perto. Depois, voltou a trancá-la com a tecnologia a sua disposição.

— Sim, você precisa sair daqui, mas tome cuidado com o caminho! — Ele abaixa o tom de voz. Se semblante agora evidencia medo e alerta. — ...o samurai já matou dois, e não quer que ninguém saia da estação

Engasguei com a minha saliva quando ouvi sobre as baixas. Tentei dosar a ira em minha voz, mas ao ouvi-lá um tom mais grave que o normal acabei desistindo.

¬ Ele o quê?! Mora está bem? Quem esse imbecil pensa que é?! Precisamos evacuar todo mundo! Aí eu vou chutar as bolas desse cara!

— V-Você não pode! — Alarmou-se o médico, rapidamente colocando o dedo em frente aos lábios de Celes para que ela se cale. — Você não viu quando aconteceu. Foi tudo muito... rápido. Ninguém ousa questioná-lo agora, exceto por Mora.

Ele se afasta um pouco e anda ao redor na sala, esfregando a cabeça enquanto pensa. Seus olhos arregalados denunciam um trauma recente não só de Jubo mas talvez de toda a estação silenciosa. Todo o movimento que Vumihe Boik tinha um dia atrás parece ter cessado completamente.

— A primeira garota morreu de repente. Ele não disse nada, só desembainhou a espada e a assassinou. — Ele conta entre soluços. — O segundo que morreu parecia ser seu pai ou tio, não sei ao certo. Ele tentou vingar-se, mas não sequer encostou no espadachim.

Ele caminha até um canto do grande consultório médico que parece o único de toda a estação, que é bastante pequena. No fundo dele, digita o código para que abra-se uma porta. Atrás desta estão dois grandes compartimentos prateados totalmente selados e em estado de criogenia. Provavelmente comportando os corpos dos dois falecidos.

— Ele disse depois que a garota era uma traidora, mas não fez questão de mostrar provas. Ainda assim... alguns concordam com ele. — Ele murmura enquanto fecha uma vez mais a ala de criogenia, ainda cabisbaixo. — Mora está o enfrentando, mas do jeito dela... está tentando expulsá-lo. Mas eu temo que o número de baixas aumente, e não quero que você seja parte desse número.

Eu queria gritar que aquilo era maluquice, que não tinha como alguém são concordar. Mas eu não podia. Quem faria aquilo era Melroa. Ela foi a única a enfrentar a Datsu. Eu não tinha mais aquele luxo. Minha boca entreaberta se fechou numa careta enquanto rangia os dentes. Puxei o médico para perto, abraçando-o com força.

¬ Sinto muito Jubo. Vamos dar um jeito nisso. Eu vou dar um jeito nisso. Confie em mim.

Assim que terminei de falar o soltei. Fui em direção a porta, me preparando para sair.

¬ Avise a Mora que estou bem. Para não se preocupar.

Então abri a porta e, antes de fechar, olhei para Jubo. Esboçei um cara de cu para tentar tranquiliza-lo. Mas por dentro eu era pura tempestade.

O m édico apenas deixou-se consolar pelo abraço, aliviando-se diante daquele gesto carinhoso que sem dúvidas era o que precisava para se manter são naquele momento. Com o fôlego renovado, ele ergue a cabeça exibindo um sorriso singelo.

— S-Sim. Só tome cuidado para ele não te ver saindo, por favor. Qualquer coisa eu te cubro depois.

Ele abre seu computador e digita uma breve mensagem para Mora. Estava preparado para o momento que a garota se levantasse e decidisse partir.

— E por favor, não esqueça da gente. Nem da pimenta em pó.

Sinalizei um 'ok' com os dedos enquanto ria. Mas assim que fiquei sozinha no corredor fui envolta por um frio anormal, e isso desmanchou o sorriso. Seguindo pelos corredores com passos largos e leves, só parei para observar meu reflexo numa janela. Uma suit preta estava colada ao meu corpo, parecendo muito um maiô. Um meio sorriso trêmulo surgiu em meus lábios ao ver o design excêntrico. Não soube dizer se era ideia de Mora ou Juno, mas os gatinhos sorridentes estampados nas duas meias 7/8 se destacavam num azul da cor do meu cabelo.

Voltei a andar logo, traçando o mesmo caminho até a garagem com cuidado para não despertar ninguém. Levei meu comunicador até a orelha, acionando a nave remotamente.

¬ Ene? Preciso que pesquise onde arrumar pimenta em pó... Sem risadas!

Mas a I.A já rachava de rir do outro lado, o que me fez lugar e revirar os olhos.

"É pra já senhorita!"

A mulher tenta agarrar Liandry pela gola de sua camisa para impedí-la de fugir assim, mas a destreza da garota é muito maior do que poderia imaginar. Antes que mal perceba, a menina já está trancada em um dos boxes do banheiro. Ela pode ouvir que a mulher do lado de fora bufa, mas após algum tempo a porta se bate, provavelmente anunciando que a encrenqueira havia deixado o lugar.

O silêncio instalado no local é denso, mas isso dá abertura para que a garota ouça um choro baixo em algum dos boxes vizinhos. Pelo som baixo mas intenso, a pessoa parece estar tentando não ser ouvida, e parece ser uma garotinha desesperada.

A garagem está bem mais fantasmagórica do que quando aterrissou, chegando a assemelhar-se até mesmo com o cenário de um filme de terror. Tudo isso por causa da escuridão profunda e do silêncio absoluto.

Os passos de Celes ecoam no hangar que, naquela baixa luminosidade, não aparenta ter um fim. Qualquer barulho parece bem mais alto naquele ambiente que geralmente está bem movimentado com naves que vêm e vão, e muitos trabalhando para o bem da estação. Agora tudo isso está permeado por uma atmosfera sanguinária deixada por um assassino frio e impiedoso.

Dessa escuridão, surge uma luz forte. Um homem faz ronda pelos corredores escuros e ergue sua lanterna em direção à rebelde, iluminando seu rosto subitamente.

— Ei, o que está fazendo aí? O toque de recolher foi implementado e já emitido. Você não recebeu as ordens da Datsu?

Quase soltei um palavrão quando vi a luz de aproximando. Instintivamente coloquei os braços ao redor do rosto para que não fosse reconhecida. Mas eu não era mais Melroa, a rebelde que bateu de frente com a Datsu.

¬ Tenho informações para dar a Datsu. Sobre Gradopolis.

Não é possível ver o homem que aponta a lanterna para Celes, mas ele claramente é grande em porte a julgar por sua silhueta encorpada. Apesar disso, seu tom não é agressivo. É só alguém cumprindo uma ordem imposta.

— E quando você chegou? Não têm como ter entrado sem pedir a autorização da central, que não abriu a garagem em momento algum.

Ele leva os dedos até o queixo e o coça, pensativo. Ele não poderia manter o tom paciente por muito tempo se quisesse manter-se em segurança diante da presença ameaçadora daquele espadachim, que certamente não perdoaria uma vista grossa.

— Vou ter que te levar comigo. Ou você o enfrenta ou eu.