Fisgado pela pesca

Ashinara é o terceiro planeta de Tirunua, sendo o único de seu sistema que abriga vida. Mesmo após milhares de anos abrigando diversos seres vivos, porém, esse planeta impressiona por ainda possuir muitos minérios e recursos naturais. Isso porque a raça mais evoluída que habita o planeta, a dos Mistiimerianos, não evoluiu nem um pouco em tecnologia e jamais investiu em explorar o próprio planeta. Essa raça sempre focou na evolução espiritual e manteve uma conduta pacífica, e por isso também existem raças ainda mais antigas que nunca entraram em extinção.

Em suma, Ashinara é um planeta com vida e recursos abundantes onde todas as raças vivem em harmonia. Ele é tão querido por seus habitantes que os Mistiimerianos apenas o deixam em ocasiões especiais ou quando não seguem a religião padrão da raça.

Nesse contexto, a fauna desse planeta é extremamente rica. Uma vez que os nativos que comem carne só pescam para comer, grandes peixes podem ser vistos a olho nu nas águas cristalinas e limpas do planeta, sendo que por vezes podem ser encontradas espécies jamais relatadas.

Estava recém construindo sua cabana, não havia chego naquele planeta há muito e seu local a recém fora espalhado.
Junto com seu polvo Octavio, construiam as últimas peças de seu teto, antes de começar a parte da marcenaria e construir os móveis. Tudo aquilo já estava automático, havia feito muito e sempre construía coisas quando crianças, era como se seu cérebro tivesse uma partição própria para planejamento.

Achava Ashinara o melhor planeta a se passar o tempo, pois era óbvio que ninguém iria te incomodar. Os nativos eram muito calmos e se nada estivesse atingindo eles, não haveria motivos para irem falar contigo.

— Octavio, termina de por as madeiras do teto que vou já começar a mobiliar, tranquilo? — disse Finn, sendo respondido por Octavio com um de seus tentáculos indo até a parte superior de seus olhos, acarretando as ordens.

Assim como dito, foi até ao lado da semi-cabana, onde haviam vários troncos. Pegou alguns (obviamente de luva, pois ninguém quer farpas), e levou até o tronco de árvore cortado no meio mais próximo.
Em seguida, ele fechou seus olhos e esticou os dedos, formando uma aura púrpura afiada e inconsistente, deformando-se de diversas formas. Por este motivo, ele esperou o momento certo para quando a aura púrpura estivesse afiada do jeito que queria para descer a mão contra o tronco e separá-lo em dois. Iria continuar assim até construir as várias partes de uma cadeira.

A manhã de clima ameno relaxa qualquer um e traz um lindo brilho na água com o reflexo da luz do sol, que cintila na água corrente do riacho e realça a beleza natural do planeta. Ashinara parece até um paraíso, e é um dos poucos planetas habitáveis que ainda estão intactos e preservados. Exatamente por isso, entretanto, o planeta recebe certa atenção negativa.

Próximo a posição de Finn, um som de vidro se chocando com algo pode ser ouvido. Se trata de uma pequena garrafa de vinho bem fechada com uma rolha que incessantemente bate contra o rochedo da beira do riacho, produzindo o mesmo barulho baixo porém característico. É evidente que dentro dessa está não um papel, mas uma espécie tecnológica de pen-drive futurista que se encaixa em qualquer dispositivo móvel.

Próximo a si, no pico de um pequeno monte, o pescador também pode ouvir o som familiar da energia mística sendo dispersada. Lá estão duas sombras, irreconhecíveis por estarem na direção do sol, ambas aparentemente praticantes da cultura usual dos Mistiimerianos e que praticam artes espirituais entre si.

"Mas já?", ele pensou assim que ouviu o cintilar agressivo da garrafa. Para disfarçar e ser um pouco menos suspeito ele simplesmente retirar um pen-drive de uma garrafa no riacho, ele acenou para os praticantes que havia ali perto, com um sorriso bobo.

— Como vão?! — esperou que eles reagissem. Em seu plano, estava querendo dispersá-los dali, mostrando que não teriam paz com Finn por perto — Estão fazendo algo de interessante aí, hm?!


Octavio olhava para a situação, atento. Já havia terminado o telhado da cabana.

A ação que ele consegue, porém, é contrária ao seu desejo. Assim que ele os chama, os dois viram para si e retribuem a saudação com um sorriso gentil.

