Gayláxia Rosa

— Bom, disso eu duvido. — Começa, com os olhos fixos no caminho. — Tudo o que tenho ouvido nos últimos dias tem o nome Queendom no meio, sabia? Bom, isso é... Até acontecer mais um ataque à Gradopolis. Fico feliz que todos tenham saído a salvo, mas a situação lá parece preocupante. É como se qualquer lugar pudesse ser bombardeado a qualquer momento... Mas não tem jeito, né? A vida continua, espero que as coisas se acalmem.

Khael suspira, mantendo-se concentrado no caminho embora puxe assunto com a garota. O trânsito na cidade neste horário não é nada absurdo, então eles se locomovem rapidamente até o destino da garota. Já próximos ao local indicado, ele finalmente olha para a garota, analisando-a brevemente.

— Estamos chegando, tá? E não precisa ficar tão tensa, prometo que não tem câmeras aqui. — Ele pisca para Amy, com um sorriso brincalhão.

— A aliança tá dormindo no ponto — Deixou escapar sem querer, os olhos descaradamente fixados no motorista enquanto analisava a sua aparência. Não sabia se podia falar daquele tipo de assunto com uma pessoa que conhecera a apenas alguns minutos, mas não parecia muito incomodada; ao menos não com aquilo.

Mesmo assim, ainda demorou um pouco para continuar, desviando os olhos imediatamente quando ele voltou sua atenção para si, envergonhada por estar o olhando daquele jeito. Não era possível que depois de fazer shows para tantas pessoas, teve a capacidade de sentir vergonha por conta de um simples olhar. Um simples e maldito olhar. — Falta mapeamento e guardas nas cidades... sabemos da situação. É como se eles simplesmente estivessem ignorando a situação. — Murmurrou, agora olhando a rua.

Foco, Amy. Não é um cara bonito na Galáxia que vai fazer você se distrair dos seus objetivos.
Foi o que Amy pensou no momento, começando mais uma vez a batucar em sua própria perna, nervosa. Mas, ainda assim, pensou se o aplicativo disponibilizava o número do moço. Talvez não. Talvez... — Ei! — Ela disse do nada, voltando a olhá-lo. — No lugar onde vou, eu vou buscar uma garota e posso precisar de um piloto bem rápido na hora de sair. Você acha que pode me ajudar nisso? Bem, claro que eu iria te pagar e tudo, o preço que você disser, mas eu não posso te falar muita coisa sobre.

Ele volta a olhar para o painel, mas seus lábios ainda sorriem. O GPS indica que estão chegando cada vez mais perto das coordenadas que Owl havia lhe dado.

— Acho que você está certa, a Reconquista parece estar muito à frente de nós. — Ele balança a cabeça negativamente, lamentando-se. — É meio ridículo até, uma organização tão grande quanto a Aliança não estar conseguindo proteger os cidadãos. Por sorte, ainda temos médicos e soldados como os que salvaram aquelas pessoas. Se não, podiam estar todos mortos.

Khael engole em seco, ajeitando o próprio cabelo rapidamente enquanto tenta desviar-se do assunto que ele mesmo puxou. Rapidamente, eles chegam no local indicado e ele para a nave próxima a calçada. Eles parecem estar num local mais vazio afastado do centro. As construções não são tão chiques quanto as que Amy está acostumada, e é o mais próximo de bairro de classe média que é possível se encontrar em Kasna, uma das cidades mais ricas da galáxia. Eles estão parados na frente de um enorme e já um pouco antigo prédio.

— Bom, é aqui. — Ele vira-se para a garota novamente, olhando fundo em seus olhos dessa vez. — Vou verificar minha agenda...

Ele ergue a sobrancelha direita para indicar a ironia, pegando o technophone novamente e dando alguns cliques com a tela ainda desligada. E então dá de ombros, voltando a olhar para a morena.

— Pra sua sorte, acho que hoje estou livre. Depois combinamos esse tal pagamento, certo? — Brinca. — Precisa que eu te espere aqui, ou você me liga avisando?

Amy encarou Khael no momento que ouviu a palavra "nós" saindo dos lábios dele, curiosa pelo seu repentino comportamento estranho. No entanto, nada comentou, preferindo deixar aquilo pra lá.

— Felizmente, nossos agentes são muito bem capacitados — Finalizou o assunto, notando que ele não queria mais conversar sobre. Não era do tipo de pessoa que insistia em algo quando via que a outra estava se sentindo desconfortável, mesmo que estivesse muito curiosa. Simplesmente deu de ombros, observando o seu destino se aproximar.

Não era bem o tipo de lugar que costumava frequentar, não podia mentir, mas tinha que entender que nem sempre as suas missões seriam em lugares agradáveis. Por isso, apenas suspirou ao ver a nave estacionar, sorrindo na direção de Khael. — Então, acho que é isso... — Riu ao ver o "teatrinho" do outro, balançando a cabeça negativamente. — Eu acho que seria melhor que você me esperasse aqui, mas em um lugar um pouco mais... — Ela olhou ao redor, pensativa. — Escondido. Assim que me ver, você vem o mais rápido possível.

Amy desceu da nave logo em seguida, colocando os óculos de sol mais uma vez enquanto ajeitava sua bolsa em seu ombro. Olhou ao redor com certo pesar, encarando o edifício que estava a sua frente. Naquele momento, começou a refletir sobre como entrar sem ser vista, afinal poderia simplesmente dar muito errado caso acontecesse.

Khael parece confuso de verdade com o pedido, mas dá de ombros. Por óbvio, não lhe cabe ficar julgando ou se intrometendo na vida dela. Ainda assim, é possível perceber que ele acha a situação um pouco estranha, mas não questiona.

— Entendido, madame! Estarei atento, mas vou querer minhas 5 estrelas depois, viu? — Ri.

Assim que a garota sai da nave, ele dá partida na mesma novamente e dá início à sua procura por um bom lugar escondido e que, ao mesmo tempo, seria fácil de ver quando Amy saísse do prédio e lhe desse um sinal.

Ela então se vê praticamente sozinha mais uma vez, no meio das tão desertas ruas. Vez ou outra, alguém passa por ali, mas é um acontecimento raro. Na frente do edifício, há uma grande porta de entrada. Mas caso procure melhor, na lateral há outra porta na lateral, onde há uma placa que indica que a mesma é destinada à entrada de funcionários.

Kate dirigiu um breve olhar para analisar os seus arredores, identificando rapidamente a porta lateral que dizia que a entrada era para funcionários. Ainda de óculos de sol, foi o mais rápido que podia naquela direção, se certificando de que não havia ninguém por ali que pudesse vê-la.

— Okay, Amy... agora você precisa ter calma. — Sussurrou para si mesma como uma forma de se dar mais confiança, respirando fundo antes de abrir a porta lentamente, espiando pela brecha para ver se havia alguém ali.

Pelo pouco que é possível ver através da pequena fresta da porta, Amy não vê e nem ouve nada que indique a presença de alguém. Na verdade, tudo o que pode ver são produtos de limpeza espalhados pela pequena sala para onde a porta onde está leva. Apesar disso, pela maneira em que uma vassoura e um balde estão posicionados, como estivessem separados para uso em meio àquela bagunça toda, logo alguém retornaria.

Uma bolsa feminina vermelha também pode ser vista, colocada em uma mesa próxima a um painel de HUD projetado por um aparelho já um pouco desatualizado, provavelmente usado para supervisionar o prédio através de câmeras de segurança.