Leve como uma pena.

Pirion, como prometido, já estava sentado no centro de uma sala vazia, dentro de um dos mais importantes templos dos Miistimerianos. Dentro desta, havia apenas algumas estátuas e a decoração é simples, constituída apenas pelos símbolos espiritualistas e da religião local, embora a construção tivesse uma bela arquitetura clássica. Ele aguardava a chegada de Ellora, mas permanecia imerso em uma profunda meditação, na posição de lótus e de olhos fechados.

Assim que ela adentrou a sala, ele não abriu os olhos mas ainda assim pareceu sentir a presença da garota. Muito amigo de seu pai, ele já estava há algum tempo treinando-a para aperfeiçoar suas habilidades de cura. Neste dia, eles combinaram que a habilidade da filha de Korum passaria para um novo nível. Os lábios do homem curvaram-se sutilmente em um sorriso sereno, como se desse boas vindas à Ellora.

— Por favor, sente-se Ellora. Vamos começar. — Sua voz era baixa e serena como sua expressão. — Seja leve como uma pena.

*Estando em um dos locais mais tranquilos e belos daquele planeta tão misterioso dos Miistimerianos, Ellora treinava sua cura em algumas flores por ali perto, e que ela tinha visto morrerem mas sabendo que a mãe adorava aquele tipo de flor, ela havia se esforçado para utilizar sua energia mística e conseguir curá-las de alguma forma.
Quando de repente, recebia um chamado de seu pai e era avisada para que fosse até um dos templos antigos, já deixando a dica que pelo jeito, Pirion desejava vê-la outra vez, o que sempre intrigava a Zathriana. Animada com a perspectiva de aprender algo novo ligado ao seu poder espiritual, Ellora se levantava de onde estivera sentada com as flores e saía correndo alegremente, evitando alguns locais lotados como de costume, não querendo ser atormentada naquele momento. Respirando fundo e parando na entrada, ela se concentrava em recuperar a calma e disfarçar a curiosidade e ansiedade, sabendo que Pirion poderia reparar que as vezes ela ainda tinha certa dificuldade em manter as emoções sob controle absoluto, para se manter conectada com sua energia e o mundo espiritual em volta dela.*

- Mestre Pirion, o que vamos aprender hoje? Vou poder ajudar meus amigos? Sabia que agora tenho amigos e uma equipe? O Capitão chama Dalen, meu pai te contou?

*A mestiça sorria e se aproximava, fazendo um movimento educado com a cabeça e se sentando na posição de Lotus como seu mestre, mas começando a contar as novidades para Pirion, já que gostava de conversar com ele.*

O sorriso sereno de Pirion foi mantido, feliz com a alegria demonstrada pela aprendiz. Ainda assim, não abriu os olhos. Sua respiração se mantinha calma, como em um ritmo constante e equilibrado. Ele, entretanto, podia sentir toda a ansiedade de Ellora, quase como se fosse parte do ar que adentrava seus pulmões a todo o momento. A voz do Miistimeriano retorna a ecoar baixo pela sala, entrando pelos ouvidos da mestiça de forma a tranquilizá-la.

— Sim, ele me contou. Fico muito contente por você, e seu pai está muito orgulhoso. — Disse, apenas para respondê-la. — Para esse treino precisamos de concentração. Pense em todos os seus anseios e em tudo que lhe ocupa a mente para esvaziá-la. Assim, tudo vai sumir até sobrar apenas seu estado mais puro de espírito. Apenas nesse estado você conseguirá aperfeiçoar seu dom natural.

- Ele está orgulhoso? Que incrível!

*Ao saber que o pai estava orgulhoso do que ela tinha feito e por ela ter amigos agora, a mestiça sorria abertamente e tinha um brilho de alegria nos olhos, já que sempre gostava de deixar os pais orgulhosos e felizes com algo que ela fazia.*

- Oh.. certo, concentração.. desculpe mestre Pirion...

