Buraco negro - Vumihe Boik

— Certo, esse é o Jubo. E não fale dele assim! É uma boa pessoa. — Voltei a apertar o botão de comunicação geral. — Jubo meu querido eu te adoro e estou morrendo de saudades. Então poderia mover seu belo traseiro até aqui por favor? É isso ou não te dou a pimenta!

E sem esperar mais aprovações, fui soldado por soldado, pegando seus comunicadores e sincronizando com o meu como tinha dito. — Vou me contentar com algumas câmeras por enquanto até Jubo chegar aqui com o controle. E bem...

Fui até os controles, tentando abrir uma aba de comunicação com a reconquista, desta vez por chamada de vídeo. — Agentes da reconquista, aqui quem fala é Melroa diretamente de Vumihe Boik. Eu entendo completamente seu medo e decisão tomada em cima de uma logica para auto preservação. Mas a reconquista está em declínio, nosso proposito perdido e imagem manchada. Vou repetir o que disse aos soldados daqui: Não se trata de manter a base. Se trata de mostrar que a reconquista está viva! E se eles nos queimarem, queimarão junto também. Por tanto eu lhes peço mais vez, mandem reforços! Vamos expulsa-los e mostrar que não somos um grupo de assassinos de sangue frio. Lutamos por nossa casa, temos uma honra a proteger! Só sairemos daqui quando quisermos e não quando eles quiserem. Não de novo, não depois de ter feito isso com tantos planetas. Eu peço para que nos ajude com nosso proposito mais uma vez. Desligar ligação

*Com Jubo desmaiado e estando trancado naquele quarto, restava para Cody a missão de cuidar de Maya até o que foi pedido a Z'entrax ser encaminhado... Quanto tempo aquilo iria demorar? Bem, estava longe do fogo cruzado, seguro ali dentro daquele revestimento caso ninguém explodisse e sabendo que Melroa e Heylel trabalhariam juntos mais uma vez isso o aliviava pois sabia que apesar do gênio forte, ela tinha um jeito único de deixa-lo na linha quando calma*

-Quem diria, logo vocês dois fariam isso juntos... *Olhou para Jubo que estava inconsciente, iria tratar de seus ferimentos que por sorte ou talvez ironia do destino não haviam sido tão graves e profundos. Aproveitou o momento para mandar a mensagem para seu mestre*

-Boss, estou com o dispositivo que controla toda a base, mas alguém precisa ficar para cuidar do Jubo e da Maya então não posso sair e é arriscado você voltar, então qualquer comando necessário pode me enviar que irei responder na mesma hora. *Em tempo perfeito o androide havia dito aquilo para seu mestre que enfim encontrou-se com aquele grupo liderado por uma figura tão... Inesperada. Heylel deu alguns passos a frente para aparecer ali*

-Jubo está cuidando de Mayana, ela está em coma e precisa dos cuidados médicos dele e como estamos sob ataque ele se trancou junto com o Cody naquela ala médica, os dois são inúteis aqui conosco, mas usarão o dispositivo de controle para seguir seus comandos, Melroa. *O albino estava diferente, mais sério e com o cabelo um pouco maior devido estar a um bom tempo sem corta-lo, mas ainda era ele, de certa forma. Ela estava com o rosto de Celes por causa da cirurgia... Aquilo era mesmo muito estranho para digerir, preferiu deixar para lá em vez de ficar perguntando*

Eu realmente não tinha notado a presença de Heylel ali, eu só me movia pela sala gesticulando enquanto falava com os soldados. Quando me virei pra porta, disposta e ir pegar o controle eu mesma, dei de cara com o albino. Quase me joguei no chão, meu corpo chegou a dar uma inclinada dolorida para trás. Não fui capaz de falar de imediato. Eu ainda estava com o rosto de Celes, mesmo que não fosse nada berrante, mas meu cabelo era de Melroa. E minha atitude. Eu apenas pude desviar o olhar para o chão. Eu não sabia exatamente o que esperava, mas a urgência do momento abafou o que quer que fosse. — Ah. Tá.