— Olá, Iakho. Eu estou ensinando minha filha, espero que não esteja incomodando o senhor! — Ela diz enquanto pega pela mão a garota mais nova que se esconde atrás da mãe diante do forasteiro.

Os habitantes de Ashinara são conhecidos por terem uma personalidade bastante gentil e acolhedora, apesar de serem explorados muitas vezes sem saber. Sua religião, que serve de base para a cultura nômade, diz que todo homem mal é assim porquê ainda não foi apresentado à bondade. É por isso que muitos viajam a vida inteira em busca de aprender e, ao mesmo tempo, ensinar. Só dessa maneira eles creem que podem alcançar a sabedoria eterna.

— M-Mamãe... ele é esquisito. — Ela murmura observando a estranha figura com um polvo.

— Ah, não, não, claro que não estou incomodado! Longe disso, haha! — dizia ele, se virando enquanto tentava esquecer o barulho da garrafa que começava a se tornar irritante.
Octavio, acostumado com essa situação, treinado para o disfarce, notou que a garrafa era para a gente e o conteúdo poderia estragar se continuar batendo, sendo assim, arrastou-se ao mar e mergulhou. Enquanto fingia estar se refrescando, pegou a garrafa por uma de suas ventosas e, delicadamente, voltou-se arrastando para a cabana, que, estranhamente, parecia mais um amontoado de madeiras com um buraco (obviamente a porta de Octavio).

— Do contrário — começou Finn, assim que viu a ação de Octavio, contente — Eu estou construindo a minha pequena cabana, não acham que será muito incômodo? Sem querer parecer mal educado ou tentando expulsá-los... Só não quero que meus vizinhos achem que eu sou barulhento, haha! — seus gestos eram alegres, para compensar a máscara que escondia as expressões.

A mais velha dá de ombros para a curiosa situação, já com ciência de que os forasteiros costumam ter hábitos estranhos. Apesar de não desconfiar de Finn, ela já viu sua figura e sabe aonde ele está instalado.

— Bom, se quiser aprender, há espaço na nossa turma! — Ela brinca, mas usa um tom sincero para seu convite. — É ótimo que tenham mais pessoas se mudando para cá, e eu espero que você goste daqui. Muitos vêm fazendo isso com essa loucura de início de guerra que está acontecendo por aí, e Ashinara é um dos poucos lugares em que se pode relaxar longe dessa matança toda. Ah, se precisar de ajuda para sua cabana, seria um prazer também!

Após finalizar, ela vira-se para sua filha ainda assustada e diz algo mais baixo para esta. Seja lá o que for, encoraja a pequena a acenar para o forasteiro antes de retornar ao treinamento.

— Muito obrigado pelas ofertas, mas já tenho minha própria doutrina e estamos acostumados a montar cabanas, haha! — então, dando mais um pequeno aceno contente em resposta para a garotinha, tentando mantê-la mais tranquila. Crianças curiosas são complicadas de lidar se estiverem com medo, a imaginação é grande! Mas, mantendo-as calmas, é fácil dominar — Bom, vou continuar aqui, haha. Desejo a vocês um bom aprendizado!

Assim, ele entrou com as peças de sua cadeira mal cortada, já que poderia ser um pouco suspeito um humano com as doutrinas mágicas de um Acanok. Em pouco tempo, era possível ouvir barulho de um agressivo martelo contra uma madeira.
Ele estava batendo incansavelmente, atrás da parede, longe da janela e da visão dos seus vizinhos. Enquanto isso, conectava o pen-drive em seu tablet e visualizava a próxima caça.

As duas finalmente deixam o pescador em paz, mas não se afastam. Para a mãe, estar próxima significa que sua oferta continuará válida e que está disposta a ajudar Finn com o que quer que ele precise, sem imaginar que está na verdade o atrapalhando. A garotinha, porém, está mais calma e a vontade depois do cumprimento do forasteiro.

Dentro do pen-drive há apenas um arquivo de texto e uma imagem em uma qualidade já ultrapassada a julgar pela época. Quanto ao arquivo de texto, nada mais é do que uma instrução simples de apenas algumas linhas.