*Ellora logo fechava os olhos e se focava em deixar com que os pensamentos de medo de falhar com os amigos, a vontade de ser aceita pelas pessoas e o sentimento de não desapontar os pais e todos que contavam com ela, passarem por sua mente, os deixando ir um após o outro, até que pudesse sentir apenas a energia mística a envolvendo e a preenchendo, manifestando seu dom e poder espiritual, podendo senti-lo agora por toda a parte, conectado com o mundo espiritual e começando a compreender o que Pirion sempre a ensinava, especialmente sobre sua cura que ela buscava evoluir e expandir.*

— Respire e expire, do jeito que eu um dia te ensinei. Respire e expire, respire e expire...

A voz do mentor começou a sumir conforme ela entrava em um profundo estado de meditação, quase alcançando a completa paz de espírito. Após alguns minutos em silêncio absoluto, o som de pássaros pode ser ouvido. Caso abrisse os olhos, ela se veria em um amplo campo, com a grama muito verde e flores espalhadas. Os pássaros voam ao redor de si, mas subitamente o clima de relaxamento completo onde ela antes sentia suas habilidades se expandirem mais e mais é interrompida por um grito agudo que pode ser ouvido ao longe.

*Ellora podia ouvir a voz de Pirion aos poucos ir se afastando mais e mais dela, reconhecendo quando mergulhava naquele estado profundo de meditação, seguindo as instruções de Pirion e se deixando levar por sua energia mística, chegando até a sentir a paz que aquela conexão sempre lhe trazia desde quando tinha começado a aprender a meditar. Sem querer, seus pensamentos pareciam retornar naquela hora e ela se lembrava do dia em que tinham chegado no planeta dos Miistimerianos e o modo em que os mais velhos haviam os acolhido, primeiramente preferindo ouvir as explicações de Korum antes de tomarem qualquer decisão. Ao serem aceitos, os dois logo tinham se instalado ali, porém, os mais jovens demonstravam certa resistência para com Ellora e o pai, não confiando que Zathrianos pudessem representar algo confiável e positivo e ainda por cima, se recusando a aceitarem a cor verde de Ellora no meio de todos os azulados.
A mestiça se lembrou com exatidão quando se interessou pelo poder místico e tentava meditar, fazendo esforço para aprender junto com todos, mas sempre recebendo cutucões, beliscões, tapas e críticas ofensivas dos outros alunos, o que a deixava totalmente fora do controle necessário.
Subitamente duas imagens apareceram em sua mente, dois meninos e um deles com o braço sangrando, gritando para quem quisesse ouvir que a “lagarta verde” tinha o machucado, mesmo com Ellora jurando que teria sido um acidente, com a mestiça murmurando assustada.*
- N..não.. eu não fiz isso.. eu não queria...

*Os pensamentos a levavam para o dia em que os garotos tinham a segurado, a desafiando a usar seus poderes para tentar se soltar, e rindo quando ela não o fazia, zombando e dizendo que ela nunca seria uma Miistimeriana, e nem deveria tentar se tornar uma mística, sendo metade Zathriana e por esse motivo, não traria nada de bom para eles. Tal comportamento tinha despertado em Ellora o medo que sentia de ser atacada, justamente por ter sofrido coisas piores na Terra e em um impulso, a mestiça havia utilizado suas unhas que por serem de traços Zathrianos, eram afiadas como garras, chegando a ferir profundamente o braço do que a segurava com mais força.
Na mesma hora, os dois jovens lhe lançavam olhares surpresos e assustados, começando a gritar o quanto ela era perigosa para ficar perto deles. Ouvindo os insultos, a Zathriana se mexia inquieta, o que Pirion poderia perceber, embora ela ainda estivesse presa dentro da própria mente, tornando a murmurar.*
- Eu..não fiz isso de propósito...