Pisquei algumas vezes e respirei fundo, me virando para os controles. — Mas eu ainda preciso do acesso, aquela lata velha e eu não trabalhamos bem em equipe. Não é como se Maya fosse sair correndo estando num coma. Peça para ele trazer, preciso de acesso pleno a estação.

*Ele sabia que ninguém ali iria receber ajuda, afinal, ordenou junto a Bastião para todos recuarem e não seria agora que iria revogar o próprio comando junto a de seu irmão de luta, se fariam aquilo, seriam apenas eles, o que não era tão ruim, ao menos a vontade de Jubo de preservar os outros se mantinha*

-Querendo ou não, Cody é uma I.A e não ser um humano embora ele acha como um, ele então entrou no modo de comando manual, enquanto Jubo cuida de Mayana, Cody fica com o controle então comanda-lo é o mesmo que comandar o dispositivo de controle da base usando o auxilio de uma I.A, é simples e até melhor, você não precisa apertar botões, basta pensar, então seja lá o que for fazer, faça rápido, não temos tempo de ficar passeando por Vumihe. *Assim como ele fez com Nelai, retirou o modulador que o mantinha ligado a Cody de seu pescoço e ouvido -parte essa que servia para ouvir o androide- e lançou o aparato para a garota poder usar e ela mesma se conectar ao C-01 que no momento em que ela usasse iria falar "Bem vindo ao serviço manual, Capitão" por assumir que era Heylel usando e não outra pessoa*

Franzi o cenho ao ouvir a resposta. Por alguns segundos tive a mesma sensação de quando conversava com Khan. Aquilo me fez lembrar de como eu deveria agir. Fechei a cara e coloquei o dispositivo, acoplando-o a minha armadura. — Bunda enferrujada, pode dizer que sentiu minha falta, pois eu sei que sentiu. Quero que monte um painel com todas as câmeras de Vumihe para o canto direito da tela aqui da sala de comando. E coloque um sistema de alerta para um cara ruivo com cicatrizes no rosto, ele é um membro da SHADOW.

E com isso me virei para os outros soldados. — Estão esperando um convite formal para se posicionarem ou querem fazer da sala de comando o campo de vocês? Nem pensar, vão tudo lá pra fora, eu vou informando cada um a melhor posição e por onde devem seguir.

*Conforme Melroa dizia, ou melhor, pensava com certa precisão em fazer sendo guiada por sua própria fala, a I.A seguia respondendo automaticamente sem dizer uma unica palavra, pela primeira vez a garota veria Cody agindo de fato como uma maquina sem esboçar uma unica reação sequer*

-Nesse modo o Cody não tem acesso as informações registradas em seu codex pessoal, ou seja, você é meio que o cérebro dele agora e por isso ele não responde falando, só fazendo, isso é normalmente usado para configuração de sistema ou manutenção, estamos fazendo gambiarra o usando dessa forma, mas sim, ele sentiu bastante sua falta. *Embora ela fosse uma hacker com conhecimento muito maior que o de Heylel que era só um atirador, ele não deixava de ser um Kroyvisiano, ou seja, meio nerd por natureza embora não pareça, sem contar que a tecnologia androide foi algo inventado e idealizado por seu "pai", assim sendo, era normal ele saber como funciona por conviver com o criador e ela não, afinal, isso não é algo ensinado nem mesmo em livros técnicos, ao menos não atualmente com uma tecnologia tão recente. Melroa talvez se questionasse quando diabos aquele rapaz tinha aprendido algo que não se resumisse a atirar e matar os outros*

-E minha posição? Eu tenho um rifle de precisão, pode ser útil para cobri-los de alguma forma. *Como ela se virou para eles desviando a atenção de si, ficou sub-entendido para o albino que o dito não havia sido para si também embora ele naquele momento também fosse um soldado que suspirou demonstrando um certo cansaço*

— Eu sou? Que desperdício, se eu tivesse acesso a isso antes... — Monitorei as câmeras, procurando verificar os corredores. Deixei todas as portas abertas, menos a que supostamente era o local onde Maya estava junto de Jubo.