Contrato 3936 escreveu:

Eu não devo ser como a maior parte de seus contratantes. Eu sou só um trabalhador, e nunca quis mal pra ninguém, sabe?
Mas esse homem apareceu na minha frente outro dia, e nem sequer me reconheceu. O nome desse monstro é Fajin, e ele é o assassino mais cruel que eu já vi em toda a minha vida. Ele assassinou o meu pai diante dos meus próprios olhos, vinte anos atrás. E hoje me aparece assim, fazendo compras em Ubaha como se não fosse nada.
Eu sou um cara fraco, não consigo fazer isso por conta própria. Eu sei aonde ele está mas simplesmente não tenho coragem para fazê-lo.
Estou te passando as coordenadas. A foto não está boa porque eu tirei das câmeras do lugar mas, se seguir as coordenadas, não vai ter erro.
Por favor, vingue meu pai por mim. Esse monstro não pode andar entre nós.

O anexo nada mais é do que uma foto em má qualidade tirada de cima que mostra apenas um homem alto com um sobretudo e um capuz negro. Não é possível distingui-lo, mas é possível perceber uma extensa barba.

— Briga de gigantes, então? — comentou para si, referindo-se ao fato do seu alvo ser tratado como monstro por ser um assassino assim como ele era.
Não tinha o que fazer, iria ter que deixar a cabana por assim, mas antes, iria fingir contratar um marceneiro para seus vizinhos, desta forma, saiu para fora e, gritando de alegria, falou:

— Ooi! Desculpe incomodar, mas, vocês sabem se existe algum marceneiro por perto, me mandaram uma mensagem, parece que os peixes de Shwarna saíram de suas tocas mais cedo — falava ele sobre um planeta existente que possuia uma flora aquática bem secreta, passando boa parte de sua vida nas águas abissais, saindo apenas para comer durante poucas semanas.

— Vou ter que deixar a cabana, mas queria chegar e descansar de vez, sabe? — falava, seguindo um riso — Essas temporadas são muito cansativas, haha!

Enquanto isso, Octavio tentava encantar a garota, balançando seus tentáculos de forma infantil.

As duas nativas desprendem-se de sua meditação para uma vez mais se aproximar da borda do monte e contatar Finn. Apesar dos Mistiimerianos viverem em uma cultura praticamente medieval, seus nativos são bastante estudiosos e fazem questão de conhecer o idioma universal, coisa que não é comum em outras raças pouco desenvolvidas do espaço.

— Bom, há um vilarejo após os campos baixos. Você pode encontrá-lo se seguir o riacho até o final, e tenho certeza que lá encontrará alguém pra te ajudar. Mas veja bem, nós raramente aceitamos dinheiro aqui porque bens materiais não nos apetece. Geralmente negociamos através de trocas, então certifique-se de levar algo que possa ser interessante, ou ofereça o seu trabalho!

Ela aprece animada ao explicar para um estrangeiro como funciona o planeta. Muitos dessa raça se orgulham de suas tradições e da capacidade de mantê-las mesmo tendo uma cultura tão antiga e recentemente difundida com outras.

Ao mesmo tempo, a garotinha se solta e ri diante do polvo. Não parece confiar em Finn tanto quanto sua mãe, mas já não parece temê-lo.

— Ah, obrigado! Desculpe incomodar, de novo! Aliás, meu nome é Finn, se quiserem algo, podem deixar um recado na cabana, haha! — gritava, terminando com um aceno alegre e chamado Octavio.

Subiu Octavio pelos degrais da sela e remexeu na mochila que não tinha muito além de peixe.

— Espero que eles aceitem peixe! — falou, antes de mandar Octavio para a direção da vila, rindo.


Quando ficou fora do alcance da visão de seus vizinhos, procurou um local para alugar uma nave de transporte, que também coubesse, seria ótimo se a nave tivesse piloto automático através de coordenadas, assim não teria que arriscar pilotar.

Finn dá sorte de encontrar alguns mercadores que frequentemente viajam para Ashinara afim de trocar bens duráveis por recursos importantes em Ashinara, mas não há sequer um porto no planeta. Estes têm uma pequena nave de carga estacionada a seus lados, e ignoram Finn a primeira vista uma vez que seus interesses são nas trocas com os Mistiimerianos.

Ainda é manhã no planeta, mas isso não quer dizer muita coisa. Como o planeta é nômade e se reproduz pouco, é difícil encontrar lugares muito movimentados. O maior centro de civilização é Denegram, um pequeno vilarejo localizado em um local de suma importância religiosa.

Quanto aos comerciantes, se tratam de dois Zathrianos (raça extraterrestre reptiliana que fundou a ordem rebelde). Provavelmente estão tentando fortalecer sua ordem com os material disponíveis por ali.