*Porém, Ellora se esforçava e procurava dentro dela mesma aquela energia de paz, respirando fundo para se acalmar e as imagens iam se tornando mais e mais borradas, até desaparecerem e ela se ver naquele belo jardim, até estendendo uma das mãos para tentar tocar os pássaros e flores, com os olhos abertos bem focados em tudo ao redor e sorrindo para aquela natureza tão linda e colorida, até se assustar com o grito.
Olhando para os lados, Ellora não conseguia ignorar o grito e logo se colocava a correr naquela direção, não conseguindo deixar de lado aquele som e chegando até a perguntar preocupada.*

- Ei... cadê você? Precisa de ajuda? Fala alguma coisa pra eu te achar!

Um rastro de sangue pode ser visto por Ellora conforme ela corre pelo campo na direção do som. Quanto mais ela avança, é como se as cores do ambiente gradativamente perdessem saturação gradativamente, se tornando cada vez mais mórbidas e tristes. O rastro de sangue, ainda fresco, se torna ainda maior até que ela pode finalmente ver um corpo ao longe, envolto por uma poça do líquido escarlate e brilhante que sai de si.

Caso se aproxime, a mulher poderá ver com mais clareza que se trata de um Miistimeriano, mas não é uma pessoa qualquer. É um jovem, que sempre a desrespeitou e atrapalhou durante as aulas mais do que todos os outros. Além disso, ele sentia tanto ódio sem motivos pela mestiça que até mesmo liderava e incentivava um grande grupo de alunos a maltratá-la cada vez mais. Pela primeira vez, ele parece mais vulnerável do que nunca. Suas pernas e braços estão feridos e sangram muito, como se tivesse acabado de ser atacado por um animal, talvez. Ele olha para Ellora com os olhos suplicando por ajuda.

— Por favor, Ellora... Me ajude... — Ele não pede desculpas, mas pequenas lágrimas escapam de seus olhos e escorrem por seu rosto.

O garoto está encolhido e continua a encarando. Caso ela olhe para baixo, perceberá que está mais baixa. Sua voz está mais jovem, e até suas roupas são mais infantis. Mais uma vez, ela é aquela como aquela Ellora que acabou de chegar ao planeta dos Miistimerianos acompanhada de seu pai. Aquele é, sem dúvidas, o momento para que ela decida se perdoa ou não aqueles que lhe fizeram mal e se aceita seu próprio passado.

*A jovem avançava por aquele caminho onde as cores pareciam desaparecer, com a mestiça conseguindo sentir a negatividade que ia aumentando junto com o cenário que se abria diante dela, seguindo os rastros de sangue e no fundo se perguntando se realmente estaria preparada para encontrar o que havia no final daquela estranha trilha ensanguentada.
Ainda assim, ela se recusava a desistir e tinha certeza de que se queria se tornar uma mística focada na cura e em seu dom espiritual, precisaria estar pronta para enfrentar qualquer coisa que fosse encontrar, principalmente agora que havia entrado para a equipe de Dalen e Zaret. Correndo ela logo chegava até a pessoa que lhe pedia ajuda, dizendo com o tom de voz assustado ao ver tanto sangue.*
- Ei.. calma, eu...

*Porém, antes que a mestiça conseguisse terminar a frase, abaixava a cabeça e os olhos reconheciam a figura ali caída, com a mestiça perdendo um pouco a voz ao reparar nas roupas, no tom de voz, chegando a ficar paralisada por um momento enquanto as lembranças iam vindo uma após a outra, desde o momento em que ela e o pai tinham pisado naquele planeta.
A mestiça se sentia confusa agora e as palavras lhe escapavam dos lábios antes que conseguisse se controlar, demonstrando surpresa, medo e até mesmo as dúvidas que ela sentia naquele instante.*

- V..você.. como você... por que... o que aconteceu?

*Ela sabia que devia ajudar o jovem ainda que tivesse passado por situações bem ruins e traumatizantes por causa dele e de seus colegas, no entanto, algo parecia ter paralisado Ellora e ela lutava contra aquilo para conseguir se focar novamente. Logo ela podia ver uma outra Ellora se materializar ao seu lado, essa com traços perfeitos dos Zathrianos com uma postura imponente e um ar confiante na face, a olhando de uma maneira em que se misturavam a pena e algo como arrogância. Enquanto que do outro lado, surgia outra Ellora, com os traços totalmente humanos e com uma expressão resignada na face, tendo um olhar gentil porém um tanto triste. A terráquea era a primeira a falar, observando o jovem ali caído.*

- Eu queria tanto ajudar... mas ele me machucou com os amigos dele. Não mereço a amizade deles? Acho que não sou forte o suficiente, por isso não gostam de mim. Me desculpa.. não consigo te ajudar...