Ao ouvir o restante, um sorriso sarcástico rasgou meu lábios enquanto virava para olha-lo. — Engraçado, precisei morrer para fazer você me ouvir. Penas que não morri antes. — Não demorou muito para minha expressão fechar novamente e voltar a me concentrar na tela em minha frente. Fiquei em pé, apoiada com as mãos na bancada.

— Pensa, pensa... — Quase engasguei com minha saliva. Me virei para encara Heylel com um pânico genuíno estampado no rosto. — Miyano está na nave ainda. Na garagem. Tsc! — Levei a mão até o comunicador em minha orelha. — Miyano! Saia dai agora, siga a direção que eu vou te falar e vai chegar até mim logo, venha rápido!

*Parado ali de braços cruzados, ao ouvir o comentário ele apenas tombou a cabeça e deixou um breve "tsc" escapar, não era como se quisesse dar seu braço a torcer para o que ela estava dizendo até certo ponto que envolvia Miyano... Sério que ela queria que ele seguisse sozinho base adentro*

-Não apenas você morreu, parte de mim também e isso foi o suficiente... Eu precisava de uma certa carga de sofrimento para abrir direito meus olhos, tal como Centurião falou, enfim, verifique o mapa, temos que franquear se quisermos ter vantagem contra um SHADOW, só deus sabe do que esses soldados de elite são capazes. *Sabia da SHADOW graças a investigação de Cody que foi bem simples, afinal, o material divulgado foi nada discreto o que podia ser estranho, ainda mais vindo de uma organização que parecia ser secreta*

-... *Aproveitando-se que ela estava distraída, se aproximou e a deu um beijo breve no rosto da morena e próximo sussurrou algo para que apenas ela pudesse ouvir e na sequencia saiu dali para buscar o garoto o quão rápido poderia para não deixa-lo exposto nem que fosse 1 segundo que seja ao perigo*

— Ficaremos bem — Foi a única coisa que Amy disse, os braços cruzados atrás das costas. Sempre fora ótima em esconder as suas preocupações, e naquele momento não era diferente; sentia-se em um show, onde o seu único trabalho era ter uma boa performance para que os resultados fossem bons e ela conseguisse levar o dinheiro para casa para comprar coisas que saciassem o seu vazio existencial. Bem, era assim que era ser uma estrela, não?

Em alguns pontos de sua calça de couro — e recentemente vestida camisa de mangas longas de coloração negra — haviam todas as suas bugigangas, necessárias para o bom funcionamento da missão. A única vez que Amy moveu o seu braço foi para pegar o pingente de águia dourada em seu pescoço e colocá-lo dentro da camisa, depois de dar um breve selar no item, respirando fundo e direcionando um olhar significativo para os dois homens que estavam junto a si.

Ϟ escreveu:

Preciso entrar.

⑇ escreveu:

Hah, eu tenho certeza que não deu tempo de planejar absolutamente nada. Espere um pouco, hackear daqui é complicado. A porta deve se abrir em alguns segundos.

Hoeu finalmente descruza seus braços, apenas para apanhar o último item que restava para a tarefa: uma luva tecnológica cuja função ainda não poderia ser desvendada. Ele a manuseia com cuidado e utiliza apenas a mão esquerda, enquanto a direita mantém-se apoiada na pistola leve com silenciador.

Como um último gesto ele olha para os dois que levava junto consigo. Não parecem nada demais, mas parece especialmente curioso quanto à garota que não parecia ser muito mais do que uma patricinha qualquer. Enquanto as grandes portas de Vumihe Boik se abrem, ele realiza um gesto militar com as mãos que indica que ataquem depois de sua deixa.