Parando pra pensar, devia ter verificado a localização das coordenadas antes de sair à procura. Então, digitou as coordenadas dadas em seu tablet, ainda em cima de Octavio. Aproveitou que não ligaram muito para ele ali, desta forma podia ser um pouco mais suspeito do que o necessário.

Verificando a distância, ficou pensando em como faria para fisgá-lo.

O "peixe", de acordo com as coordenadas, está a uma distância média da posição de Finn. Através de qualquer aplicativo de GPS ele poderia ver que é necessário cruzar uma faixa oceânica para chegar na posição do alvo, mas é mais perto do que se imagina.

Com uma nave ele poderia provavelmente chegar lá em poucos minutos, mas certamente chamaria atenção num planeta primitivo como aquele. De qualquer maneira, anexada à localização, ainda está a foto em baixa qualidade que o contratante enviou. Por mais que não revele muito, há algo que desperta uma certa intriga ainda inexplicável.

Assim, saiu de cima de Octavio, acenando para os reptilianos.

— Ei, com licença, vocês tem um minuto pra me ajudar? Sou novo no planeta, sabem o que tem por aqui? — e mostrou o tablet com a visão geografica do local e as coordenadas.

Zathrianos não são conhecidos como uma raça muito amigável, e isso é justificado por sua história e contexto atual. Por terem sido traídos pela raça que os ajudou a fundar a Aliança e terem que assistir seu planeta se transformar num grande mercado negro, costumam ser hostis com representantes de outras raças. Mas isso claramente não se aplica a dupla diante de Finn.

— GEEEEEEEEEEEEEEENTE DO CÉU QUE TRAJE FOOOOOOOOOOOODA! —  Exclama um deles, extremamente animado ao ver o forasteiro. — Migo, você não sabe o quanto eu tava me coçando aqui pra ver algum tipo de tecnologia. Hoje mais cedo pousou um BICHO NA MINHA TESTA! Eu odeio ter que fazer serviço de animal.

Este é magro e ainda assim mais baixo que a média, devendo ter mais ou menos um metro e cinquenta de altura. Seu sexo não é fácil de ser definido visto que tem um rosto jovem e nenhum cabelo e, apesar das reclamações, não parece nervoso com sua condição.

— Se controle, Ghali, vai assustar o homem. Passa essa coisa pra cá que eu vou dar uma bizoiada. — A outra, aparentemente mais velha e experiente, olha as coordenadas indicadas pelo pescador. — A gente passou lá perto no caminho pra cá. Se não me engano, é uma caverna.

— HHAHA! VALEU, PÔ! Você certamente é uma pessoa interessante, hein! — disse ele que, sabendo do esteriótipo de sua raça, estranhou as gírias e a extrema bondade — E sei como é! Complicadíssimo viver aqui quando eles não usam dinheiro. Oras, sou um pescador, sabe?! HAHA! VOU SEMPRE TROCAR PEIXE POR OUTRA COISA ALEATÓRIA! — terminou, dando tapinhas no ombro de seu recém admirador. Estava curioso se isso iria ocasionar mais amizade ou uma possível inimizade.

— Ah, obrigado, mas não tem nada em volta? Alguma cidade ou algo do tipo? — seria bom se tivesse uma cidade e seria melhor ainda se tivesse um rio ou um lago de peixes por ali, seria mais fácil de atraí-lo.

Ghali parece contente com o afeto instantâneo e mútuo, mas parece mais interessadx nos aparatos tecnológicos como seu chapéu e seu braço esquerdo. Apesar de amantes da tecnologia, Zathrianos têm pouco acesso a ela graças a escassez de recursos por já não ter um planeta natal.

— Xi, pior que não. É perto de uma cachoeira pelo que me lembro e também há uma vegetação baixa, mas de resto é só a caverna mesmo. Cidades aqui são raras, os nativos não gostam de se unir em uma civilização grande. Vai entender. — Dá de ombros a mais velha.

Ghali parece pensativa enquanto analisa as palavras do pescador. Sem dúvidas ele é uma figura estranha com aquele chapéu e aquele polvo, ainda mais estando sozinho num planeta como aquele.

— Mas querido... o que você quer fazer nesse diabo de caverna?

— Ah! Entendi. É... O povo daqui é intrigante mesmo, mas achei eles tranquilos, é um bom lugar! — comentou, continuando a conversa naturalmente.