*No entanto, a Ellora Zathriana apenas gargalhava e lançava um olhar de reprovação para a outra, falando com um tom de voz mais baixo e profundo, examinando o jovem como se estivesse entediada.*

- Ah por favor, eu poderia mandar ele e seus colegas pra longe se eu quisesse. Poderia terminar de vez com o que o animal começou, e por que eu preciso deles? Me rejeitaram desde o começo como aqueles Terráquios insignificantes. Acha que agora merece minha ajuda?

*A mestiça encarava suas imagens com assombro e enquanto ia as escutando, se lembrava dos anos na Terra, dos momentos em que havia perguntado aos pais o por que os outros não queriam brincar com ela, e de quando chegaram ao planeta dos Miistimerianos após já terem passado por vários lugares, tendo de deixar a mãe para trás. Mas mesmo assim, ela se lembrava dos momentos bons com os pais, dos conselhos e das conversas com os Miistimerianos mais velhos, dos ensinamentos de Pirion e quando Dalen e Zaret tinham se aproximado dela, junto com os outros da equipe. Ela ainda podia ouvir as duas e um lado querendo apenas chorar e pedir perdão por ser fraca e o outro, desejando mostrar para o jovem o que ela era capaz e se vingar de tudo que tinha passado. Sua energia mística se agitava e aumentava, crescendo dentro de si e alternando entre a cor azul e a vermelha, quase incontrolável e forte demais para ela conter. Ainda assim, ela se lembrava de Dalen, o terráqueo e capitão da equipe, e de Zaret, o amigo Zathriano como o pai e a mãe que também era terráquea, convivendo em harmonia e deixando as diferenças de lado, sabendo aprender um com o outro, bem como os outros do time. Ela pensava no que queria fazer quando havia descoberto seu dom, sua própria energia e de repente, a decisão se formava e ia surgindo pouco a pouco dentro dela, crescendo até a fazer cair de joelhos ao lado do jovem, dizendo com o tom de voz decidido e determinado.*

- NÃO! Não sou fraca, e não vou ser como os que me machucaram! Eu sou uma mestiça e com orgulho, e um dia, as pessoas vão me conhecer de verdade e perceberem que posso ser amiga delas. E enquanto luto pra isso acontecer, não vou negar minha ajuda. Eu escolhi curar, esse vai ser o caminho que vou seguir, não importa o que aconteceu no passado.

*Ela esticava as mãos e logo tocava o ombro do jovem de uma forma gentil, se concentrando na energia azul e que possuía a cura, a sentindo se moldar e estranhamente parecer mais acolhedora, com um calor repleto de algo que lembrava bondade e ao mesmo tempo, a determinação de salvar aquele rapaz. No entanto, ela notava que em vez da cor azul de sempre, aquela nova energia era de uma cor roxa brilhante, a fazendo se perguntar o porquê dessa vez não tinha produzido a aura azulada de sua cura normal. Ainda assim, transferindo sua energia mística ao Miistimeriano, ela percebia quando as duas se aproximavam e se abraçavam antes de desaparecerem totalmente.
Com ela entendendo que tinha resolvido perdoar o passado, mas ao mesmo tempo, aceitava seus dois lados, tendo características gentis e bondosas como a mãe, e a força e poder do pai que agora se misturavam com o dom que os Miistimerianos tinham ajudado ela a despertar e aperfeiçoar. Torcendo para conseguir curar o jovem, a mestiça dizia com o tom de voz baixo mas sincero e parecendo feliz.*

- Não sou uma aberração, sou a Ellora. E eu vou te salvar e salvar muitas pessoas... eu prometo; e eu não guardarei rancor do que fizeram comigo, seja você, seus colegas ou os terráqueos;

Conforme a energia mística envolve o corpo do garoto, o sangramento é primeiramente estacado. Depois, as feridas começam a se fechar pouco a pouco, até que ele esteja completamente curado. O processo faz quase como se sua alma abraçasse a do ferido, mesmo sendo alguém que ela sempre odiou. A expressão de angústia no rosto do jovem se desfaz e dá lugar a um sorriso singelo. Mas este dura pouco, uma vez que tudo ao seu redor começa a desaparecer até não haver mais nada.