As grandes portas da garagem se abrem e um clima tenso se instaura da base que dias atrás era apenas um porto seguro e jamais imaginara receber um conflito como aquele. Os atiradores armadores estão claramente nervosos, e se não fosse pela inspiração que Melroa foi capaz de passar com seu discurso, muitos poderiam se ver incapazes de erguer suas armas.

A nave militar completamente negra já é assustadora o suficiente, mas os vagarosos passos do comandante que deixa seu interior preenchem completamente a garagem escura. Uma breve inspiração, seguida por uma pesada expiração de ar anuncia o início do conflito.

Fiquei estática ao ouvir e sentir o que Heylel fez e disse. Fiquei alguns segundos encarando o monitor até a ficha cair. De uma outra forma. O som dos portões se abrindo fez meus músculos tencionarem. Puxei o capuz para tampar o rosto e levei a mão até o comunicador, deixando liberado para todos os soldados escutarem. — O inimigo entrou. Não entrem em pânico, os que tiverem equipamento pra visão noturna liderem suas equipes pelo caminho. Lembre-se, usem a estação ao seu favor. É sua casa, vocês tem o domínio do local. Juntos somos fortes.

E com isso respirei fundo mais uma vez. Suor descia por meu pescoço enquanto me mantinha debruçada no painel, observando cada passo. Minha respiração estava lenta e prolongada, meus sentidos pareciam estar a flor da pele e tudo piorou quando ele apareceu na tela principal da garagem. Um frio me consumiu de dentro pra fora. As palavras de Khan ecoavam em meu ouvido como uma mosquito irritante.

"Não entendo como essa relação pode atrapalhar os seus sentimentos durante uma operação, visto que não afeta de maneira alguma os dele. Lembre-se que ele manteve-se impassível na casta mais alta do exército aliado ainda que sua irmã fizesse parte de forças opostas. Ainda incentivou-a a trabalhar como uma informante involuntária e conspirar sem sequer saber contra os entes queridos que conquistou."

Sentia minha visão escurecer.

"Os fins justificam os meios."

Travei meu maxilar. Eu podia não me lembrar da sensação de quando ele tomava meu corpo, mas naquele momento me senti muito próxima a ele. Eu não era mais a mesma.

— Equipe cinco, eles estão na garagem, tentem se camuflar para um ataque surpresa. Equipe 7 que está mais próxima preste auxilio assim que eles atacarem. Equipe 2 fique de prontidão.

*Retornando com Miyano no colo ao qual carregava o que parecia uma sacola cheia de bugigangas, Heylel seguia pelos corredores escuros anunciando sua passagem graças as luzes azuis de seu elmo negro tal como boa parte de seu uniforme. Aproximou de Drika e a disse algumas coisas importantes para terem um melhor plano de ação, afinal, ele e Melroa haviam pensado na mesma coisa sensata, aquele lugar era o lar deles, seu habitat e saberiam usa-lo a seu favor para interceptar os invasores de forma mais cuidadosa e prestativa para que nenhuma vida desse lado fosse desperdiçada*

-O pessoal está organizado, aparentemente são civis que Bastião converteu para a Datsu, então eles não tem lá muito treino, alguns sequer sabem pegar em armas, e bem, são 3 inimigos até então e somos 3 soldados, 2 se contar que apesar da habilidade você não é bem alguém da infantaria. *Deixou então a criança no chão para ela seguir até a garota e dali Heylel abriu seu HUD para verificar a posição de todos através da ligação que tinham através de seus comunicadores, tinham que ser sensatos, sem macaquisse como diria Cody*