Então, sentindo os olhares, virou-se para o seu braço, mexendo o corpo. Quando ouviu a resposta, tremeu seu corpo em agitação. Atirou sua perna esquerda para atrás, dobrou, levemente, a direita e esticou seu braço mecânico esquerdo. Num impulso e num estouro que os reptilianos com certeza iriam achar magnífico, pois era "sonoramente tecnológico", um cabo negro saiu e Finn o segurou com a mão.
Abaixando a vara, mostrou para os recém conhecidos que era, notoriamente, um pescador.

— Sou um pescador! Me falaram que por aí tem uns peixes mais interessantes e fiquei curioso! HAHA! — disse enquanto puxava sua carretilha num movimento contrário ao usual, criando a sua linha de pesca fina. A vara era inteiramente negra com seu cabo grosso e a vara fina com sua curvatura estranha, pois parecia mole e duro ao mesmo tempo.

— Eaí, curtiram? — falou ele, esperando extremos elogios.

O andrógeno claramente se empolga com a praticidade e os dispositivos de Finn, e isso é evidenciado por seus olhos brilhantes e pernas quase saltitando. Ele se aproxima e analisa o objeto com a alegria de uma criança que almeja um brinquedo.

— Qunep, isso aqui é demais! Vem ver de perto a vara do cara, vem! A gente bem que podia fazer uma igual, né não?

A outra, porém, não parece lá tão animada. Ela olha pelo canto do olho para o instrumento e não parece se impressionar com a colega.

— Ahm... com certeza é uma tecnologia legal, mas eu tenho certeza que tem jeitos muito mais práticos do que pegar peixe. Você... pega um de cada vez? Isso não é meio rústico?

— Eu sempre almejo peixes grandes, é mais pela diversão do que pela sobrevivência, haha! Assim, nunca fico entendiado nessa galáxia e dá pra viver sem depender de ninguém. Vocês deviam tentar! — e terminou com uma piscadela, que apenas o mais próximo poderia ver através da máscara.

— Mas bem, vou indo então. Preciso agilizar a rotina, afinal terei que ficar vários dias observando o alvo! HAHA! — disse ele, brincalhão como sempre, subindo Octavio.

— Alias, meu nome é Finn e este é Octavio, estou morando aqui perto numa cabana, podem me visitar se quiserem — como de praxe, convidava para sua cabana, apenas por educação e para manter suas aparências, já que realmente não queria eles lá.


Por fim, se pôs na direção de seu alvo.

As duas parecem bastante convencidas depois da explicação do pescador, e não acham que ele é nada mais do que uma pessoa que vive de maneira excêntrica. Ainda assim, é inegavelmente simpático e agradável de se conversar.

— Até a próxima, Finn. Qualquer coisa cola aqui que a gente pode trocar essas suas bugigangas legais por algumas outras coisas! — Exclama aquela que mais se conectou com o pescador enquanto a mais velha apenas acena com a partida do estrangeiro.

Não precisa de muita caminhada até que o pescador sinta a maresia incomodar um pouco seus olhos. Somando-se com o barulho de água corrente, é dedutível que ele se aproxima da faixa marítima presente em seu GPS, o que certamente não seria simples de se atravessar a nado. Basta chegar um pouco mais perto e ele pode observar o água que bate contra rochas do local e sobe, denunciando a velocidade alta da água naquele trecho.

Olhou em volta vendo se havia possibilidade de usar uma árvore para atravessar e assim procurar uma árvore que possua o tamanho necessário.

Olhou também seu tablet se havia alguma forma de cruzar aquilo sem molhar todos seus pertences. Começou a ficar um pouco irritado, pensando, como uma forma de se acalmar, que era bom o assassino ser interessante de fisgar, se não nada teria valido a pena.

No local existem árvores; uma variedade delas. Nenhuma delas entretanto parece ter o comprimento necessário para passar inteiramente a faixa marítima, além do fato que dificilmente se manteria firme em uma velocidade daquela já que uma cachoeira desemboca ali, provavelmente aquela que a Zathriana mencionou.

No GPS é visível um local a se contornar a faixa marítima, mas o pescador teria que andar muitos quilômetros até alcançá-lo. Num planeta como Ashinara, até mesmo tarefas banais podem tornar-se complicadas uma vez que a tecnologia é totalmente primitiva.