De repente, tudo está preto como no início, mas ela pode sentir que sua mente está de volta à sala, junto ao seu corpo. A sua frente, Pirion agora está em pé. Ele sorri para ela e a reverencia, com um olhar tranquilizador. Pela janela, ela pode notar que já é noite, provando que a meditação demorou mais tempo para acabar do que pareceu.

— Muito bem. Esse exercício não é fácil, para estender seus dons você precisa estar disposta a enfrentar qualquer coisa. E eu nem mesmo a orientei. — Ele abaixa a sua frente, olhando no fundo de seus olhos. — Você fez tudo sozinha, logo o mérito é seu. Meus parabéns, Ellora. Você está se tornando uma grande mulher.

*Com um profundo alívio e ao ver as feridas do jovem sendo curadas e irem se fechando, Ellora acabava retribuindo o sorriso e percebendo que não sentia nenhum tipo de ressentimento contra o jovem. No entanto, ao querer falar algo a ele, tudo ia desaparecendo e a mestiça primeiramente podia sentir o estado de confusão voltando, antes de perceber que agora havia retornado ao templo e finalmente, compreendia que estivera dentro de sua própria mente.
Abria os olhos e via Pirion de pé, pensando em se levantar mas ao ver que o mentor tornava a se abaixar na frente dela, apenas retribuía a reverência do mentor, corando um pouco mas sorrindo abertamente e dizendo com o tom de voz animado.*

- Obrigada mestre Pirion! Agora eu entendo muitas coisas, e não me sinto mais triste. Sei que ainda tenho muito que aprender, mas hoje foi um passo importante pra mim. Especialmente como eu via a mim mesma...
Quando encontrar meu pai, conte a ele que já não me sinto mal pelas coisas ruins do passado...

*A mestiça dizia aquilo sobre o pai, não sabendo bem onde o mais velho estava no momento, já que Korum as vezes costumava viajar em missões secretas e apenas alguns Miistimerianos como Pirion, tinham contato direto com ele. Ela fitava o mentor nos olhos alegremente, mas nunca perdendo o olhar de admiraçãoo e respeito que possuía por Pirion, logo o abraçando, algo muito característico da mestiça e enquanto o soltava, logo dizia animada.*

- Aprendi com o melhor, obrigada por confiar em mim mestre Pirion. Acho que agora eu sei como cuidar daquelas flores.. que engraçado dessa vez minha energia ser de outra cor...
Nossa! Já é noite, esqueci de Dalen e Zaret, até mais tarde mestre Pirion, acho que agora o pessoal vai querer treinar minha pontualidade;

*Ellora tornava a reverenciar o mestre e ria meio sem graça, estando atrasada para a reunião da equipe, embora ela soubesse que quando explicasse onde estava, os outros não iriam nem reclamar. Ainda assim, a mestiça se sentia feliz e orgulhosa de si própria, principalmente após as palavras do mentor, se sentindo ansiosa para o próximo treino que teriam e falando sério sobre ter aprendido com o melhor, já que para ela, Pirion era um exemplo e um místico impressionante, além de tudo que o mentor sabia e tinha realizado. Assim ela ia deixando o templo após se despedir de Pirion e pela primeira vez em muito tempo, estava em paz com ela mesma e agora sabia que não tinha que escolher sobre ser Zathriana ou Terráquea, e que ser uma mestiça não era motivo para se sentir envergonhada ou triste, sabendo usar seus dois lados para se tornar uma mística cada vez melhor.*