-O time inimigo está por hora na garagem, pegue o Miyano e siga até o Armazem e por lá se mantenha monitorando e administrando tudo com a manopla e o controle manual do Cody, o primeiro time já está lá para interceptar o inimigo, o elo mais fraco fica trás e isso está aos cuidados de Drika, porém, não posso deixar ninguém do nosso lado ser sacrificado, então seguirei nas sombras auxiliando os times, você deve permanecer de vigia, saberá o momento certo de agir conforme o plano.*Apesar do elmo sua voz não estava diferente, afinal, o modulador fazia parte do aparato usado por Melroa para seguir controlando tudo através do modo manual do Cody. Ele virou-se e olhou as mensagens que havia recebido e se culpou um pouco por não te-las lido e respondido mais cedo, todavia, infelizmente, não poderia contar com elas tão logo então teria que se virar até lá e então seguiu para sair dali e sumir nas trevas dos corredores de Vumihe como se fizessem parte dele mesmo*

Eu estava tão presa e afogada em minhas próprias trevas que não conseguir ouvir Heylel até ele se aproximar. Fiz uma careta de confusão e fiquei com a boca entre aberta, com a mão ainda no botão do comunicador. Só o soltei quando vi ele se afastando. Andei rapidamente antes que ele passasse pela porta e o puxei para dentro. — Tá doido?! Onde que eu pareço o elo mais fraco pra você? Devo te lembrar que eu salvei sua vida não uma, mas três vezes?! Fui eu que te ajudei com os Okros, tá lembrado? Eu consigo me virar! E ninguém vai sair daqui, não podemos prolongar a batalha, só temos chances a curto prazo.

Bufei, retirando uma mecha da franja, que estava longa demais da frente dos olhos. — Não podemos nos separar, se nos fragmentarmos mais que isso vamos perder.

*Ao ter seu percurso interrompido ele apenas virou sua cabeça para poder encarar a garota que era nitidamente menor que si... Ela queria mesmo impedi-lo de fazer algo? Bem, ao menos não era tola como Jubo que pagou a consequência de ter tentando prende-lo da forma mais perigosa possível*

-Okros? Então era você o tempo todo mesmo.*Falou num tom tão seco que parecia irritadiço, todavia, graças a convivência de anos Melroa sabia que Heylel só estava preocupado e aquela era sua forma de demonstrar por mais estranho que pudesse ser*

-E eu não falei de você, falei dela. *Apontou seu dedo indicador para a tela mostrando a garota que acompanhava os dois homens ali na câmera de vigilância, esta que era reconhecida possivelmente por Melroa mais do que por Heylel por ser uma idol famosa. Era da praia da hacker ser mais antenada nesse universo pop*

-Separa-la do grupo e depois separar os dois vai ser fundamental, separados eles são mais fracos e eu jamais te consideraria o elo fraco já que você é mais forte do que eu. *Seguiu então caminhando para próximo do painel onde poderia ver melhor todas as imagens e ali reconheceu uma figura peculiar, quem diria que se reencontrariam naquelas circunstancias*

-Mantenha certas portas fechadas e outras abertas, está escuro em Vumihe e eles podem confundir isso com falta de luz, assim sendo o caminho que eles vão seguir será determinado por nós, será mais fácil de embosca-los fazendo eles seguirem por dentro dos quartos e corredores mais estreitos, os times tem que fazer rodizio, quando um grupo atirar deve recuar em seguida trocando com outro para assim sempre se manterem recuados e avançados ao mesmo tempo pois o time que vem possui a cobertura que o anterior perdeu após o disparo e deve recuperar movendo-se para trás, quase como uma troca de turnos, um revezamento feito em 5 em 5. *Ficou movendo o dedo na miniatura da mapa indicando a trajetória que seria mais demorada para o time inimigo alcançar aquele hall. Chegava a clicar na tela interativa expondo os cômodos por dentro mostrando lugares onde os soldados mesmo sem pratica podiam se esconder para atirar e depois recuar trocando com membros de outros times mantendo-se sempre seguros atrás de alguma coisa. O jeito calmo que ele falava e pensava na estratégia visando a segurança alheia poderia ser estranho para aquela garota tal como foi estranho as atitudes dele em Tuntau, porém, ainda era ele, lados que ela não havia visto até então por falta de oportunidade*

Fechei os olhos, me dando conta do que tinha dito um pouco tarde demais. Soltei seu braço quando ele se moveu, cruzando-os de baixo dos seios para tentar prender o constrangimento que sentia. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, fiquei quieta ouvindo com atenção. Olhei para a imagem da idol que ele tinha dito, soltando apenas um 'ah'. — O que ela tá fazendo aqui? Bem, se lutar como canta e dança então temos uma a menos.

Cocei minha bochecha antes de apertar o comunicador e repetir o que Heylel dizia, de forma mais pratica. Eu mais do que ninguém entendia a dificuldade de pessoas leigas com termos de estrategia, acabei aprendendo na marra. No fim apenas balancei a cabeça, apagando as luzes da garagem por completo e deixando apenas os outros setores ligados, mas com pouca luz. — Bem, agora é esperar. — Puxei o capuz para cobrir ainda mais o rosto enquanto meus olhos ficavam fixados na imagem de Hoeu.

Hoeu apenas observou com o canto dos olhos verdes a abordagem do aliado. Pelo jeito, seu estilo é mais sorrateiro e discreto, e isso definitivamente combina com a maneira que ele costuma conduzir suas operações. Ainda assim, o sicário sabe bem que não é seguro entrar pela porta da frente sem conhecer o território.

Ele caminha alguns passos que não faz questão de abafar até estar em frente à porta de entrada e mantém-se fixo ali por alguns segundos. Através da brecha neste, verifica com os olhos o perímetro que pode do interior de Vumihe Boik.

Finalmente, cruza os braços. Não parece que vai passar daquele ponto, e também não faz questão de manter-se perto de algum lugar onde possa se esconder ou tomar cobertura no caso de uma emboscada.

*Heylel seguia ouvindo Melroa comandar os demais a sua forma, meio que mastigando o que ele quis dizer para os outros e isso era bom, afinal, quem normalmente fazia isso para si era Cody então ter mais alguém que sabe resumir seus ditos era no minimo um ótimo sinal. Seguiu até a entrada do hall pegando seu rifle e apontou para o corredor e notando que a porta estava fechada conforme o planejado ele deixou estar assim, agora era uma questão de saberem o que fazer*

-O Shadow está totalmente vulnerável enquanto o príncipe está a posto, parece uma isca, o que você acha? Não parece que eles vão passar desse ponto, parecem cuidadosos, talvez fosse melhor esperar, deixa-los confiantes e então atacar em súbito. *Queria ir para aquele lugar resolver logo as coisas, mas tinha que ser prudente e não podia agir de forma idiota, ainda mais lidando com dois soldados de elite, um sendo da casta mais alta. Desfez seu elmo nanotecnológico para respirar de forma mais livre com o rosto exposto e ficou ao lado e um pouco atrás de Melroa olhando as câmeras e percebendo que Ale'ek havia "sem querer" achado um ponto cego sumindo de vista -depois que verificou as coisas, claro- acabou deixando um "tsc, desgraçado" escapar em murmuro ficando ligeiramente irritadiço*

Fiquei encarando a imagem de Hoeu não sei por quanto tempo. Só novo meu braço para apertar o comunicador. ㅡ Não se movam. Eles estão de escondendo. Pelo menos um está tentando. São dois homens e uma mulher. Ela deve ter propriedades de cura, foquem nela.

E desliguei. Ainda encarando a tela com os braços cruzados. ㅡ Esse homem é meu irmão de sangue. Eu deveria saber tudo sobre ele, mas não é bem assim.

Molhei os lábios e incline o corpo pra frente, voltando a me apoiar na bacanda. Liguei o aparelho que Heylel tinha me dado mais cedo, fazendo uso do seu modificador. Liguei o canal de comunicação da garagem e, depois de um suspiro suave, falei. ㅡ Hoeu. Estou surpresa em vê-lo aqui, admito. Você não é um homem de palavras, sei bem disso, por isso serei breve: Desista de sua operação em Vumihe Boik. Se fizer isso eu te darei um presente especial.

Por uma fração de segundo, Amy se sentiu desconfortável e perdida. Era de seu costume fazer suas missões completamente sozinha, pois achava mais fácil e rápido — existia até mesmo uma piada sobre isso entre seus "colegas", que infelizmente não podiam mais soltar as mesmas gracinhas.

Seguiu do mesmo jeito que Ale'ek, esgueirando-se pelo canto da parede e se abaixando atrás dele; suas mãos tatearam pela calça de couro na busca de uma adaga de cabo fino, enrolado em uma corda com uma fita vermelha que ela deixou em sua mão destra, a ponta curvada para baixo. Reparou na atitude do homem estranho e cutucou Ale'ek, apontando para ele logo em seguida e decidindo silenciosamente que deixaria que ele se preocupasse com isso. Deixando esse fato de lado, a garota olhava atentamente ao seu redor, a procura de qualquer sinal movimento ou de câmeras que pudessem estar os observando, além de uma possível entrada que pudessem utilizar futuramente.

*Ficou ali observando as cameras sendo notória sua preocupação com aqueles homens e mulheres que estavam ali para lutar por Vumihe, mas tinha que conter-se e confiar na capacidade deles. Ficou batendo os dedos devagar na mesa seguindo do indicador ao mindinho num ritmo perfeito e sincronizado de batidas uma atrás da outra*

-Nem sempre, eu também tenho alguém que divide meu sangue, uma irmã mais velha, mas pouco sei dela e vice-versa, as vezes irmãos são mais distantes do que astros e seus satélites. *Ficou em silencio observando Melroa agir, era surpresa ela ter um irmão de verdade, sabe, que não fosse ela mesmo fingindo, e claro, talvez fosse uma surpresa para ela que ele tivesse uma irmã mais velha, é, aparentemente a dupla ali nunca conversou sobre seus passados um com o outro*

A voz de sua irmã traz de volta a sensação mórbida da nostalgia. Por um instante, Hoeu vê-se no inferno novamente.

Fechar os olhos traz flashes de morte e sangue. O loiro pode sentir o sangue ferver e os batimentos cardíacos acelerarem-se, apenas até que ele consiga uma vez mais suprimir seus sentimentos.

Inspire.

Sua irmã está morta e ele sabe disso. É um soldado bem-treinado o suficiente para saber que aquilo é um truque idiota demais para se usar contra um sicário ao seu nível.

Expire.

De seu coldre preso à cintura, Hoeu tira uma pistola pequena que mal ocupa toda a palma de sua mão. Sem preocupar-se com sua vulnerabilidade, alcança um bolso lateral de onde apanha uma pequena cápsula branca que encaixa dentro do cano de sua pequena pistola.

Agora são apenas vinte.

Em um movimento metódico e vagaroso, destrava a arma e aponta-a para o centro daquela porta. Um aperto no gatilho e o coice quase faz com que ela escape de sua mão.

Um buraco no formato de uma circunferência perfeita abre-se no metal pesado, e continua percorrendo seu caminho e passando pelo que encontra até cruzar a base espacial. A potência do tiro e o material da munição são ambos poderosíssimos.

O buraco aberto não basta para abrir caminho, mas é suficiente para que ele espie o interior do local. Após um movimento curioso com os dedos revestidos pela luva tecnológica que inicialmente não parecem fazer nada, o sicário aproxima-se da brecha e encaixa o olho para observar e analisar o interior de Vumihe Boik. Ainda não parece ter a intenção de passar dali.